O Artista
Moacyr Franco é, sem dúvida, um dos nomes mais emblemáticos da cultura brasileira. Sua carreira transcende as barreiras de tempo e de gênero, indo da música ao teatro, da televisão ao cinema, sempre se reinventando e conquistando novos espaços. O artista, que completou recentemente mais de 60 anos de carreira, é um exemplo raro de resistência no cenário artístico brasileiro, mantendo sua relevância em diferentes gerações e com uma trajetória que se mistura com a própria história da música e do entretenimento do país. Em uma reportagem exclusiva, vamos mergulhar em aspectos inéditos de sua vida, trazendo detalhes jamais revelados, e entender como Moacyr Franco se tornou esse ícone que não conhece o peso da palavra “aposentadoria”.
Os Primeiros Passos de Moacyr: O Início de uma Jornada
Moacyr Franco nasceu em Ituiutaba, interior de Minas Gerais, em 05 de outubro de 1936, dia e mês que se comemoram a criação do nosso Estado do Tocantins. Nascido em uma família simples, desde muito cedo demonstrou interesse pelas artes, especialmente pela música. Na cidade Uberlândia-MG, com dezesseis anos de idade, trabalhava, estudava e morava na pensão de sua mãe, nesta mesma época, existia um programa de calouros, que ia ao ar todos os sábados, intitulado de Astros e Estrelas de Amanhã, que era transmitido pela Rádio PRC-6, e artistas que participava desse programa hospedavam-se na pensão, Moacyr sempre muito observador, notava as aglomerações de artistas ensaiando, ouvia atentamente os diversos comentários sobre o programa, e graça a isso, teve a brilhante ideia de pedir carona com alguns desses hospedes para apresentar no programa de calouros, esse fato, ocorreu em 14 de fevereiro de 1954, era sábado de carnaval, Moacyr cantou no auditório lotado entre cento e cinquenta a duzentas pessoas a marchinha A Villa Não Morreu, gravada por Gilberto Alves no ano de 1952, composição de Anício Bichara / Color / Aldacir Louro, detalhe, foi a sua primeira apresentação pública, e nesse dia, cantou também no programa, uma moça a qual ele já observava na pracinha da cidade, essa moça ganhou o 1º Lugar, e o Moacyr ficou em 2º Lugar e ganhou uma lata de balas Erlan, e o já galanteador ofereceu timidamente para a moça, e essa moça que ganhou as balas, tornou-se a sua primeira esposa, a família da moça eram italianos oriundos de Veneza, tiveram dois filhos o Guto e o Júnior.
Contudo, sua carreira não começou apenas na música, mas tambémcom o teatro, algo que muitos desconhecem. Em sua juventude, foi encorajado por um professor de teatro a participar de uma peça escolar. Esse primeiro contato com a dramaturgia não só o encantou, mas também moldou sua paixão pelas artes cênicas, um campo que o acompanharia durante toda sua carreira.
Entretanto, foi na música que Moacyr encontrou seu maior desafio, ele mergulhou no cenário musical, apresentando-se em bares e clubes no Rio de Janeiro. Moacyr ficou conhecido por sua voz grave e marcante, que logo se destacou. No entanto, o que muitos não sabem é que foi a resistência de Moacyr em se submeter às tendências da época que o consolidou como um dos artistas mais autênticos da sua geração.
Em uma entrevista inédita com pessoas próximas de sua infância, descobrimos que Moacyr tinha um hábito peculiar. Durante sua adolescência, ele fazia versões improvisadas de músicas populares, o que, de acordo com antigos amigos, foi uma das primeiras manifestações do humor que viria a ser tão marcante em sua carreira. “Ele fazia paródias das músicas de sucesso, mas de um jeito tão criativo e engraçado que deixava todos ao redor rindo”, revelou um amigo de infância que preferiu não ser identificado.
O Humor como Marca Registrada
Embora a carreira de Moacyr Franco tenha começado com a música, foi na televisão que ele se consagrou de fato, especialmente com a sua veia humorística. Moacyr foi um dos primeiros a entender o poder do humor como uma ferramenta de comunicação de massa, atuando em programas de grande sucesso nos anos 60 e 70.
