Thaís Ramalho
Especial para o CT
Após um dia de intensas negociações, o ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB) preparou uma chegada inusitada ao Espaço Cultural, já no início da noite deste domingo, 22, para oficializar sua candidatura a governador do Tocantins, para a eleição suplementar de 3 de junho. Ovacionado por militantes, o ex-prefeito entrou no recinto, decorado como se fosse uma rodoviária, de ônibus, acompanhado da prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB). No palanque, não poupou críticas aos adversários.
Amastha iniciou o discurso com as já tradicionais críticas à “familiocracria instalada no Tocantins”. Segundo ele, os políticos têm “a arte de enriquecer as suas famílias, enquanto se esquecem de cuidar do povo”. “Adoram cuidar das famílias: o Siqueira do Siqueirinha, o Marcelo da Dulcinha, a Kátia dos Katitos”, ironizou, como ja tinha feito em várias outras manifestações públicas.
Ele ainda alfinetou o ex-governador Marcelo Miranda (MDB) e disse, também repetindo uma fala ensaiada e já conhecida por outros discursos que fez, que foi o mais “democrático” que já governou o Tocantins: “Foi tão democrático que não escolheu prejudicar o Sudeste, o Bico do Papagaio. Aproveitou a oportunidade e prejudicou todos os tocantinenses de uma vez só”, afirmou em novo repeteco da fala.
O discurso de Amastha foi interrompido pela a chegada do petista Célio Moura. Durante todo o domingo, o PT esteve reunido com correligionários para definir os rumos na eleição suplementar, uma vez que tinha como pré-candidato ao governo o deputado estadual Paulo Mourão.
Nas últimas horas, as conversas com Kátia Abreu (PDT) tiveram uma reviravolta, que já que a senadora se recusou a ter como candidato a vice os nomes apresentados pelos petistas, o advogado Célio Moura e Márcia Barbosa. Sem acordo, o partido procurou por Amastha, que aceitou Célio Moura de vice, em troca do enorme tempo de TV e rádio do novo aliado.
“Lula, livre”
Amastha disse que o PT, que carrega a bandeira “Lula livre”, é “o sonho de qualquer chapa”. “Hoje é um dia histórico. Pela primeira vez na história do Estado, o PT vai executar o verdadeiro protagonismo. Célio é uma pessoa sem mácula, um advogado incrível. Vamos fazer no Tocantins a verdadeira mudança que o povo sempre esperou”, prometeu.
Já Célio Moura afirmou que o partido não teve resistência em se aliar a Amastha. “Muita gente esteve interessada em compor com o PT, mas fazemos isso democraticamente, escutando a todos. Assim, chegamos a uma definição sobre a escolha do vice e a composição. Tomada essa decisão, agora estamos preparados pra andar por todos os municípios do Tocantins”, enfatizou.
O petista disse também que levantará a bandeira da campanha “Lula livre” enquanto passar pelos municípios e, após soltura do ex-presidente, o convidará para vir ao Tocantins e subir no palanque de Amastha. “Nosso líder maior está preso sem crime cometido, sem provas, em um processo meramente político. É um momento de tristeza, mas levantamos essa bandeira em sua defesa e acreditamos que Lula estará livre para estar em um comício de Carlos Amastha”, frisou.
Apoio de Cinthia
A prefeita Cinthia Ribeiro reforçou que o seu apoio “sempre foi pela candidatura de Carlos Amastha”. Em seu discurso, ela revelou que esteve na convenção do seu partido, o PSDB, “apenas para cumprimentar os correligionários”. “O meu apoio é pela eleição de Carlos Amastha. O povo passa por momentos sofridos, de instabilidade política. Temos aqui, neste palanque, o melhor nome para colocar o Tocantins nos trilhos. Vamos rumo ao Palácio Araguaia”, conclamou.
No final do dia, Ataídes decidiu retirar sua pré-candidatura para a eleição suplementar e anunciou que não apoiará nenhum candidato. O PSDB acusa Cinthia Ribeiro de infidelidade partidária, ainda por conta do episódio de abril do ano passado, quando ela foi destituída da presidência metropolitana ao tentar formar o diretório do PSDB de Palmas. Após prometer celeridade ao processo, o presidente regional tucano, senador Ataídes Oliveira, praticamente parou de movimentá-lo.
“Vicentinho pagando mico”
O vereador Tiago Andrino (PSB) saiu em defesa do palanque de Amastha e afirmou que o ex-prefeito tem menos partidos na sua aliança porque “não negociou, nos bastidores, dinheiro em troca de apoio político”. Ele disse, ainda, que o candidato a governador Vicentinho Alves (PR) “está pagando mico fazendo convenção vazia” e que a candidata Kátia Abreu “está desesperada em busca de apoio”. “Somos um grupo pequeno, mas somos afinados, um grupo escolhido a dedo para representar o povo. Enfrentamos a batalha da opressão, mas estamos do lado correto e a nossa vitória é certa”, assegurou.
Judicialização
No campo jurídico é tida como certa a judicialização da candidatura do ex-prefeito, já que Amastha renunciou ao cargo somente no dia 3, quando a Constituição exige seis meses de desincompatibilização.
Governador: Carlos Amastha (PSB)
Vice-Governador: Célio Moura (PT)
Coligação: PSB, PT, PTB, Podemos, PCdoB, PSDC