O agronegócio brasileiro, um dos pilares da economia nacional, enfrenta desafios que vão além da produção, com destaque para os custos elevados e os gargalos logísticos. No Tocantins, parte estratégica do Matopiba, as exportações de grãos continuam em ascensão, impulsionando o crescimento econômico da região.
Entre 2019 e 2023, as exportações de soja no estado aumentaram 64,1%, com o Porto de Itaqui, no Maranhão, desempenhando papel fundamental no escoamento. Em 2024, 94,29% do milho exportado pelo Brasil utilizou esse porto, consolidando o Arco Norte como uma alternativa viável para os produtores. Apesar desse avanço, os custos logísticos ainda representam um grande obstáculo, comprometendo as margens de lucro dos agricultores e reforçando a necessidade de soluções que tornem o transporte mais eficiente.
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) aponta que 79,1% da malha viária do Tocantins, principal modal de transporte da região, apresenta qualidade insuficiente. Essa precariedade eleva os custos operacionais para níveis 29,5% acima da média nacional, impactando diretamente a competitividade dos produtores. A recuperação e manutenção das estradas tornam-se, portanto, medidas urgentes e indispensáveis.
Como relator da Medida Provisória 1050/2021, tive a oportunidade de contribuir para a redução de custos no transporte de cargas. Essa iniciativa resultou na Lei 14.229/21, que ampliou a tolerância para excesso de peso por eixo em caminhões de carga, simplificando a operação de veículos com até 50 toneladas. Essa mudança trouxe alívio a transportadores e agricultores, especialmente em estados estratégicos como o Tocantins.
Além das rodovias, a armazenagem é outro ponto crítico. O crescimento acelerado da produção agrícola não foi acompanhado por investimentos em infraestrutura de armazenamento, resultando em perdas pós-colheita e custos adicionais com transporte imediato para outras regiões. A criação de polos de armazenagem, localizados estrategicamente, é essencial para minimizar perdas e aumentar a eficiência logística.
O acesso ao crédito também apresenta desafios. Com a taxa Selic projetada em 13,5% até o final de 2025, o financiamento ao setor produtivo enfrenta restrições. Nesse cenário, a ampliação do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) torna-se indispensável para ajustar os recursos às demandas do setor e proporcionar maior segurança aos produtores.
Outro marco fundamental é o fortalecimento do Plano Estadual de Logística e Transporte de Cargas (PELT), desenvolvido em parceria com o Banco Mundial. A modernização da infraestrutura rodoviária, ferroviária e hidroviária, combinada à construção de novos armazéns, tem o potencial de reduzir custos, minimizar perdas e alavancar uma logística integrada. Esses avanços, contudo, exigem uma articulação consistente entre os setores público e privado, além de investimentos significativos.
O Tocantins, com sua capacidade de expandir e agregar valor à produção agrícola, pode se consolidar como uma referência no agronegócio nacional. Investimentos estruturantes, condições de financiamento adequadas e medidas que desburocratizem os processos logísticos são fundamentais para garantir mais competitividade aos produtores. Somente com uma atuação coordenada e eficiente será possível enfrentar os desafios e assegurar que o agronegócio continue a ser uma força motriz para o desenvolvimento econômico e social do estado e do país.
VICENTINHO JÚNIOR
É deputado federal do Progressistas pelo Tocantins.