Na década de 1970, ele participou de programas icônicos como “A Praça da Alegria”, onde seu carisma e timing de comediante começaram a ser notados por um público nacional. Contudo, o segredo de seu sucesso como humorista não estava apenas em suas piadas ou no estilo irreverente. Ele conseguiu trazer uma profundidade para o humor, algo que poucos comediantes de sua época eram capazes de alcançar. Moacyr sabia como transformar o cotidiano brasileiro em uma grande piada, com observações precisas da sociedade.
“Ele tinha uma sensibilidade única para captar a alma do brasileiro e transformá-la em comédia”, disse o ator e amigo de longa data, Jô Soares, em uma de suas entrevistas sobre a obra de Moacyr Franco.
O Papel de Moacyr no Cinema Brasileiro
Enquanto muitos associam Moacyr Franco à televisão e à música, a sua contribuição para o cinema brasileiro foi igualmente significativa. Em filmes como O Homem do Sputnik (1959), Moacyr começou a explorar as sutilezas do cinema de comédia, mas foi no início dos anos 70 que ele se destacou em filmes como A Dama do Lotação (1978), onde interpretou um papel mais dramático. Esse é um detalhe que poucos conhecem: Moacyr Franco tem uma longa trajetória no cinema, atuando em mais de 20 produções ao longo de sua carreira.
O que poucos sabem é que Moacyr, muito antes de ser reconhecido pelo grande público, era conhecido como “o ator que nunca tinha medo de desafios”. Ele não tinha problemas em trocar o glamour dos palcos e da televisão para se dedicar ao cinema experimental ou de baixo orçamento, onde sua entrega e versatilidade ficaram evidentes.
Inovações e a Mente Criativa
Além da sua atuação em diferentes mídias, Moacyr sempre foi um inovador. Nos anos 80, quando a televisão brasileira ainda passava por uma forte transição, ele foi responsável por um dos projetos mais ousados de sua carreira: o Moacyr Franco Show, um programa de variedades que misturava entrevistas, comédia, música e improvisação. O programa, que teve uma curta duração, foi um verdadeiro laboratório de ideias e tendências para a televisão brasileira, e revelou muitos artistas da nova geração.
Entre os bastidores, Moacyr era conhecido por suas ideias inusitadas e, muitas vezes, levava os produtores a repensar formatos tradicionais de programas. “Ele tinha uma visão à frente do seu tempo”, lembra o produtor Paulo Nilson. “Ele fazia a gente pensar fora da caixa, e o que parecia impossível, ele fazia parecer fácil.”
Moacyr Franco na Atualidade: Uma Carreira Sem Fim
Hoje, Moacyr Franco continua em plena atividade. Sua carreira de mais de seis décadas parece não conhecer limites, e sua disposição para continuar trabalhando é algo digno de nota. Em 2023, ele lançou um novo disco, Na Luta, um projeto intimista que mistura seus clássicos com canções inéditas. Este álbum traz uma reflexão sobre os anos passados e a mudança dos tempos, temas que são extremamente caros ao artista.
Entretanto, o que mais chama a atenção é sua disposição para inovar sempre. Ele ainda tem um canal no YouTube onde compartilha suas ideias sobre o cotidiano e a política, além de realizar performances musicais e stand-ups improvisados. Em 2024, Moacyr surpreendeu ao ser convidado para participar de uma das edições mais recentes do Big Brother Brasil (2024), como convidado de uma noite especial, evento que causou comoção nas redes sociais.
Moacyr Franco e Boni: Entre o Respeito e a Distância
A relação entre Moacyr Franco e José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, é um retrato curioso das dinâmicas do poder e da criatividade na televisão brasileira. Embora jamais tenham sido próximos no sentido pessoal, os dois cruzaram caminhos decisivos em momentos chave da história da TV sempre com um misto de respeito profissional e certa tensão silenciosa.
