O governador interino Mauro Carlesse (PHS) foi confirmado como candidato neste domingo, 22, em um palanque pesado. A convenção humanista no auditório da Assembleia Legislativa contou com a presença de quatro deputados federais, dez estaduais e do ex-governador Siqueira Campos (DEM), bastante reverenciado nos discursos. A vaga de vice ficou em aberto e o evento foi encerrado com uma aliança efetiva de sete siglas, que defenderam o projeto em prol da estabilidade do Estado.
Carlesse não conversou muito com a imprensa após a convenção, mas afirmou que tem até esta segunda-feira, 23, para decidir quem será o candidato a vice-governador do grupo formado por PHS, PRB, PPS, PMN, PTC, Democratas e Progressistas. Questionado, o interino afirmou que o critério para escolher o colega de chapa será a “condição” dele de assumir a administração estadual “na hora que precisar”.
Discurso
À militância, Mauro Carlesse lembrou de sua origem humilde, das dificuldades que enfrentou com a morte prematura do seu pai e do esforço da mãe para criar os filhos. O governador interino se emocionou ao falar do assunto. Sobre o posterior sucesso como empresário, o candidato humanista disse que teve “oportunidade” de crescer dentro de uma empresa, acrescentando que quer viabilizar esta mesma chance que teve para a sociedade tocantinense.
O governador interino afirmou que a vontade de ajudar a população que o fez se candidatar e, ao falar isto, adotou um discurso para não criminalizar a política e políticos. “Só tem um jeito de poder colaborar, entrando na política. É o político que vai resolver a massa das pessoas. Mas o bom político, que é diferente do aproveitador”, comentou.
Apesar da manifestação, o candidato humanista negou que fará uma carreira como político. “Quero a companhia de todos os deputados, vereadores e prefeitos para esta mudança. Não quero permanecer na política. É uma passagem que eu queria fazer”, disse. Carlesse argumentou que só quer deixar “uma marca” no Tocantins. “Assim como Siqueira Campos”, completou.
Ao falar da crise política na qual passa o Tocantins, Mauro Carlesse comentou que esperava uma “transição tranquila” e admitiu que “talvez nem seria candidato” se todos “tivessem esta compreensão”. “Mas a ganância é tão grande”, acrescentou. “Tem pessoas que quanto pior, melhor. É para dizer que ele é o salvador de vocês”, disparou.
Industrialização prejudicada pela insegurança
Carlesse ressaltou o projeto municipalista, mas deixou o mote um pouco de lado e no discurso defendeu a necessidade da industrialização do Tocantins, prejudicada pela crise política.
“O empresário está sendo largado porque a insegurança jurídica não dá condições para instalar uma indústria. Nós temos que industrializar este Estado. Mas precisa de projeto. Nós temos condições de fazer do nosso Estado o melhor do País. Tem ferrovia, estradas para todo lado, energia”, elencou.
Palanque cheio
Quatro deputados federais estiveram na convenção humanista: César Halum (PRB), Lázaro Botelho (PP), Dorinha Seabra (DEM) e Carlos Gaguim (DEM). Parlamentares do Estado também marcaram presença, como Wanderlei Barbosa (PHS), Toinho Andrade (PHS), Luana Ribeiro (PSDB), Olyntho Neto (PSDB), Cleiton Cardoso (PTC), Valderez Castelo Branco (PP), Eduardo Siqueira Campos (DEM), Eli Borges (SD), Eduardo do Dertins (PPS), Rocha Miranda (PHS).
Carlesse trouxe ainda o presidente nacional do Partido Humanista da Solidariedade (PHS), o deputado federal, Marcelo Aro; e o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS). Dirigente estadual do Partido da Mobilização Nacional (PMN) e pré-candidato à Câmara, Nuir Júnior também acompanhou a solenidade e delegou apoio.
Pela estabilidade
Pré-candidato a senador, César Halum falou sobre a posição do grupo formado por PRB, PPS e Progressistas, que decidiu apoiar Carlesse em prol da estabilidade. “O Tocantins passa por enormes dificuldades. O Estado está imobilizado, mas nós precisamos encontrar uma saída. Criou-se uma insegurança jurídica, uma instabilidade econômica que afastou os investidores”, avaliou.
