A incorporação da inteligência artificial (IA) na educação básica já é uma realidade no Brasil. O Piauí foi pioneiro nesse processo e se tornou o primeiro território da América a incluir a disciplina de IA no currículo escolar. A iniciativa, reconhecida pela Unesco, trouxe mudanças significativas para alunos e professores, despertando o interesse de outros estados na adoção dessa tecnologia.
Mas o que fez o Piauí se destacar? E, mais do que isso, o que o Tocantins pode aprender com essa experiência para implementar a IA nas suas escolas?
O modelo do Piauí: um ensino adaptado à era digital
Desde 2024, estudantes do 9º ano do ensino fundamental e do ensino médio passaram a ter aulas de inteligência artificial na rede pública do Piauí. A novidade trouxe mais do que um conteúdo tecnológico: ajudou a engajar alunos, tornando a escola mais conectada à realidade digital.
O professor David Abreu, que leciona a disciplina, conta que a IA tem sido um fator motivador na permanência dos jovens na escola.
“Uma ótica digitalizada faz com que os alunos vejam um leque de possibilidades para o futuro. Isso puxa o aluno para a escola e devolve um profissional para o mundo”, afirma.
O estudante Anael Victor Marinho, de 16 anos, confirma esse impacto ao relatar que a IA o ajudou a aprimorar sua escrita.
“Se eu tiver um texto, uma redação e colocar na IA, ela aponta os erros e vai corrigindo. Dá exemplos de como melhorar e se adapta ao seu nível. Se você começa baixo, ela vai aumentando de pouco em pouco, colocando mais dificuldade para você aprender ainda mais”, explica.
Além da experiência prática em sala de aula, o estado também conta com um plano de longo prazo, alinhado às diretrizes do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) 2024-2028, lançado pelo governo federal.
E o Tocantins? Como a IA pode ser aplicada nas escolas do estado?
Diante da transformação educacional no Piauí, surge a questão: como o Tocantins pode adotar políticas semelhantes para preparar seus alunos para o futuro digital?
Especialistas apontam que a IA pode ser uma ferramenta valiosa na educação tocantinense, especialmente para reduzir a evasão escolar, personalizar o ensino e aprimorar a gestão educacional. Segundo Claudia Costin, ex-diretora global de educação do Banco Mundial, a chave está na capacitação dos professores.
“O aluno tem que aprender a usar IA para fazer pesquisa sem perder sua autoria. Isso precisa ser ensinado, e os professores devem ter as ferramentas necessárias para isso”, explica.
Outra possibilidade seria o uso da IA para análise de dados educacionais. No Piauí, ferramentas de inteligência artificial já são usadas para identificar alunos em risco de abandono escolar. Esse modelo poderia ser adaptado ao Tocantins para ajudar gestores a prevenir a evasão e melhorar a qualidade do ensino.
Além disso, iniciativas como o uso de IA na alfabetização e no ensino da matemática, já testadas em outros estados, podem tornar as aulas mais dinâmicas e acessíveis.
O avanço da IA na educação do Piauí mostra que o ensino digitalizado pode gerar impacto positivo. Com uma implementação planejada, a tecnologia pode ser uma aliada no aprendizado e no desenvolvimento de habilidades essenciais para o futuro.
RAMON FLAUBERT MACEDO
É jornalista e pedagogo, atua há mais de uma década nas áreas da comunicação e educação no Tocantins. É fundador do jornal Sou de Palmas e atualmente é pós-graduando em Inteligência Artificial e Big Data, além de possuir formações complementares em IA Generativa, Deep Learning e Marketing Digital.