Se você é de direita, extrema direita, centro, esquerda ou extrema esquerda está entre os brasileiros que estão devendo mais de R$ 5 trilhões.
Se é branco, pardo, preto, amarelo ou indígena, você está entre os brasileiros que estão devendo mais de R$ 5 trilhões.
Se você é heterossexual, homossexual, bissexual, assexual ou pansexual está entre os brasileiros que estão devendo mais de R$ 5 trilhões.
Se você é católico, evangélico, espírita ou sem ou outra religião também está entre os brasileiros que estão devendo mais de R$ 5 trilhões.
Pois é, a dívida brasileira ultrapassou R$ 5 trilhões e ninguém fala nada. Do total desta dívida fantástica, R$ 243,45 bilhões correspondem à dívida externa.
Os credores desta dívida são: instituições financeiras (29,62%), fundos de investimento (25,62%), fundos de previdência (22,65%), investidores estrangeiros (9,24%), seguradoras (3,68) e outros (8,84%).
Como esta dívida acontece? O governo federal, por meio do Tesouro Nacional, emite títulos públicos, que são colocados no mercado para pegar dinheiro emprestado de investidores para honrar seus compromissos financeiros. O governo sempre gasta mais do que arrecada.
O orçamento do Brasil para 2021 estima as receitas em R$ 4,324 trilhões para cobrir quase a totalidade de seus gastos e que sempre apresenta um déficit no final do ano o que necessita de emissão de títulos para captar recursos.
Para se ter uma ideia do tamanho do problema, basta ver no orçamento da união para 2021 o que está previsto para gastos com juros e amortização da dívida pública. São R$ 1,31 trilhão.
Quando observo brasileiros na miséria, desempregados, doentes e sem esperança fico imaginando o tanto que o povo brasileiro é masoquista. Não dá para entender a passividade com relação à dívida absurda e a agressividade com tantos outros assuntos banais.
Por que a dívida brasileira não para de crescer?
Porque o Governo não para de gastar. Porque as reformas necessárias para modernizar o país e sua economia ficam paralisadas por anos no Congresso Nacional por meio de lobbies nacionais e internacionais. Nossos políticos não estão interessados em estagnar o buraco financeiro. Para os partidos políticos são previstos quase R$ 1 bilhão para este ano.
Emendas parlamentares aumentam à cada ano para que os deputados e senadores possam se reeleger levando recursos para os prefeitos que estão sempre com o pires na mão e tem que se subjugarem às orientações dos congressistas para que possam receber migalhas durante o ano e apoia-los na próxima eleição. Depois dizem que votos não são comprados.
As despesas para manutenção dos poderes no Brasil é uma coisa assustadora. Salários fantásticos, auxílios os mais diversos, que a exemplo cito a aberração que aconteceu nesta semana na Câmara dos Deputados quando o presidente da casa aumentou de R$ 50 mil para R$ 135,4 mil o valor do reembolso de despesas de assistência com saúde de parlamentares, um aumento de 170,8% em meio à pandemia de Covid-19.
Nesta época de pandemia incontrolável com milhões de brasileiros e empresários passando necessidades não seria interessante reestruturar a dívida, tornando-a mais longa e captar recursos no mercado financeiro para financiar os auxílios financeiros que tanto se faz necessário.
25% do que deveria ser pago este ano em juros e amortização da dívida poderiam ser destinados aos auxílios financeiros. Se o governo pode dever trilhões, por que não poderia dever mais R$ 300 bilhões e socorrer o povo e as empresas em curto prazo. Os problemas que acontecerão lá na frente poderiam ser evitados hoje. Vejam que os Estados Unidos e a China tem dívidas astronômicas, mas continuam a proteger o povo e as empresas.
O Tesouro Nacional estima que no final de 2021 a dívida pública pode chegar a R$5,9 trilhões. Por que não a R$ 6,2 trilhões e salvar os brasileiros e as empresas brasileiras?
Para reflexão:
“Na hora da vacina, todo mundo é socialista. Tem que ser igual para todos”.
TADEU ZERBINI
É economista, especialista em Gestão Pública, professor e consultor
ctzl@uol.com.br