Desde os primórdios da humanidade, quando o homem conseguiu organizar-se em grupos e depois em sociedade, o comércio faz parte do seu dia a dia. Quer nos moldes mais antigos como nos mercados de troca de mercadorias, quer no sistema mais contemporâneo na aquisição de bens e gêneros com valores e moedas. Assim, surgiram os primeiros mercados e feiras.
A exemplo de milhares de brasileiros, nem gostaria de ser exceção, gosto de frequentar as denominadas feiras livres populares ou como queiram designar, principalmente as realizadas nas sextas-feiras à noite e sábados pela manhã, por ser o início do final de semana, isso em quase todo nosso Brasil, em especial em Palmas, Tocantins, onde residi por onze anos e tinha como “hobby” frequentar a feira realizada na Quadra 304 Sul.
Ali a gente encontra mescladas, entrelaçadas por costumes e circunstâncias, as verdadeiras identidades da nossa gente, além da organização e beleza das bancas de verduras, frutas, cereais, tudo novinho, ainda com cheiro de terra fértil e bem trabalhada, peixes, paçoca de carne de sol, mocotó, sarapatel, frango caipira, farinha de mandioca, paneladas de carne de porco frita na banha, queijos, milho verde cozido e assado, pamonhas, água de coco e outras delícias. Uma verdadeira miscelânea de cores e sabores.
Em meio a tudo isso, misturando-se e convivendo numa harmonia invejável, os homens do campo, políticos, executivos e as pessoas simples e autênticas do nosso povo.
Como faz bem ver todo aquele movimento espontâneo fazendo e refazendo ou mesmo desmistificando os preconceitos humanos!
Como num passe de mágica, a feira transforma-se num recanto de paz e confraternização. Lá não existe diferença de classes. O próprio ambiente encarrega-se disso.
E no meu zigue-zague por entre mesas, cadeiras e por todos aqueles vendedores, deparo-me com um simpático senhor já com seus setentões, oferecendo remédios feitos à base de raízes, caules, folhas e até banha e ossos de cascavel moídos. Uma autêntica alternativa das farmácias convencionais. Tudo devidamente envasados em frascos de todos os tamanhos e cores, oferecendo lenitivo para os males que afligem o homem.
Em tom de brincadeira, quis saber daquele vendedor compenetrado de suas curas, se ele não teria alguma porção que ao ser ingerida, fizesse os meus bolsos rechearem-se de muitos reais. Prontamente disse-me que sim e entregou-me um vidro vazio.
Curioso, quis saber o que significava. Na simplicidade de homem do povo, afeito às conquistas pessoais e carregando a filosofia popular nos olhos e nas palavras, respondeu-me que o conteúdo daquele vidro era invisível e o mais importante da sua coleção, pois tratava-se da saúde.
LIÇÃO: “O essencial é invisível aos olhos”. (Saint Exupéry).
“Quem tem ouvidos que ouça, quem tem olhos que veja!”
JOSÉ CÂNDIDO PÓVOA
É poeta, escritor e advogado; membro-fundador da Academia de Letras de Dianópolis.
candido.povoa23@gmail.com