A pandemia que assola o mundo já matou mais de 2,65 milhões de seres humanos e infectou mais de 120 milhões. O Brasil, segundo o “Our World in Data”, é o país com mais mortes por Covid-19 em relação à sua população. São 1950 mortes por milhão de brasileiros. Desde a segunda guerra mundial, esta pandemia é a crise mais importante do mundo.
O que tem deixado o mundo perplexo é que, pela primeira vez, os países ricos não estão desenvolvendo ações políticas coordenadas para socorrer os países mais pobres e vulneráveis. Já tem países com mais doses de vacinas do que as necessárias para suas populações e mesmo assim não socorrem os mais necessitados. Esses países ficarão ainda mais ricos após a pandemia, pois suas economias recuperarão mais rápido e seus custos com a saúde serão bem menores.
A pergunta que se faz é: por que as farmacêuticas ou os centros de pesquisas não encontraram um remédio eficiente para o Covid-19? Não seria mais barato e rápido?
A pandemia não é uma questão só de saúde, ela afeta a economia, a educação e a saúde mental das pessoas em tempo de confinamento. O desemprego, a fome e a miséria se alastram pelo mundo de forma acelerada e impiedosa acabando com as esperanças de milhões de seres humanos.
Aqui no Brasil, uma pesquisa divulgada em abril deste ano pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), identificou que no final de 2020, a fome atingiu 19 milhões de brasileiros, outros 116,8 milhões (mais da metade da população) enfrentaram algum grau de insegurança alimentar. Desses 116,8 milhões, 43,4 milhões não tinham alimentos suficientes. Que país é esse que neste cenário de sofrimento e dor os salários das autoridades podem chegar até R$ 80.000? Que país é esse que tem um orçamento previsto de R$ 1,405 trilhão para o custeio da máquina pública federal? Soma-se a isto o custeio dos Estados e Municípios o que demonstra que o problema do Brasil é político e de falta de gestão.
Nesta situação desesperadora o governo federal demorou 4 meses para disponibilizar às famílias necessitadas um auxilio emergencial que é da seguinte forma, conforme consta do site da Caixa Econômica Federal:
- Se a família for composta por apenas uma pessoa, o benefício é de R$ 150,00 por mês;
- Se a família for composta por mais de uma pessoa, o benefício é de R$ 250,00 por mês; e
- Se a família for chefiada por mulher sem cônjuge ou companheiro, com pelo menos uma pessoa menor de dezoito anos de idade receberá, mensalmente, R$ 375,00.
Serão disponibilizadas até quatro parcelas, desde que a família continue atendendo aos critérios de seleção do Auxílio.
É uma vergonha internacional. São $ 28,2, $ 47,1 e $ 70,6, respectivamente. Como os brasileiros, que se encaixam neste público alvo conseguirão viver dignamente? Será que os políticos conseguem dormir normalmente com essa situação? Será que não existem meios de amenizar com mais seriedade o sofrimento dessa população? Será que um país cristão está sendo honesto com seu povo? Que cristãos são esses que se calam diante da morte, da miséria e da dor? Serão cristãos?
Só resta à essa população a FÉ e mesmo assim alguns líderes religiosos querem aglomerar nos templos e igrejas, multiplicando o vírus e matando mais gente inocente, esquecendo eles dos ensinamentos de Mateus:
Mateus 6:5-13
— Quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas. Eles gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas para serem vistos pelos outros. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: eles já receberam a sua recompensa. Mas você, quando orar, vá para o seu quarto, feche a porta e ore ao seu Pai, que não pode ser visto. E o seu Pai, que vê o que você faz em segredo, lhe dará a recompensa. — Nas suas orações, não fiquem repetindo o que vocês já disseram, como fazem os pagãos. Eles pensam que Deus os ouvirá porque fazem orações compridas. Não sejam como eles, pois, antes de vocês pedirem, o Pai de vocês já sabe o que vocês precisam. Portanto, orem assim: “Pai nosso, que estás no céu, que todos reconheçam que o teu nome é santo. Venha o teu Reino. Que a tua vontade seja feita aqui na terra como é feita no céu! Dá-nos hoje o alimento que precisamos. Perdoa as nossas ofensas como também nós perdoamos as pessoas que nos ofenderam. E não deixes que sejamos tentados, mas livra-nos do mal. Pois teu é o Reino, o poder e a glória, para sempre. Amém!”
A fé está alimentando a esperança dos que estão desempregados, com fome e passando necessidades básicas. Imaginem uma mãe sem poder oferecer alimentação para seus filhos pequenos? Qual será o futuro de uma geração de brasileiros desnutridos na infância? Imaginem as lágrimas e o sofrimento? Mas essa população não perde a fé, nunca.
Com milhões de brasileiros passando fome tem gente aí gritando no meio da pandemia: “DEUS ACIMA DE TODOS”, mas não segue os ensinamentos bíblicos, talvez porque ache que está ao lado de DEUS e não abaixo dele;
Que país é esse?
TADEU ZERBINI
É economista, especialista em Gestão Pública, professor e consultor
ctzl@uol.com.br