O vencimento da Medidas Provisórias do Executivo continua repercutindo. A sessão da Câmara de Palmas desta terça-feira, 13, levou vereadores à Tribuna para comentar a extinção da Secretaria Municipal de Regularização Fundiária. A falta de diálogo e liderança da prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB) foi a principal crítica feita pelos parlamentares. Apenas Hélio Santana (PV) afirmou que votaria favorável à matéria do Executivo.
Cinthia escolheu correr o risco
Rogério Freitas (MDB) foi o primeiro a discursar e não poupou críticas à Prefeitura de Palmas, principalmente pela modalidade escolhida por Cinthia Ribeiro para propor a criação da nova secretaria, bem como a falta de diálogo. “Quem escolhe governar sem conversar tem que correr o risco de não ter a Medida Provisória regulamentada”, afirmou o emedebista, acrescentando ainda que a participação do Executivo limitou-se a uma visita do secretário de Governo de Palmas, Carlos Braga, “no dia que a MP perderia a eficácia”.
Fraqueza e desarticulação
O emedebista continuou e expôs certa falta de liderança da prefeita de Palmas. O vereador destacou que os vereadores não são responsáveis pela frequentes trocas de secretários e brigas internas do Executivo. “A escolha foi feita por ela”, resumiu Rogério Freitas, que acrescentou: “Perder uma votação de Medida Provisória demonstra fraqueza, desarticulação. E fraqueza e desarticulação não pode ser atribuída à Câmara”.
Deveria pedir desculpa
Outro que já vem criticando o Executivo após as postagens de Cinthia Ribeiro no Twitter é Milton Néris (PP), tido como um dos principais aliados da prefeita na Câmara. Na Tribuna, o vereador reforçou o discurso e lamentou a posição da chefe do Executivo apesar do apoio dado pelo legislativo até, citando em especial a aprovação do Orçamento com a possibilidade de 30% de remanejamento. “Em hipótese alguma este Parlamento colocou pedra no caminho da prefeitura. A prefeita deveria pedir desculpa para a Câmara Municipal porque foi injusta”, defendeu.
Não é cargo que mantém base
O progressista também demonstrou insatisfeito com a falta de liderança de Cinthia Ribeiro, que perde apoio do legislativo apesar de ceder espaço na administração. “O fato de ter indicação na prefeitura não vai fazer o vereador deixar de pensar e falar o que acha que é certo. Quero estar em um grupo para ter a liberdade de falar o que eu penso. Não é cargo que indiquei que vai me manter na base da prefeita. O que vai me manter na é um projeto claro”, deu o recado o vereador Milton Néris, que completou: “Não nos quer longe, mas também não nos quer perto”.
Não é possível avaliar secretaria
Destoando dos discursos, Hélio Santana (PV) também foi à Tribuna, mas para defender que as MPs do Executivo deveriam ter sido apreciadas pela Câmara. “Elas foram discutidas, passaram pelas comissões. Eu gostaria de ter votado e ia votar favorável às Medidas Provisórias”, disse o vereador. O pevista também rebateu as críticas de alguns colegas de que a Secretaria de Regularização Fundiária não realizou nada no período em que existiu. “120 dias não são suficientes para avaliar o trabalho de um corpo técnico”, justificou.
Que sirva de exemplo
Quem também foi no mesmo sentido de defender que o legislativo deveria ter pautado as MPs foi o Lúcio Campelo (PL). “Não pautar está errado. Não é democracia”, resumiu o vereador. Apesar do comentário, o parlamentar não deixou de criticar a prefeita pelas manifestações “genéricas” contra todo o Parlamento. Entretanto, o liberal acabou por minimizar o episódio e disse esperar que o mesmo sirva de lição. “Houve equívoco dos dois lados. Espero que este fato sirva de exemplo e de maturação para que o diálogo seja de fato estabelecida entre o Poder Legislativo e o Executivo”, comentou.
Críticas uniram a Câmara
Já Tiago Andrino (PSB) pautou o discurso na união do Parlamento diante das críticas de Cinthia Ribeiro. “Tentar nos imputar qualquer responsabilidade é um erro grave. A Câmara nunca deixou de pautar a regularização fundiária”, disse o pessebista em referência a aprovação de Leis sobre o tema. “Um erro grande [a posição da chefe do Executivo]. Isto unificou a Câmara em uma pauta que é nossa, que independe de partido, de oposição. A regularização não tem partido”, resumiu.
Amastha respeita vereador
Ausente em boa parte de sessão, o presidente da Câmara de Palmas, Marilon Barbosa (PSB), também fez o uso da palavra para criticar Cinthia Ribeiro ao, ironicamente, exaltar a postura do ex-gestor, o correligionário, mas adversário Carlos Amastha (PSB). “Não tô aqui para falar bem do Amastha não, mas nunca marquei uma audiência com para não me atender. Ele respeita vereador”, disse o pessebista ao revelar que a atual mandatária jamais o recebeu pessoalmente e que sequer responde mensagens.