O governador interino Mauro Carlesse e candidato a reeleição na suplementar também falou à imprensa sobre a situação financeira do Tocantins na tarde desta terça-feira, 7. Com débito de cerca de R$ 1,3 bilhão, o humanista disse que a equipe está enfrentando “muitas dificuldades” para ajustar a máquina pública, defendeu a liberação dos empréstimos com a Caixa Econômica Federal e culpou o ex-governador Marcelo Miranda (MDB) por deixar “caos” no Estado.
Durante a campanha eleitoral, conforme aponta o humanista, todos os políticos prometem “cuidar do povo”. Ele disse que ao assumir o governo constatou, contudo, uma “realidade muito diferente”. “O governador que deixou esse Estado recentemente, deixou uma conta altíssima”, declarou.
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“Nós estamos vivendo um momento complicado. Mas fica muito claro que quem causou essa situação não fui eu e nem os meus secretários. O problema da Educação, da Saúde, da Segurança Pública não é nosso. É do gestor que saiu e deixou esse caos no Estado”, culpou Carlesse, acrescentando que sua gestão vai trabalhar para atender a população no que for possível.
Não é de agora o conflito existente entre Carlesse e ex-governador Marcelo Miranda. Na Assembleia, o deputado incomodou quando modificou a destinação dos empréstimos solicitados pelo Palácio Araguaia. Como presidente, o humanista não colocou em votação, mesmo com a pressão do Executivo, medidas provisórias importantes, como a que concedia subsídios do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em combustíveis para empresas de transporte público.
O candidato ainda desarquivou o pedido de impeachment contra o então governador apresentado pelo presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Tocantins (Sisepe), Cleiton Pinheiro. A Procuradoria da Assembleia Legislativa chegou a definir um rito do processo, que não foi executado. A medida foi considerada uma forma de pressionar Marcelo e o Palácio Araguaia para que liberassem as emendas parlamentares.
Dificuldades
Durante a coletiva, Carlesse admitiu que a sua equipe está enfrentando “muitas dificuldades” para administrar o Executivo. Segundo ele, o principal gargalo está na área da saúde. Apesar disso, ele nega que esteja deixando os hospitais sem assistência. Pelo contrário, o humanista garante que desde seu primeiro dia de gestão tem buscado melhorias nos atendimentos, como a retirada de pacientes dos corredores dos hospitais.
“Já está na mídia que nós estamos deixando os hospitais em situações complicadas e não é verdade. Com esse pouco tempo que nós estamos na Administração, nós estamos melhorando todos os dias os atendimentos”, afirmou, enfatizando que “o governo está trabalhando”.
Para facilitar a administração, Mauro Carlesse defendeu a liberação dos empréstimos pleiteados junto a Caixa Econômica Federal. As operações de crédito foram barradas pela Justiça, na semana passada. “A hora que cair a ponte de Porto Nacional, eles vão arrumar uma solução”, protestou.
Dívida bilionária
Levantamento feito pela equipe do governador interino constatou que a dívida do Estado com fornecedores, Plansaúde, consignados, duodécimos e Instituto de Gestão Previdenciária (Igeprev) é de quase R$ 1,3 bilhão. O secretário estadual da Fazenda, Sandro Henrique Armando, avaliou a situação como “calamitosa”, mas garantiu que está trabalhando para que os serviços não sejam paralisados.
O titular da Sefaz falou sobre as estratégias que estão sendo traçadas para tentar amenizar a situação financeira do Tocantins. De acordo com Sandro, o primeiro passo é “enxugar a máquina pública”. A gestão, porém, esbarrou na proibição de exonerar ou contratar servidores durante o período eleitoral. A medida de redução de pessoal estava sendo adotada e quase 3 mil pessoas foram demitidas. Mas a previsão era de um corte maior.
Nesta terça-feira, 8, a Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO) e o Ministério Público do Estado do Tocantins (MPE-TO) vão receber a imprensa para falar justamente sobre o orçamento do Executivo estadual e as medidas tomadas a fim de garantir a aplicação adequada dos recursos públicos.