A derrota das oposições em 2018 foi fragorosa. No caso do ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB), sequer conseguiu ir para o segundo turno na eleição suplementar, quando o ex-senador Vicentinho Alves (PL) perdeu pela maior diferença de votação da história do Estado. Nas eleições de outubro, os adversários do governador Mauro Carlesse (DEM) não foram capazes de provocar um segundo turno.
Com isso, o governador chegou ao segundo mandato iniciado em janeiro extremamente fortalecido e a oposição totalmente desestruturada. No entanto, para governar é preciso tomar medidas impopulares, além, claro, dos erros cometidos após as eleições. O governo Carlesse começou a se desgastar em novembro, ao exonerar os 12 delegados regionais, comprando uma briga com a Polícia Civil cujos reflexos são sentidos até agora.
[bs-quote quote=”O deputado federal Vicentinho Júnior, presidente regional do PL (ex-PR), agiu corretamente: mergulhou nos primeiros meses após as eleições de outubro, para emergir com o desgaste do governo. No entanto, o parlamentar vem errando na dose” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2019/07/ct-oficial-60.jpg”][/bs-quote]
Houve o ajuste fiscal, extremamente necessário mas igualmente impopular, com medidas como o congelamento das progressões. Também erram na dose, como nas exonerações na saúde. Assim, o governo foi perdendo parte da ampla simpatia popular e baixando a guarda para que os adversário encontrassem eco às suas críticas.
Amastha, o maior derrotado de 2018, falava sozinho nas redes sociais. Como de praxe, vem usando o Twitter e o Facebook para atacar o governo pontualmente. No entanto, estava como o sujeito que caiu do caminhão e ficou gritando sem ser ouvido enquanto os demais seguiam viagem.
O deputado federal Vicentinho Júnior, presidente regional do PL (ex-PR), agiu corretamente: mergulhou nos primeiros meses após as eleições de outubro, para emergir com o desgaste do governo. No entanto, o parlamentar vem errando na dose. As críticas são desferidas de forma muito pessoal, quando deveriam ficar no campo da institucionalidade. Ao fazer isso, Vicentinho tem os aplausos das redes antissociais, mas perde crédito com um público essencial para cristalizar sua imagem pública, o formador de opinião qualificado, ainda que concorde com o mérito dos discursos do parlamentar. Pela forma com que envelopa suas repreensões ao governo, o deputado não se legitima como porta-voz à altura de um debate maior, institucional e republicano.
De toda forma, Vicentinho está ocupando um espaço importante, tem demonstrado coragem ao tocar em pontos que outros evitam. O erro na dose é fruto da juventude, mas tem um pai experiente, que sempre soube fazer oposição institucional e que pode corrigir os rumos dos excessos verborrágicos do filho. Se tiver humildade para ouvir o sábio e excelente articulador que tem em casa, o deputado poderá protagonizar as oposições do Estado.
Amastha também tem uma grande oportunidade de corrigir os erros, sobretudo se tiver a sabedoria de abandonar o falido discurso da “velha política x nova política”, que foi o maior responsável por ter se tornado o grande derrotado de 2018, rejeitado por líderes de todo o Estado.
O ex-prefeito precisa fazer um discurso que lhe cabe bem: o da boa e da má política. Isso porque ele fez uma boa política em sua gestão na Capital, com inovações que serviram de exemplo para outros municípios do Estado e resgatando o orgulho do palmense com sua cidade. Se mudar a fórmula, Amastha poderá conseguir atrair em torno de si líderes que não se encaixaram no staff do governo Carlesse e que estão órfãos, já que a oposição se encontra desestruturada.
O Estado ganha se Vicentinho e Amastha conseguirem organizar e erguer uma oposição institucional, republicana e democrática. Ela é fundamental para o Tocantins se reencontrar com o desenvolvimento.
O governo Carlesse também ganha com isso, afinal, uma boa oposição pode ser uma bússola para nortear os caminhos da gestão. Claro, se o governante tiver sabedoria e elevado espírito público.
CT, Palmas, 8 de agosto de 2019.