No Dia Internacional do Trabalho, o Brasil se abate com a informação de que o desemprego foi a 12,7% no primeiro trimestre, atingindo 13,4 milhões de pessoas. Enquanto isso, vemos de um lado parte importante do governo Bolsonaro, pai e filhos focados numa cruzada ideológica estúpida e, de outro, sindicatos de servidores de elite com uma campanha para disseminar a tese de que a reforma da Previdência tira direitos. Claro, direito deles de continuarem se aposentado cedo e com salários surreais.
[bs-quote quote=”Para piorar, enfrentamos terríveis déficits da Previdência Social, que consomem bilhões. Um sistema que garante privilégios apenas a servidores de elite, que hoje se desesperam e gritam contra a perda do ‘direito’ deles de terem uma vida nórdica bancada pelo pobre contribuinte brasileiro” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Pior ainda é ver o PT querendo terceirizar uma crise que ele pariu, com governos irresponsáveis e populistas. Criou artificialmente a sensação de que estava superando desigualdades históricas, a toque de mágica, pela “bondade” e carisma de seu líder. No entanto, quando o ciclo virtuoso da economia mundial passou, com a crise de 2008, e a China desaqueceu, os petistas insistiram que a bonança que privilegiava o Brasil não se devia à conjuntura mundial e a um país organizado entregue por Fernando Henrique Cardoso (moeda estável, inflação em patamares civilizados, privatizações feitas e sistema financeiro saneado, conquistas que tiveram, inclusive, que enfrentar a oposição do PT). Na verdade relativa desses populistas, a burguesia não queria que o pobre usasse avião, então, jogou o País na maior crise da história. É risível.
Um dos nossos maiores problemas para superar as desigualdades e para gerar empregos com salários mais dignos é a nossa cultura regada por governos populistas e pela disseminação do pensamento esquerdista de que o Poder Público é capaz de tudo. Essa é a raiz de nossos males. A partir dessa mentalidade, criamos um Estado altamente intervencionista, caro e, pior, esses predicados são assegurados por uma Constituição sem qualquer lastro com a realidade de um país que se debate para tentar se desenvolver.
É nessa esteira utópica que vem o emaranhado de direitos trabalhistas, que garantem salários irrisórios e contribuem para a nossa baixa produtividade, ao lado de uma educação de quinta categoria, e com a falta de perspectivas.
Para piorar, enfrentamos terríveis déficits da Previdência Social, que consomem bilhões que deveriam ser canalizados para saúde, educação, infraestrutura e segurança. Um sistema que garante privilégios apenas a servidores de elite, que hoje se desesperam e gritam contra a perda do “direito” deles de terem uma vida nórdica bancada pelo pobre contribuinte brasileiro. Se o projeto da reforma precisa de ajustes para garantir condições mínimas de vida para deficientes e trabalhadores rurais, que seja alterada. Agora, na essência, todos os especialistas mais renomados são unânimes de que a reforma é justa e necessária.
Sem ela não haverá atração de investimentos internos e externos. O governo Temer conseguiu dar um passo importante para nos tirar da crise em que nos meteu o PT ao flexibilizar a retrógrada legislação trabalhista que impede justamente a geração de empregos. No entanto, ao se afundar na crise moral, o ex-presidente não teve forças para fazer a reforma da Previdência, e todo o esforço de sua qualificada equipe econômica, que desviou o Brasil da rota do abismo, não foi o suficiente para o salto que nos levaria para a criação de postos de trabalho.
Assim, os protestos que ocorrem nesta quarta-feira, 1º, de feriado do Dia Internacional do Trabalho, é daqueles que querem manter os privilégios de ter altíssimos salários e se aposentar em torno de 50 anos, vivendo por outros 25 ou 30 anos às custas do suor das demais parcelas não privilegiadas da sociedade.
Precisamos gerar a conscientização em toda a nossa população de que, sem as reformas — primeiro da Previdência e depois a tributária —, não há a mínima condição de o Brasil se desenvolver, e o desenvolvimento é o único caminho efetivo para superarmos nossas históricas e lamentáveis desigualdades sociais.
O resto é falácia e populismo barato, de oportunistas que usam do discurso fácil para se esbaldar no Poder, como assistimos por 13 anos.
CT, Palmas, 1º de maio de 2019.