Caro prefeito eleito Eduardo,
Não tem como fugir dos clichês: sua vitória foi de Davi contra Golias, da formiguinha contra o elefante. Isso por conta da tamanha diferença das campanhas. A do Palácio, com Janad Valcari, era impressionante. Monumental o aparato que se movimentava pelas ruas, pela hiperbólica estrutura e pelo peso dos líderes — governador, dois senadores, seis deputados federais, 17 deputados estaduais, mais de metade da Câmara, líderes mais proeminentes das diversas regiões de Palmas. Nunca vi nada parecido em décadas de jornalismo político.
Foi justamente dessa máquina absurdamente agigantada que vinha a certeza do grupo palaciano da vitória ainda no primeiro turno. Nunca, e nenhum momento, acreditaram num segundo turno, e ficavam zangados comigo quando eu afirmava que teríamos, sim, uma outra etapa nessa disputa. Contra-argumentavam precisamente com essa musculatura anabolizada da campanha para assegurar que a eleição terminaria dia 6 de outubro.
Mas, prefeito, faltou combinar com o principal ator dessa eleição: o povo. Se o senhor foi persistente, acreditou numa possibilidade até desdenhada em certa altura da pré-campanha, e, por tudo isso, teve uma obstinação heróica, nossa gente foi resistente. Resistente ao maior assédio que talvez se tenha visto na história desta Capital. Os palmenses recusaram um projeto de muita estrutura, mas nenhum sentimento, nenhum projeto de cidade que os seduzissem.
Assim, prevaleceu a história, o legado de Siqueira Campos, o homem que teve o maior dos sonhos possíveis: a construção de um Estado e da mais linda capital deste País. Por isso, a população preferiu Eduardo. Uma amiga relatou-me uma experiência que ilustra bem isso. Ao entrar no Uber dirigido por uma senhora, no sábado, perguntou em quem a motorista votaria. “Vou votar no filho do criador do Tocantins”, ela respondeu, orgulhosa, na frase mais forte, mais poderosa, que ouvi ao longo de toda essa campanha.
Para além de Palmas, prefeito, o senhor, pela história, experiência, habilidade política e elevada capacidade de compreensão da conjuntura, tem outra missão fundamental: organizar uma oposição de verdade, propositiva, inteligente e que coloque o Tocantins em discussão. Não se trata de ser contra o governo Wanderlei Barbosa, mas a favor do Estado. Estamos há cerca de 15 anos sem uma oposição estruturada, apenas com vozes isoladas que surgem aqui e ali clamando no deserto de ideias, focadas em pessoas. Você chega com a autoridade e a competência necessárias para essa empreitada cívica. E, pelo grande número de mensagens e ligações que recebi após sua vitória de líderes de todo o Tocantins, soldados não faltarão para marchar a seu lado nessa batalha.
Boa sorte, que sejam quatro anos de muita prosperidade para Palmas e o início de um novo tempo para este Tocantins que tanto amamos.
Saudações,
CT
P.S: Lembranças a essa gigante Polyanna, que será uma tremenda primeira-dama e que nos levou às lágrimas com o vídeo que fez no início do segundo turno.