Os últimos dias estão sendo e os próximos também serão de muito alvoroço nos bastidores da política tocantinense. Um influente articulador afirmou à coluna que até o final de semana as duas chapas majoritárias da política tradicional estarão praticamente definidas. O governador recém-empossado Mauro Carlesse (PHS) e o ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB) disputam neste momento o apoio do presidente regional do PSDB, senador Ataídes Oliveira. Ambos os grupos descartam completamente a possibilidade de o tucano disputar o governo do Tocantins. Para os dois lados, esse movimento de Ataídes é puro blefe.
O que está em jogo para Carlesse e Amastha é um dos maiores tempo de TV e de fundo eleitoral. Ataídes conversou logo após o segundo turno com o governador e nos últimos dias esteve por duas vezes com o ex-prefeito da Capital.
Candidato à reeleição, o senador conta a seu a favor com a necessidade da executiva nacional de ter um tucano disputando com condições de competitividade. Contudo, a margem de liberdade de Ataídes para decidir não é tão larga. Afinal, grande parte dos prefeitos tucanos e os dois deputados estaduais do partido, Olyntho Neto e Luana Ribeiro, já está na base palaciana. De outro lado, isso favorece o presidente regional do PSDB, porque são esses aliados que pressionam Carlesse a ceder uma vaga na majoritária para o parlamentar.
[bs-quote quote=”Apesar da confusão que vai se intensificar a partir de agora, ambos os lados — Carlesse e Amastha — querem estar na segunda-feira, 15, com as majoritárias definidas” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Mas não será tarefa fácil. O governador já tem compromisso para o Senado com o ex-governador Siqueira Campos (DEM) e com o deputado federal César Halum (PRB). Há a tese de lançar mais de dois candidatos, mas exigiria um contorcionismo jurídico que não se sabe se cola perante a Justiça Eleitoral. Ainda existem grupos defendendo a incorporação do ex-deputado federal Eduardo Gomes (SD), também para senador.
Pelo lado de Amastha, Ataídes teria garantida a vaga de senador. Além do tempo de TV e fundo eleitoral, o ex-prefeito se interessa em colocar um dos irmãos Stival — o petebista José João ou o tucano Oswaldo — como candidato a vice-governador. Mas o que o pré-candidato do PSB tem a oferecer, fora a vaga ao Senado? Outra questão que surge é se Amastha conseguiria manter os arquiinimigos no plano nacional PT e PSDB numa mesma chapa.
Bons petistas de correntes diversas têm dúvidas. Esperavam manter a vaga de vice de Amastha, que na suplementar coube ao advogado araguainense Célio Moura. Se o ex-prefeito não conseguir o PSDB, o PT tem chance. Caso contrário, é pouco provável que se repita a dobradinha do primeiro turno.
No entanto, há setores no partido do ex-presidente Lula que não está gostando do rumo da prosa, e pensa uma forma da virar o barco a bombordo, para remar em direção a Márlon Reis (Rede). Vem outra indagação: o cenário nacional permitiria esta união?
No campo da senadora Kátia Abreu (PDT), Amastha abriu a vaga de senador para o deputado estadual Osires Damaso (PSC), mas com a condição de convencer o grupo da parlamentar a acompanhá-lo. Estratégia para evitar uma conversa direta com a própria, que anda pra lá de irritada com o ex-prefeito da Capital?
Ela está muito decepcionada com o desgaste com caiu em seu colo no episódio da malfadada reunião das oposições. Kátia está decidida: não é candidata a governadora. E abriu conversa também com o governador Mauro Carlesse, de quem já foi aliada e adversária. Antes da cassação do ex-governador Marcelo Miranda (MDB), os dois reuniram algumas vezes. Assim, a união deles agora não seria nenhuma surpresa.
Ao contrário da aproximação que Amastha vem tendo com o senador Vicentinho Alves (PR) e Marcelo Lelis (PV), com os quais o ex-prefeito manteve inúmeras discussões pouco civilizadas. Prints de ataques dos mais grosseiros do ex-prefeito aos seus prováveis futuros aliados já começam a rodar as redes sociais. O volume deve crescer bastante com a definição dessa aliança. Além do mais, cai o discurso da “velha política” e todos se nivelam pela mesma régua que Amastha usava para medir seus oponentes. Sem a máscara, todos ficam iguaiszinhos. Sem o discurso que tenta sustentar desde 2012, o que dizer agora para militância e eleitores?
Em outra frente, Amastha teria a intenção de tirar Márlon Reis da disputa de governador. O pré-candidato da Rede, claramente, tira milhares e milhares de votos do ex-prefeito nos seus colégios-alvo, os das maiores cidades tocantinenses. Os amasthistas torcem para Márlon se convencer a desistir do Palácio e mirar a Câmara dos Deputados. Má notícia: o ex-juiz e advogado manda dizer que nada, absolutamente nada, o tirará da disputa pelo Executivo estadual.
O MDB também caminharia para a campanha de Amastha, partido de um dos seus alvos preferidos de ataque, o ex-governador Marcelo Miranda.
Esse é o caldo que se extrai dos principais movimentos de bastidores dos últimos dias. Apesar da confusão que vai se intensificar a partir de agora, ambos os lados — Carlesse e Amastha — querem estar na segunda-feira, 15, com as majoritárias definidas.
A avaliação geral é de que a indefinição promove a autofagia, com os grupos internos se digladiando por espaço, e a definição coloca cada um em seu devido lugar, faz com que quem não conseguiu se encaixar pegue a viola e vá cantar em outro terreiro e inicia o processo de coesão em torno da majoritária, fundamental para dar corpo e bandeira à grande batalha eleitoral.
São as eleições de outubro tomando forma para ganhar as ruas.
CT, Maringá (PR), 11 de julho de 2018.