Caro eleitor palmense,
Este inédito segundo turno da mais bela capital brasileira tornou os dias de campanha mais tensos. Testemunhei coisas nessas duas semanas de desespero de alguns que sequer imaginava um dia presenciar. Certas cenas foram simplesmente patéticas, outras me fazem pensar o que tem por trás de uma eleição que leva alguns líderes a perderem totalmente o controle e a compostura. De toda forma, é nessas horas que o político revela toda a sua grandeza ou a sua pequenez. Fiquei triste porque me deparei com muitos que julgava pelo menos medianos se mostrando microscópicos.
Vi grande autoridade perdendo totalmente a compostura, e até a dignidade do cargo, ao ligar para jornalista que publicou o que desagradou, destilar um ódio absurdo e insinuar uma peleja neandertal. No meu caso, já adianto que, se desafiado, terei que recusar, porque, reconheço, só tenho tamanho. E, aos 54 anos de muito sedentarismo e décadas de digitação, vivo a fase “Das Dores”: doem-me os pés, os joelhos, as mãos, o antebraço, ombros e costas. Dia e noite. Só de pensar em esmurrar alguém já sinto pontadas como facas espetando meu braço. Neste que chamo de último terço de minha vida me restaram tão somente duas armas: a coragem e o cérebro. Enquanto meu corpo permitir, eles serão perigosos.
Também estou vendo amizade de décadas ser destruída por uma mísera eleição. Diante de um processo eleitoral difícil, é preciso manter a serenidade e exercitar a sabedoria. Domingo, ou seja, em apenas seis dias, esta disputa vai acabar, as pessoas vão colocar a cabeça no lugar e, como saídas de uma noite de pândega após exageros etílicos, pensarão nos absurdos que cometeram, no vale-tudo a que se entregaram em busca do poder. E reflito com meus botões: o que leva líderes tão experientes a esse tipo de surto temporário? É um ódio pessoal acumulado por décadas e que agora deságua? São promessas de ganhos pessoais nunca antes obtidos em toda a vida se A ou se B se eleger?
Pessoal, vamos manter a serenidade, cultivar a paz, ter a grandeza de entender que estas eleições chegarão ao fim em apenas seis dias, e que o adversário de hoje pode se o aliado de amanhã. Quem vai para um vale-tudo eleitoral, joga o escrúpulo na lama e amizades antigas no lixo para vencer não é digno do cargo almejado porque não tem a altura necessária para ocupá-lo. E mais: atitudes desesperadas nestes dias finais não mudarão a cabeça do eleitor, que, em sua grande maioria, chega ao segundo turno com um grau de decisão muito elevado. Só vai desnudar a aflição e a angústia de quem já sabe o que vai acontecer no domingo.
Sigamos até lá em paz, com muita sabedoria e elevado espírito público. Haverá muitas outras eleições pela frente.
Saudações democráticas,
CT