Em uma nova entrevista, desta vez concedida ao UOL, a senadora Kátia Abreu (PDT) voltou a criticar a gestão do governo de Jair Bolsonaro (PSL) frente ao meio ambiente. Para a tocantinense, o Palácio do Planalto erra com a “verborragia” sobre o tema, que considera demonstrar “truculência, exagero e desequilíbrio”. “O pior de tudo é que um debate desses me reporta há 15 anos […]. Retroagir nesse debate de 15 anos atrás é viver um filme de terror para mim”, comenta.
Minoria
Representante do agronegócio, a senadora admitiu uma participação pequena da categoria nos incêndios na floresta amazônica. “Tem toda [a responsabilidade], mas é preciso ficar muito claro que é uma minoria muito restrita [do agronegócio]. Apenas meia dúzia de pessoas egoístas, que olham só para o seu umbigo, pessoas reacionárias, irresponsáveis e que não têm amor à pátria”, comentou a tocantinense, que, sobre a participação de ONGs nas queimadas – o que foi sugerido por Bolsonaro -, preferiu dizer que cabe à Polícia Federal e ao Ministério Público investigar.
Acordo com União Europeia
Para a senadora, o comportamento de Jair Bolsonaro pode trazer prejuízos a curto prazo. Kátia Abreu afirma que se o presidente não demonstrar “uma atitude muito clara de proteção ambiental” o Brasil pode beneficiar “muitos inimigos comerciais”. “Se o Bolsonaro continua com esse discurso, ele está dando margem para evitar, por exemplo, o acordo do Mercosul com a União Europeia”, avalia. A congressista até vê uma tentativa de recuo da Presidência com a repercussão internacional das queimadas, mas vê a movimentação “um pouco destrambelhada”.
Macron passando do limite
Sobre toda a polêmica entre Bolsonaro e o presidente da França, Emmanuel Macron, Kátia Abreu viu exagerou de ambas as partes. “O Bolsonaro foi muito agressivo com o Macron, mas o Macron também está passando um pouco do limite. Tem outros instrumentos mais apropriados para uma retaliação do que ameaçar a soberania do país na Amazônia”, comentou.