O debate entre os candidatos a governador na TV Record Tocantins, no início da noite dessa sexta-feira, 2, foi marcado pela discussão de ideias e críticas ao governo do Estado, mas sem ataques pessoais, apesar de algumas alfinetadas de parte a parte. Todos os concorrentes ao Palácio Araguaia, de partidos com pelo menos cinco representantes na Câmara Federal, participaram do confronto – o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), Ronaldo Dimas (PL), Irajá Silvestre (PSD), Paulo Mourão (PT) e Karol Chaves (Psol).
MULHERES NA GESTÃO
O alvo principal do debate, como não poderia deixar de ser, foi o governador Wanderlei. Já na primeira questão, Irajá procurou promover uma de suas principais bandeiras de campanha, a paridade entre homens e mulheres na gestão pública estadual. Ele quis saber quantas secretarias tem na administração Wanderlei e quantas mulheres ocupam postos de comando nessas pastas. O governador saiu pela tangente, e o candidato do PSD registrou isso, lembrando que são 38 secretarias no atual governo, das quais apenas duas ocupadas por mulheres. Irajá garantiu que em seu governo, caso seja eleito, 50% das principais pastas serão delas.
CUTUCADA EM DIMAS
O governador também aproveitou em seguida para a cutucar aquele que tem aparecido em segundo lugar nas últimas pesquisas eleitorais, o ex-prefeito de Araguaína Ronaldo Dimas, a quem acusou de não investir no social nas duas gestões que fez na cidade. O opositor ao Palácio negou que tenha se omitido na área social. Lembrou da construção de 7 mil casas – 6 mil nos seus governos e mais mil no do seu sucessor, Wagner Rodrigues (SD) – e devolveu a acusação de que, segundo ele, seria o atual gestor que estaria negligenciando a área social. “Os governos tampões só tem prejudicado a população e o que vemos agora é uma repetição do caos”, contra-atacou Dimas.
Wanderlei respondeu com uma dose de ironia: “Somos mesmo governo tampão: o que tampa e conserta as estradas do estado”, disse.
MODELO EQUIVOCADO
Mourão, que domina como poucos os números da economia e da gestão pública do Tocantins, ao responder o candidato do PL sobre a saúde fiscal do estado, avaliou que o atual modelo de gestão continua equivocado. Segundo o petista, apenas 3% da Receita Corrente Líquida são destinados a investimentos, enquanto, afirmou, a população sofre com o desemprego, um dos maiores do país, observou, e a fome. “O governo tapa buraco do asfalto, mas não o da fome, o da saúde e o da qualidade da educação”, afirmou.
50 MIL EMPREGOS
Irajá, ao responder pergunta da Federação Das Indústrias do Tocantins (Fieto), co-promotora do debate, lembrou que o estado é o quarto mais pobre do Brasil e que tem a maior carga tributária, 18% de alíquota interestadual, enquanto, ilustrou, Minas Gerais e São Paulo cobram 7%. O candidato do PSD garantiu que, se eleito, vai colocar alíquota tocantinense no mesmo patamar da cobrado por paulistas e mineiros. Segundo defendeu, isso vai gerar 50 mil empregos aos tocantinenses.
Também respondendo a pergunta da Fieto, Dimas disse que o emprego e renda sempre foram prioridades em suas gestões. Ele lembrou que o poder público tem o papel de indutor do desenvolvimento. No entanto, criticou o fato de o atual governo do estado não ter credibilidade para implantar políticas de atração de investimentos.
RECUPERA ESTRADAS, NÃO TAPA BURACOS
O governador Wanderlei negou que seu governo esteja fazendo apenas operação tapa-buraco nas estradas. “Nós estamos é recuperando as estradas tocantinenses, não tapando buracos”, garantiu. Ele defendeu que a gestão também visa a geração de emprego e renda e o aumento da competitividade da economia. E garantiu que o governo vem obtendo bons resultados, como o aumento de empregos com carteira assinada. Na área tributária, lembrou que o Tocantins foi o único estado que não aumentou o IPVA para este ano, e no setor social ressaltou as 7 mil cirurgias eletivas realizadas nos seus 10 meses de governo.
ELEVAÇÃO DA NOTA DO ESTADO
Ao contrário do que afirmaram seus opositores, que colocaram em xeque os indicadores fiscais do Estado, Wanderlei lembrou da recente decisão da Secretaria Nacional do Tesouro de elevar a classificação do estado da nota “C” para “B”. “Porque melhoramos a política fiscal”, garantiu o governador.
Ele ainda afirmou já ter autorizado a formatação do edital do concurso para educação, lembrou do pagamento da data-base progressões dos servidores e ressaltou que sua gestão está recuperando escolas.
CONCURSOS
A candidata do Psol, Karol chaves, observou que o fato de o debate contar com apenas uma mulher diz muito sobre a política tocantinense. Ela defendeu concursos para a educação e a saúde. Também se colocou contra a familiocracia na política tocantinense.
QUEM APOIA PARA PRESIDENTE?
Nas suas considerações finais, o candidato do PT, Paulo Mourão, cobrou que o governador Wanderlei Barbosa revele quem que ele apoia para presidente da República. “Político tem que ter oposição”, defendeu o petista, que sempre exalta o seu candidato a presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.
HISTÓRIA PARECIDA COM A DE TODOS
Irajá, apesar de filho de fazendeira e de política tradicional do Tocantins, a senadora Kátia Abreu (progressistas), garantiu que sua história é muito parecida com a da maioria dos tocantinenses, como ele mesmo disse durante o debate, um dos estados mais pobres do Brasil. O candidato lembrou ter sido office-boy, menor aprendiz e emancipado aos 15 anos para abrir uma pequena empresa. E garantiu que sua gestão vai ser “do emprego” e ainda que vai “acabar com a pobreza do Tocantins”.
NÃO É MÁGICO NEM JOGADOR
Dimas se definiu como “um cidadão indignado” com todas as coisas erradas do estado e pediu o voto de confiança do eleitorado. “Não sou mágico, mas também não sou jogador. Sou um trabalhador ao seu dispor”, concluiu sua participação.
ATÉ A OPOSIÇÃO JÁ ELOGIOU
Wanderlei ressaltou os avanços, segundo ele, do estado em seus dez meses de gestão. O governador garantiu que até a oposição em algum momento já elogiou seu desempenho. “Desejo continuar melhorando os indicadores e a vida dos tocantinenses”, afirmou.
Assista a íntegra do debate da Record Tocantins:
PARTE 1
PARTE II