Em tempos de desinformação desenfreada, fake news industrializadas e perseguição cada vez mais sutil (ou brutal) aos profissionais da imprensa, o Dia do Jornalista – comemorado em 7 de abril – não pode ser apenas mais uma data no calendário. Deve ser um momento de reflexão crítica, de reafirmação de princípios e, acima de tudo, de resistência.
Vivemos a era do excesso de informação e da escassez de verdade. Em um cenário onde qualquer um com acesso à internet pode “noticiar” sem compromisso com a ética ou a apuração, o papel do jornalista profissional se torna ainda mais vital. O jornalismo sério, aquele que apura, checa, confronta fontes, ouve os dois lados e escreve com responsabilidade, parece estar nadando contra a corrente. Mas é esse esforço, muitas vezes solitário e invisível, que sustenta a frágil ponte entre o cidadão e o direito à informação.
Temos o que comemorar?
Sim, mas com cautela. Comemoramos cada profissional que se recusa a vender sua consciência. Celebramos os que se mantêm firmes diante das pressões econômicas, políticas ou ideológicas. Comemoramos os jornalistas que, mesmo ameaçados, continuam investigando, informando, e sendo a voz de quem não tem voz. Em cada matéria bem apurada, em cada denúncia fundamentada, em cada cobertura feita com responsabilidade social, há motivos para celebrar.
Mas há muito o que lamentar
Lamentamos os colegas silenciados pela violência, os que perderam empregos por não cederem à manipulação, os que adoecem diante do assédio virtual e da precarização da profissão. Lamentamos a desvalorização da notícia, a banalização da mentira e o fato de que, em muitos ambientes, o jornalista virou inimigo por simplesmente fazer seu trabalho.
E ainda assim… não desistimos
Seguimos lutando por uma comunicação ética, transparente e comprometida com o bem comum. O jornalismo não é só profissão — é vocação. É compromisso com a democracia, com a verdade, com a história que está sendo escrita todos os dias.
Neste 7 de abril, que estejamos conscientes dos desafios, mas também inspirados pela missão. Que possamos fortalecer redes, valorizar a formação ética dos novos profissionais e resistir — com palavras, microfones, câmeras e coragem.
O bom jornalismo é como o bom senso: às vezes silencioso, mas sempre necessário. Sigamos em frente. Com os pés no chão, o coração em alerta, e a caneta (ou o teclado) como espada. Não vamos desistir.
GILBERTO CORREIA DA SILVA
É jornalista, professor aposentado da Unirg, escritor, residente em Gurupi-TO há 35 anos.