O debate no final de semana girou sobre o número de prefeitos que cada candidatura conseguiu conquistar até este momento, a partir que levantamento que o Palácio Araguaia fez e que considera na definição das suas estratégias. Lógico que os adversários não gostaram, sobretudo, a campanha do candidato do PL, Ronaldo Dimas. No entanto, ainda que tenha divergências, a distribuição não se difere muito do que foi apresentado pelos governistas.
Segundo o Palácio, o governador foi o Wanderlei Barbosa (Republicanos) conta com a maioria absoluta dos 139 prefeitos tocantinenses, cerca de 90 deles. Em segundo lugar aparece o candidato do PSD, Irajá, com 42; e outros 7 se dividiriam entre Dimas e o candidato do PT, Paulo Mourão, que é sabido que conta com 2, pelo menos, o de Porto Nacional, Ronivon Maciel (PSD), e o de Dianópolis, José Salomão (PT). Assim, sobrariam cinco para o candidato do PL.
Acredito que Dimas tenha até mais que isso, mas não muda em nada o enorme desequilíbrio de força entre a sua campanha e a de Wanderlei. Confirmados, com discursos públicos e vídeos, até agora, estão os prefeitos de Araguaína, Wagner Rodrigues (SD), de Miracema, Camila Fernandes (MDB), de Paraíso, Celso Morais (MDB), de Tocantínia, Manoel Silvino (SD), de Axixá, Auri-Wulange Ribeiro Jorge (PTB), de Lajeado, Júnior Bandeira (MDB), e de Gurupi, Josi Nunes (UB), que foi à convenção do PL, mas após se recolheu e, desde então, tem se dedicado tão somente à campanha de senador de Mauro Carlesse (Agir). Os coordenadores de Dimas garantem que pelo menos 20 prefeitos já estariam com ele.
De toda forma, isso confirma que há menos prefeitos na campanha do PL do que na de Irajá. Mas não significa, como defendem estrategicamente os governistas, que Dimas tenha menos musculatura política do que o candidato do PSD. Claro que o Palácio tem interesse em menosprezar a posição do liberal nesta disputa porque é neste momento o seu adversário mais forte.
Mas, para dimensionar a força das campanhas, é preciso considerar quais são os prefeitos que cada uma tem a seu lado. Irajá apresenta, em sua quase totalidade, gestores de cidades pequenas, que não garantem toda essa musculatura com a qual o governo tenta “bombar” o candidato do PSD. Soma-se a isso um outro grave problema para o senador. Em suas eleições, ele tem desempenho que poderia ser considerado até pífio em Palmas, o maior colégio eleitoral do estado.
Como a coluna tem defendido há muito tempo, um número considerável de prefeitos do interior profundo do estado é imprescindível para a chegada de uma disputa eleitoral. Contudo, é preciso partir do princípio de que o candidato sai com uma votação expressiva nas principais cidades, principalmente nos três maiores colégios eleitorais, Palmas, Araguaína e Gurupi. Além do desempenho historicamente pífio na Capital, Irajá tem concentrado suas caminhadas e reuniões em municípios de pouquíssimos eleitores.
Mas a falta de apoio de uma quantidade considerável de prefeitos ainda é um problema inegável na campanha de Dimas, por mais que se negue e tentem garantir que isso não é verdadeiro. Como tem mostrado a série de pesquisas divulgadas nos últimos dias, o governador Wanderlei segue num ritmo que pode lhe garantir a vitória ainda no primeiro turno. A única possibilidade de impedir isso e reverter essa curva de crescimento da campanha palaciana é com a divisão dessa base que parece consolidada de apoio de gestores municipais ao candidato à reeleição.
Este é um trabalho, e cada dia fica mais claro, que cabe a um único homem da campanha do ex-prefeito de Araguaína, seu o coordenador-geral e senador Eduardo Gomes. A coluna já registrou e reafirma que considera inexplicável, diante da figura pública magnânima que Dimas representa para a política tocantinense, mas fato é, e inegável, que os líderes do estado, em sua maioria, tem uma resistência muito grande ao candidato do PL. Insisto: é injusto, por tudo que o ex-prefeito de Araguaína já fez como homem público pelo Tocantins.
Mas, infelizmente, isso é um fato que precisa ser superado, ou será impossível para Dimas mudar os rumos destas eleições.
CT, Palmas, 30/08/2022.