Em um ato realizado na tarde desta quinta-feira, 12, com a presença dos presidentes da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP), o governador Mauro Carlesse (DEM) lançou o programa “Governo Municipalista”, que tem uma projeção de investimentos de R$ 759,8 milhões em todo o Estado. Do total, R$ 583 milhões virão de empréstimos a serem firmados com a Caixa Econômica Federal (CEF), também presente na solenidade. Ao todo, 132 prefeitos acompanharam o evento.
Instrumento jurídico
Com a expectativa de ver a assinatura dos contratos de empréstimos, os prefeitos foram surpreendidos ao ver que o cerimonial anunciou que o acordo firmado entre Carlesse e a CEF tratava-se de um “instrumento jurídico com objetivo de manifestar o interesse das partes em entregar ações conjuntas para viabilizar operação de crédito”. Os gestores viram isto como um mero protocolo de intenções. Conforme levantado pela Coluna do CT, a contratação já está garantida e que o documento assinado tratou-se de mero ato político.
Estado só precisa licitar obras
Em nota à Coluna do CT, a Secretaria de Comunicação Social do Tocantins (Secom) esclareceu que o Estado só precisa lançar a licitação de todos os projetos para em seguida iniciar as obras. Os pagamentos acontecerão de acordo com a medição das obras.
Geração de 20 mil empregos
O governador fez um discurso breve na solenidade. Mauro Carlesse agradeceu os políticos presentes e comemorou o fato o processo para garantir os investimentos estar na “reta final” após dois anos. “Vai gerar mais de 20 mil empregos e é isto que dá dignidade do nosso povo”, destacou.
Reivindicações
Mauro Carlesse aproveitou a presença do presidente da República e listou algumas reivindicações do Estado, citando a Travessia da Ilha do bananal, a pavimentação da rodovia para o Jalapão, a Ferrovia Leste-Oeste, a conclusão da BR-010 e a construção de um hospital universitário para a Universidade Federal do Tocantins (UFT).
Ajudar a melhorar a imagem do Brasil
O governador ainda fez uma menção à defesa do Meio Ambiente, uma das pautas mais frágeis do presidente Jair Bolsonaro, que sofre uma forte pressão internacional devido ao desmatamento da Amazônia, entre outros tópicos. Mauro Carlesse foi solidário ao mandatário. “Nós preservamos sim! O Brasil defende sim a proteção ambiental. Queremos ajudar o senhor neste sentido: melhorar a imagem do Brasil”, disse o tocantinense.
Meio Ambiente Xiita
Já o presidente Jair Bolsonaro ignorou o teor do evento – o lançamento do programa “Governo Municipalista” – e focou o discurso na defesa das pautas do governo federal. Apesar da sinalização de solidariedade do governador no âmbito ambiental, por exemplo, o mandatário manteve o discurso polêmico em relação ao tema. “Não compactuamos com a forma xiita que tratam o meio ambiente”, anotou o chefe da República, que ainda criticou o que chamou de “indústria da multa” do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Família, religião e pau de arara
Jair Bolsonaro ainda aproveitou para levantar as suas bandeiras recorrentes, como defesa do que chama de “família tradicional”, sendo esta a união do homem com uma mulher. “Parece uma coisa que não é importante, mas é”. Também defendeu a religião. “O Estado é laico, mas eu sou cristão”. Atacou os universitários. “O que se faz nas universidades? Fazem tudo menos estudar”. E garantiu uma agenda de combate à corrupção. “Se aparecer [casos de corrupção] eu boto no pau de arara o ministro”, disparou.
Desidratação de projetos
Mesmo com a presença de Davi Alcolumbre, Jair Bolsonaro não deixou de criticar o Congresso Nacional por alterar os projetos enviados pelo Palácio do Planalto. “Isto não pode acontecer”, reclamou o presidente, citando como exemplo a proposta de mudança do Código de Trânsito para aumentar a validade da carteira de cinco para 10 anos e também o seu número de pontos de 20 para 40. “O relator mudou tudo, incorporou 111 emendas, e no que queria ser atendendido, não fui”, lamentou.
Era baixo clero, o Gaguim sabe
Ao reclamar das alterações feitas em projetos de autoria do governo federal, Jair Bolsonaro lembrou que foi deputado federal por quase 30 anos e que por isso conhece o Congresso Nacional. O presidente admitiu que fazia parte do “baixo clero” da Câmara e emendou com um “[Carlos] Gaguim sabe”, em referência ao parlamentar tocantinense.
Cobertura virtual e sem coletiva
Ao chegar para cobrir o lançamento do programa “Governo Municipalista”, a imprensa tocantinense foi surpreendida pela equipe de comunicação da Presidência da República ao ser direcionada para a sala de reuniões do Palácio Araguaia, e não ao auditório, onde aconteceu o evento. Os jornalistas não puderam acompanhar a programação presencialmente, mas sim por meio de duas televisões que transmitiram a solenidade. Jair Bolsonaro ainda decidiu não conceder entrevista coletiva, apesar de haver estrutura montada para isto.
Direito à palavra
Também tiveram direito de fala na solenidade os presidentes da CEF, Pedro Guimarães, do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), o tocantinense Gilson Machado; e da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Coodevasp), Marcelo Andrade, que anunciou abertura de escritório do órgão no Tocantins em 2020. O líder do governo Bolsonaro no Congresso Nacional, senador Eduardo Gomes (MDB), e Davi Alcolumbre também discursaram.
Presença de Siqueira e João Ribeiro lembrado
O ex-governador Siqueira Campos prestigiou o lançamento do programa “Governo Municipalista” e foi reverenciado não só por Mauro Carlesse, mas também pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e Eduardo Gomes. O senador tocantinense ainda fez questão de fazer uma menção para homenagear João Ribeiro. “A história de um municipalista que todos guardam com muito carinho”, afirmou.