A grave situação fiscal e financeira do Estado foi tema dos principais discursos durante a solenidade dos 30 anos do Tocantins promovida pela Assembleia Legislativa nessa terça-feira, 20. “Um Estado novo, que tem passado muitas dificuldades, mas que tem condições de se levantar”, avaliou o governador Mauro Carlesse (PHS).
Ele defendeu que “todos somos responsáveis” pela recuperação do Tocantins. “Não por quatro anos, mas para o futuro do Estado”, afirmou. Para isso, Carlesse afirmou que é preciso união e “mudança de pensamento”. “Se darmos as mãos e não ficarmos com vaidades, um achando que é melhor do que outro. Porque é um Estado que precisa de uma profunda mudança, até de pensamentos de pessoas que acham que naquele cargo ou naquela situação, ou naquela entidade, elas são melhores do que qualquer outro. Ninguém é melhor que ninguém”, disse o governador.
Ele lembrou que o povo tocantinense está “acreditando demais”. “Não só no Carlesse, mas em nós que temos a responsabilidade de poder mudar este Estado”, sustentou.
O governador disse que já está realizando essas mudanças e que vai continuar esse processo. “Temos que ter essa determinação e saber que não podemos errar. Porque, se errarmos, o preço é muito caro, e quem vai pagar é a população, é o povo mais humilde”, avisou.
Carlesse chamou os demais Poderes para uma parceria pelo Estado. “Nós temos que conversar e definir uma parceria para juntos fazermos um Estado melhor”, sugeriu.
Grande oportunidade
A crise do Estado também foi tema do discurso de um dos homenageados, o ex-governador Moisés Avelino (MDB), hoje prefeito de Paraíso. Para ele, Carlesse tem “uma grande oportunidade”. “De mostrar que é capaz de consertar as finanças deste Estado, mas, para isso, eu disse ao senhor outro dia, o que tem que se fazer é agora. Não deixe para fazer depois porque não será mais capaz”, aconselhou.
Para Avelino, as “medidas amargas” têm que “surgir agora no início do governo, a partir de janeiro”. “Mas amanhã virá o futuro com as benesses de se consertar as finanças, porque através dela se conserta tudo, saúde, educação, segurança, a ação social”, previu.
Ex-governador e político experiente, o prefeito de Paraíso fez um alerta a Carlesse: “Muito cuidado com quem bate palmas ao senhor, todos os dias. Para nos elogiar, nos incentivar. Mas ouça muito as pessoas que têm coragem de dizer ‘o senhor não acha?’, ‘o senhor não pensa assim?’. Porque está nos dando a oportunidade de pensar, mudar e até consertar os nossos erros”.
Desarmonia inaceitável
Falando em nome dos colegas, o deputado estadual Ricardo Ayres (PSB) fez um discurso incisivo sobre a degradação das contas do Estado nos últimos anos, chamando homenageados e líderes presentes à solenidade à reflexão sobre o Tocantins. O parlamentar resumiu a história da emancipação e das conquistas vindas dela, mas atacou também o momento difícil a que o Tocantins chegou por “falta de planejamento, clientelismo partidário e corrupção”. “Que promoveram, de forma desonesta, a redução da capacidade de investimentos em políticas sociais e na infraestrutura”, disparou.
Para Ayres, a inação do Executivo tem prejudicado “a cidadania tocantinense com orçamentos cada vez mais irreais e incondizentes com a nossa realidade”. “Tirando do povo para alimentar seu próprio corporativismo, favoritismo e muitos privilégios, alguns dos quais existentes neste próprio Parlamento”, disse numa autocrítica à AL.
Para o deputado, o Estado assiste agora “a busca de afirmação de cada Poder e órgão, que produz uma desarmonia inaceitável e acaba por permitir um Poder aviltar o outro, com gestos extremos, nunca antes imaginados”.
Ayres avaliou que os orçamentos dos órgãos “crescem exponencialmente em detrimento do Poder Executivo, deixando de lado o destinatário destas políticas, a nossa população”. “Nos libertamos de Goiás, mas ainda não da miséria e da falta de oportunidade”, afirmou.