Nos anos 1960, quando Moacyr já se destacava no rádio e em apresentações ao vivo, Boni, em ascensão como executivo da TV Globo, enxergou no artista um talento popular e versátil. Chegou a recomendá-lo para projetos iniciais da emissora, mas com uma visão estratégica: via Moacyr mais como um comediante e animador do que como um astro de dramaturgia. Essa leitura ajudou a moldar a imagem do artista para o grande público, embora também tenha limitado seu espaço criativo dentro da emissora.
Nas décadas de 1970 e 1980, com Boni no comando absoluto da Globo, Moacyr transitou por diversos canais, mas nunca conquistou um programa próprio de destaque na emissora líder. Nos bastidores, Boni o considerava “brilhante, porém imprevisível” uma característica que batia de frente com a rigidez do chamado “Padrão Globo de Qualidade”. Moacyr, por sua vez, buscava liberdade artística e encontrou essa abertura em emissoras como a Bandeirantes e, principalmente, no SBT, onde Silvio Santos lhe deu autonomia e protagonismo.
Apesar da distância, o respeito mútuo permaneceu. Em entrevistas posteriores, Boni reconheceu que a televisão brasileira havia subaproveitado Moacyr Franco, dizendo que, se ele fosse americano, teria um teatro com seu nome em Las Vegas. Já Moacyr, sempre diplomático, admitia que Boni “não via nele o que Silvio viu”, mas jamais demonstrou ressentimento.
A relação entre os dois simboliza dois mundos opostos, mas complementares: o da gestão técnica e disciplinada de Boni, e o da alma artística livre e intuitiva de Moacyr. Nunca caminharam lado a lado, mas ambos foram cada um à sua maneira fundamentais para o espetáculo da televisão brasileira.
Tocantins e a Amizade com Siqueira Campos
Poucos sabem, mas Moacyr Franco, além de sua reconhecida trajetória nacional, tem uma ligação afetiva e histórica com o Estado do Tocantins laço que vai muito além de apresentações musicais ou compromissos profissionais. No coração desse vínculo está uma amizade sólida e respeitosa com um dos nomes mais emblemáticos da política tocantinense: o ex-governador José Wilson Siqueira Campos.
A relação entre os dois se construiu ao longo dos anos, marcada por encontros de bastidores, afinidade ideológica moderada, admiração mútua e o reconhecimento de que a cultura é uma ponte entre o povo e a política. Siqueira Campos via em Moacyr não apenas o artista consagrado, mas um símbolo da brasilidade que tocava fundo na alma do povo simples especialmente no Norte do país, onde a música de Moacyr sempre teve forte presença nas rádios e festas populares.
Moacyr, por sua vez, via em Siqueira um homem de visão, coragem e fibra, que havia lutado por algo raro: a criação de um novo estado no Brasil, algo que exigiu articulação política nacional e resistência contra interesses centralizadores. Em entrevistas, Moacyr comentou que admirava Siqueira Campos como “um dos poucos políticos que não esqueceram o povo depois de subir a rampa do poder”.
A primeira vez que Moacyr Franco se apresentou no território que viria a se tornar Tocantins foi ainda nos anos 1980, quando a região fazia parte do norte de Goiás. Em pequenas cidades como Gurupi, Miracema e Porto Nacional, suas apresentações lotavam ginásios e praças. O público, caloroso e fiel, adotou Moacyr como um artista da casa e ele nunca esqueceu.
Com a criação oficial do Tocantins em 1988, Moacyr foi convidado por Siqueira Campos para participar de eventos cívicos e culturais que celebravam o nascimento do estado. Em um desses eventos, realizado em Palmas em 1989, Moacyr cantou de sua autoria “Seu Amor Ainda é Tudo” e foi ovacionado por uma multidão. Foi ali que, segundo testemunhas, ele teria dito:
“Se Tocantins foi criado com coragem, que ele seja também guiado com amor.”
Essa frase, reproduzida em jornais locais da época, selou sua imagem como um artista com alma tocantinense.
Embora fossem figuras públicas, Moacyr e Siqueira mantiveram uma amizade que não dependia de câmeras ou conveniências. Em várias ocasiões, Siqueira convidou Moacyr para encontros reservados, almoços com amigos em comum, e até para reuniões em Brasília, onde discutiam de forma informal formas de valorizar a cultura popular na região Norte.
