Foi mais do que acertada a decisão do governo Mauro Carlesse (PHS) e da Polícia Militar de cancelar concurso de março do ano passado, ao confirmar irregularidades. Com um histórico absurdo, essa solução para mais um tropeço do Estado na seleção de servidores, pelo menos, mostrou transparência ao admitir que houve sim falha de segurança.
[bs-quote quote=”O lado perverso, claro, é mais atraso na contratação de policiais militares, num Estado que vive um déficit de milhares desses profissionais” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Num dos concursos cheio de erros realizados há alguns anos, o Estado ficou resistindo por semanas para tomar decisão similar. Esperneou o quanto pôde, e, quanto mais enrolava, mais comprometia a credibilidade do certame questionado, na época para seleção de servidores do quadro geral. O problema lá foi na elaboração das provas. Questões copiadas de outros concursos, erros em respostas, e por aí ia em falhas das mais primárias.
Dessa forma, Palácio e PM, agora, tomaram a medida de forma segura, após devido processo de investigação e de dar direito de defesa à empresa contratada. Desde que o assunto veio à baila, logo após as provas, o Estado não impôs resistência às denúncias, como ocorreu em outras situações parecidas no passado, e logo passou a investigá-las, com a conclusão anunciada nessa terça-feira, 16, e o devido cancelamento.
No entanto, de toda forma, não há como não lamentar que o Tocantins não consiga realizar um só concurso que não fique manchado por, pelo menos, uma suspeita. É impressionante.
Inclusive, o histórico de irregularidades em concursos tocantinenses se tornou famoso por todo o País e uma das características marcantes das seleções realizadas pelo Estado. É preciso reverter essa situação, ser muito criterioso na escolha da empresa que se responsabilizará pela organização, da qual o item segurança é tão importante quanto os outros, ainda mais com esses antecedentes. É uma questão que vai além da seleção do funcionalismo. Diz respeito à imagem do Tocantins diante de todo o Brasil.
O lado perverso, claro, é mais atraso na contratação de policiais militares, num Estado que vive um déficit de milhares desses profissionais. Com o cancelamento, o processo começa do zero, vem todos os prazos legais que precisam ser cumpridos. Ou seja, os mil novos policiais que seriam contratados através deste concurso nem tão cedo estarão nas ruas.
Um custo social enorme por erro de organização do certame. Assim, se de um lado, a decisão de cancelar foi correta, de outro, espera-se que esse tipo de falha não mais ocorra.
O Estado precisa aprender a selecionar seus servidores. Pelo menos isso.
CT, Palmas, 17 de abril de 2019.