“Agora precisamos encontrar o caminho da estabilidade. Por isso vamos apoiar com firmeza e segurança”, acrescentou ainda o deputado federal e pré-candidato ao Senado. César Halum chegou a citar o humanista como o “remédio” para a crise política. “Está decisão vai ajudar o Estado a resolver os graves problemas”, afirmou.
Dorinha Seabra fez coro ao colega de Câmara Federal. “Uma escolha pensando no nosso Estado. O Tocantins não merece esse troca-troca de governo”, afirmou. A deputada demonstrava preferência pelo senador Vicentinho Alves (PR) para o governo do Estado, mas o Democratas acabou optando por Carlesse.
Lázaro Botelho se manifestou no mesmo sentido. “Eu tenho certeza que nenhum tocantinense estava torcendo pelo impedimento de um governo, mas cumprimento da Justiça é um dever. Não podemos deixar nosso Estado um minuto sem governador. E dentre os candidatos, nós do Progressistas, PRB e PPS achamos que você é a melhor das opções. É jovem, dinâmico e sabe administrar”, exaltou.
Defesa de Siqueira e alfinetada em Amastha
Já Carlos Gaguim preferiu destacar a aliança em torno de Mauro Carlesse e exaltou, em especial, Siqueira Campos, de quem foi adversário na disputa de 2010 pelo Palácio Araguaia. Recém-filiado ao Democratas, o deputado federal acrescentou ainda que retirou a pré-candidatura ao Senado por entender que o ex-governador “merece ser senador”.
Gaguim aproveitou ainda para alfinetar o ex-prefeito de Palmas e candidato a governador na eleição suplementar, Carlos Amastha (PSB). O deputado federal fez questão de exaltar o trabalho das “lideranças” políticas. “Quem conhece o povo é vocês. Não vamos administrar esse estado por rede social. A rede social não sabe da realidade de dentro de casa, não passa fome”, disse. O pessebista é assíduo usuário de plataformas sociais.
Quem também mandou indireta para Carlos Amastha foi Wanderlei Barbosa, que chegou a ser aliado do pessebista. O deputado estadual colocou Mauro Carlesse como sendo o novo – assim como o ex-prefeito gosta de se colocar -, mas fez um contraponto. “Você é o novo que sabe respeitar os mais velhos, a história das pessoas. É isso que trouxe para cá Siqueira Campos. Tem gente que só aprendeu a xingar o mais velho, a xingar político, mas não faz nada direito”, disse.
Siqueira elogia Carlesse
Bastante badalado e citado por quase todos os políticos que fizeram o uso da palavra, Siqueira Campos rasgou elogios ao candidato humanista. “Não imaginam do que ele é capaz, no bom sentido. Do quanto é competente, corajoso, inteligente. Nós queremos que o Tocantins passe pelas mãos transformadoras de Mauro Carlesse. Tenho toda as razões para confiar, e o povo também”, disse.
“A gente governa para o povo, não para milionários, não é para comprar fazenda no Pará, não é para parar na Polícia Federal”, chegou a dizer Siqueira Campos no intuito de criticar adversários, esquecendo que ele próprio já foi ouvido pela PF, assim como Carlos Amastha e o governador cassado Marcelo Miranda (MDB).
Das lideranças regionais, também se manifestou o deputado estadual Eduardo Siqueira Campos (DEM), que colocou César Halum como pré-candidato ao Senado ao lado de do ex-governador e seu pai, Siqueira Campos; e também exaltou Carlesse. “Ao completar seus 30 anos, este Estado merece renascer novamente nas mãos de um gestor municipalista”, disse.
Também fizeram o uso da palavra os deputados estaduais Toinho Andrade, Valderez Castelo Branco, Eli Borges e Eduardo do Dertins. Prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil exaltou Siqueira Campos como “lenda viva” e a força do apoio do ex-governador a Mauro Carlesse. “Quem tem uma figura como Siqueira Campos ao lado não tem como errar”, disse.
Presidente nacional do PHS, Marcelo Aro também enalteceu Siqueira Campos. “Baluarte da política do Tocantins”, disse. O deputado federal demonstrou ainda otimismo com Mauro Carlesse. “Fiz questão de estar aqui para reafirmar compromisso com o teu projeto. Fará um dos melhores governos da história deste Estado”, reforçou.
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Governador: Mauro Carlesse (PHS)
Vice-Governador: define nesta segunda-feira
Coligação: PHS, DEM, PP, PRB, PPS, PTC e PMN