O ano de 2018 foi atípico para o Tocantins. Difícil não só politicamente, mas principalmente para a economia do Estado. O CT conversou com economistas e as opiniões foram concretas: diante de duas eleições diretas para governador o Estado está perdendo investidores e credibilidade em nível nacional. Para ganhar novo fôlego e recuperar a confiança do mercado, Tadeu Zerbini reforçou a necessidade de readequação da política de gestão fiscal, diminuição de gastos com o funcionalismo e geração de emprego e renda. Já Waldecy Rodrigues defendeu o cumprimento integral dos mandatos dos governadores para o Estado se inserir positivamente no cenário econômico após as eleições.
O último mandato cumprido integralmente no Tocantins foi o primeiro conquistado pelo ex-governador Marcelo Miranda (MDB), de 2003 a 2006. Depois disso, nenhum outro: Marcelo foi cassado duas vezes (2009 e 2018) e o ex-governador Siqueira Campos (DEM) renunciou em abril de 2014. Paralelo aos sobem e descem da política, as contas públicas tocantinenses foram se deteriorando, a ponto de as despesas com pessoal alcançarem 58,22% da Receita Corrente Líquida do Estado, quando o limite máximo estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal é de 49%.
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De acordo com o economista Tadeu Zerbini, colunista do CT, há um retardamento de investimentos devido à falta de confiança dos investidores no Estado. “Diante de tantas trocas no comando do governo e históricos de desvios de recursos, os investidores perdem a confiança: ficam na incerteza de ter um retorno financeiro”, afirmou.
Para economista, o governo do Estado precisa, urgentemente, fazer um reajuste da gestão fiscal, principalmente no que diz respeito à folha de pagamento. “Benefícios para determinadas categorias são concedidos frequentemente, extrapola-se gastos com servidores comissionados e contratos temporários. O Estado não define um planejamento efetivo para o controle de gastos. Fica à espera de um milagre”, afirmou.
Conforme estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em parceria com a Fecomércio Tocantins, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) ficou em 120,4 pontos em junho deste ano. Isso representa que a confiança dos empresários para investimentos em curto e médio prazos caiu 1,2% em relação a maio.
Segundo Zerbini, para que o Tocantins recupere a confiança dos empresários e volte a receber investimentos, o governo precisa primeiro gerar emprego e renda. “O consumo das famílias diminuiu por causa do desemprego. O Estado possui grandes e bons projetos parados, como os de irrigação. Se houvesse uma constância e se finalizasse o que foi iniciado, muita gente estaria empregada, trabalhando neles”, ressaltou.
Dúvidas sobre a reação do mercado
Para o professor da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e economista Waldecy Rodrigues, antes de investir, os empresários analisam como se comportará o mercado. Diante do cenário de um Estado em crise política, há uma desintegração econômica. “Os investimentos, até mesmo a longo prazo, passam a ser adiados, pois não se sabe como o mercado reagirá. Por outro lado, as empresas públicas também mergulham nesse quadro de desconfiança, pois não sabem se os contratos feitos com o Estado serão honrados”, ressaltou.
Waldecy Rodrigues também disse acreditar que, para o Estado se inserir positivamente no cenário econômico após as eleições, é preciso que os mandatos sejam cumpridos na sua integralidade. Outro fator é também ter regras claras de livre acesso a todos. “Acredito que esses são os primeiros passos. Depois, o Tocantins precisa se posicionar estrategicamente para investir em cadeias produtivas competitivas. Assim, aumentará a sua inserção nacional e internacional tanto em bens como em serviços”, frisou.
Segundo o economista, o estímulo aos pequenos negócios, principalmente à agricultura familiar, fortalecerá investimentos. “Quando dinamizar a economia do interior, o recurso será gasto de forma eficaz e contribuirá para a geração de emprego e renda”, explicou.