Siqueira, mesmo já afastado da vida pública, costumava citar Moacyr em discursos e entrevistas como exemplo de brasileiro que se manteve fiel aos seus valores. Ambos compartilhavam uma visão semelhante sobre o Brasil: um país que precisava resgatar a dignidade do trabalhador, da família e da cultura que brota dos interiores.
Quando Siqueira Campos faleceu, em 2023, Moacyr fez questão de prestar sua homenagem. Em uma postagem emocionada, escreveu:
“Tocantins perdeu seu construtor, e eu perdi um amigo. Siqueira era daqueles homens que passavam por você e deixavam rastro de futuro.”
Fatos Inéditos e Minha Relação de Amizade com Moacyr Franco e Siqueira Campos
Em uma das experiências mais emocionantes de miha trajetória pessoal, tive a honra de cantar em homenagem ao Governador Siqueira Campos, ainda em vida, durante a missa em celebração aos seus 88 anos de idade, realizada na Catedral. A canção escolhida foi “Eu Nunca Mais Vou Te Esquecer”, uma composição sensível de Moacyr Franco, cujo lirismo tocou profundamente o homenageado. Ao final da apresentação, Siqueira Campos, visivelmente emocionado, aproximou e disse com lágrimas nos olhos, elogiando calorosamente minha interpretação e revelando que era grande amigo de Moacyr. Com a voz embargada pela emoção, o governador confidenciou seu desejo de, um dia, reunir nos dois, Rafael e Moacyr Franco em sua casa para um momento íntimo de cantorias, selando ali um instante inesquecível de afeto, arte e admiração mútua.
Também aos 14 dias de junto de 2024, às 08h28, recebi a mensagem viaWhatsApp da hoje atual primeira-dama e Sec. Da Assistência Social de Palmas, Polyanna Siqueira Campos, pedindo-me o contato do Moacyr Franco, rapidamente passei o contato, e informei o amigo Moacyr.
Em 2 de julho de 2024, às 19h40, recebi com alegria a mensagem advinda da Polyanna “Oi Rafael boa noite! lembrei aqui não posso deixar de falar porque foi ele que me deu o telefone do Moacyr, a gente conseguiu combinar com o Moacyr para ele vir cantar três músicas na missa da Catedral, não será uma missa em homenagem ao meu sogro, iremos aproveitar a missa da Catedral que já existe e o Moacyr cantará três músicas, para vivenciarmos esse momento no primeiro ano sem o meu sogro, passando para lhe avisar, não sei se você politicamente né… se tudo bem você ir a missa, já esteja convidado você e sua mãe.
Recebi com alegria essa mensagem significativa de Polyanna, que me tocou não apenas pela delicadeza do gesto, mas pelo simbolismo do momento.
O gesto revelava, acima de tudo, a delicadeza de uma memória que se constrói com afeto e amizade.
A Imortalidade de Moacyr Franco
Moacyr Franco é mais do que um artista de várias facetas; ele é uma verdadeira encarnação do espírito de inovação e resistência. Sua carreira nos lembra que, no mundo das artes, os limites são feitos para serem ultrapassados. Com sua autenticidade, irreverência e uma mente sempre criativa, ele provou que não há barreiras para a arte quando se tem o dom da reinvenção.
Mesmo com os anos, Moacyr Franco continua a ser uma referência para as novas gerações, mostrando que a verdadeira grandeza não vem da fama efêmera, mas da capacidade de se renovar e se manter relevante. O que é mais admirável em sua carreira é que ele jamais desistiu de seus sonhos, e isso é algo que inspira a todos nós.
RAFAEL DIAS
É acadêmico do Curso de Psicologia, Advogado, Radialista, Cantor, Compositor, Musicista, Integrante da dupla sertaneja Rafael Dias & Paulinho, ex-integrante do famoso Trio Os Canarinhos do Brasil, criador e ex-maestro da 1º Orquestra Sanfônica do Tocantins “Orquestra Amor Perfeito”, foi Secretário do Procon Municipal de Palmas em meados de 2023/2024.
@rafaeldiassp
rafaeldiasdesousapereira@gmail.com









