A agenda do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) com produtores rurais na segunda-feira, 13, não agradou em nada a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), Alternativas para a Pequena Agricultura (APA-TO), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Pastoral da Terra (CPT) e outras 13 entidades que assinaram uma carta para manifestar “muita preocupação” com o discurso adotado. O chefe do Poder Executivo foi categórico ao afirmar que o Estado “não permitirá invasões de terra no território” ou “insegurança jurídica no campo” [veja também vídeo no final da matéria].
TOCANTINS MARCADO POR DESIGUALDADES ECONÔMICAS E SOCIAIS NO CAMPO
A preocupação das 19 entidades que assinam o documento é justificada pelo histórico tocantinense nas questões agrárias. “Historicamente o Estado foi marcado por inúmeras violações de direitos humanos dos povos do campo, do cerrado, das águas e das florestas a exemplos de grilagens de terras, expulsões, expropriações, despejos, ameaças, assassinatos e trabalho escravo”, lista a carta, citando como exemplos o assassinatos do padre Josimo Tavares, em maio de 1986, e de Raimundo Nonato Oliveira, o Cacheado, em dezembro do ano passado. “São marcas de um Tocantins violento e marcado por grandes desigualdades econômicas e sociais no campo, tendo na concentração da propriedade da terra, privada, excludente, uma das suas características”, acrescenta.
NARRATIVA DA VIOLÊNCIA ANUNCIADA NÃO CABE
O grupo faz duras críticas ao tom adotado por Wanderlei Barbosa. “A narrativa da violência anunciada pelos governantes não cabe no momento histórico por que passa o povo brasileiro, pois vivemos em um Estado Democrático de Direito, temos rejeitado o autoritarismo há várias décadas. […] Não pactuamos com discursos de ódio, violentos e jamais aceitaremos que as nossas vozes sejam silenciadas pelo autoritarismo. A nossa luta é pautada pelo diálogo permanente com a sociedade, os governos e as instituições democráticas”, pontuou.
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DESENVOLVIMENTO NÃO PASSA PELO POLICIAMENTO
O documento aproveita para reforçar as principais pautas que defendem. “O verdadeiro desenvolvimento social e econômico para o campo tocantinense não passa pelo policiamento e a militarização da questão fundiária, mas primordialmente pela democratização do acesso à terra, a defesa dos territórios e de seus povos que lutam e resistem à discriminação secular. […] A paz no campo virá com a garantia do acesso à terra aos camponeses/as, com a demarcação das terras indígenas e quilombolas, com a garantia dos direitos das quebradeiras de coco babaçu, dos pescadores, ribeirinhos e extrativistas, com o respeito da dignidade do trabalho”, destaca.
Confira o vídeo gravado pelo governador durante encontro com produtores rurais: