A Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) repudiou os ataques e xingamentos feitos pelo deputado estadual de São Paulo Frederico d’Ávila (PSL) em uma sessão da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
Segundo o portal “G1”, a carta publicada no site da instituição no domingo, 17, seria entregue à presidência da Alesp nesta segunda-feira, 18.
No documento, a CNBB rejeita “fortemente as abomináveis agressões” ditas por D’Ávila e diz que o deputado “feriu e comprometeu a missão parlamentar, o que requer imediata e exemplar correção pelas instâncias competentes e vai buscar uma reparação jurídica a ser corrigida pelo bem da democracia brasileira”.
“Defensora e comprometida com o Estado Democrático de Direito, a CNBB, respeitosamente, espera dessa egrégia casa legislativa, confiando na sua credibilidade, medidas internas eficazes, legais e regimentais, para que esse ultrajante desrespeito seja reparado em proporção à sua gravidade – sinal de compromisso inarredável com a construção de uma sociedade democrática e civilizada”, diz ainda o documento.
O deputado aliado do presidente Jair Bolsonaro, fez o discurso dois dias depois de uma missa realizada em Aparecida em 12 de outubro, que contou com a presença do mandatário.
Durante a cerimônia, o arcebispo Dom Orlando Brandes afirmou que “para ser a pátria amada, o Brasil não pode ser um pátria armada”. A fala foi uma clara crítica às políticas de Bolsonaro, que afrouxou diversas regras para a aquisição e o porte de armas.
No discurso, D’Ávila atacou o arcebispo, a CNBB e o papa Francisco.
“Seu safado da CNBB dando recadinho para o presidente, para a população brasileira, que pátria amada não é pátria armada.
Pátria amada é a pátria que não se submete a essa gentalha. Você é um vagabundo, safado, que se submete a esse Papa vagabundo também. A última coisa que vocês tomam conta é do espírito, do bem-estar e do conforto da alma das pessoas. Você acha que é quem para ficar usando a batina e o altar para ficar fazendo proselitismo político? Seus pedófilos safados, a CNBB é um câncer que precisa ser extirpado do Brasil”, disse no palanque.
Na noite desta segunda-feira, o deputado – que já quis homenagear o ex-ditador chileno Augusto Pinochet na Alesp – pediu desculpas por seu “excesso” no discurso “inapropriado e exagerado”.
“Meu pronunciamento, que admito ter sido inapropriado e exagerado pelo calor do momento, se deu em resposta a alguns líderes religiosos que ultrapassam os limites da propagação da fé e da espiritualidade para fazer proselitismo político.
Reitero que desculpo-me pelas palavras e exagero. Não tive a intenção de desrespeitar o papa Francisco, líder sacrossanto e chefe de Estado, minha fala foi no sentido de divergir sobre ideias e posicionamentos, tão só. Inserir o Papa em minha fala foi um erro, pelo qual humildemente peço desculpas a todos os católicos do Brasil e do mundo, pois não considerei a figura espiritual que ele representa”, acrescentou.