A vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e delegada da Associação Tocantinense de Supermercados (Atos), Maria Fátima de Jesus, conversou com o CT novamente nesta segunda-feira, 28, e segundo ela, a situação está “difícil” para os comerciantes do setor alimentício. A paralisação dos caminhoneiros já começa a afetar a movimentação, já que o consumidor não tem combustível para se deslocar até os estabelecimentos.
Conforme a representante da categoria, os supermercados que possuem padaria estão suspendendo a produção para por falta de produtos, como o gás. “As lojas estão sem frutas, legumes, verduras, ovos. Está difícil comprar carne e óleo de soja. As lojas que tem fornos a gás estão parando as padarias. Não está fácil”, avaliou a empresária.
O diretor presidente do Grupo Super Big, Cristiano de Melo Álvares, confirmou ao CT que o movimento nos seus estabelecimentos “caiu muito”, principalmente na loja do Capim Dourado Shopping. Segundo ele, o problema de abastecimento continua no setor de produtos perecíveis como frutas, legumes e verduras. Fornecimento de carnes bovinas também está comprometido. “Os demais departamentos das lojas estão bem abastecidos. Os problemas estão nos perecíveis”, informou.
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Oito dias de protesto
Há uma semana caminhoneiros de todo país iniciaram o protesto contra a alta do óleo diesel e dos impostos que incidem sobre o combustível. Após três dias de movimento, a sociedade já começou a sentir os reflexos, como falta de alimentos e combustíveis.
Em Palmas, há registros de que todos os postos estão com estoque de combustível zerado. Em várias cidades do interior também não há mais produto. Filas de dezenas de carros se formaram desde quarta-feira passada nas revendedoras que ainda tinham combustível em seus estoques.
O Aeroporto da Capital também ficou desabastecido na sexta-feira e voos foram cancelados. Mas segundo a Infraero, a Polícia Rodoviária Federal escoltou cargas de combustível ao local e as atividades seguem normais nesta segunda. Prefeituras e Estado estão trabalhando com frota reduzida e utilizando a reserva de combustível da garagem central somente nas viaturas, ambulâncias e serviços essenciais.
Negociações
Na primeira rodada de negociações com sindicatos dos caminhoneiros, se acordou que a Petrobras baixaria em 10% o preço do diesel nas refinarias durante 30 dias, e os caminhoneiros fariam uma trégua de 15 dias na paralisação. Os manifestantes recusaram a proposta afirmando que o acordo foi assinado por entidades que não representam a categoria.
O governo federal cedeu e decidiu congelar por 60 dias a redução do preço do diesel na bomba em R$ 0,46 por litro. A proposta foi anunciada na noite deste domingo pelo presidente Michel Temer, que fez um pronunciamento depois de um dia inteiro de negociações no Palácio do Planalto. A União concordou ainda em eliminar a cobrança do pedágio dos eixos suspensos dos caminhões em todo o país, além de estabelecer um valor mínimo para o frete rodoviário.
No Estado, a categoria ainda não acatou o acordo. Eles questionam o fato da redução ter prazo de apenas 60 dias e temem que pontos da proposta não sejam cumpridos. Pelo país também não há informação de que os caminhoneiros vão deixar as rodovias.