A ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) Francieli Fantinato prestou depoimento nesta quinta-feira, 8, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid e afirmou que o Brasil não teve uma campanha efetiva em prol da vacinação na pandemia.
“Faltou para o PNI, sob a minha coordenação, quantitativo suficiente para a execução rápida de uma campanha, e campanhas publicitárias para a segurança dos gestores, profissionais de saúde e população brasileira. Para um programa de vacinação ter sucesso, é simples – é necessário ter vacinas, é necessário ter uma campanha publicitária efetiva. E, infelizmente, eu não tive nenhum dos dois”, disse Fantinato.
Pressionada pelos senadores sobre o quanto as falas do presidente Jair Bolsonaro contra as vacinas afetou a campanha, a ex-chefe do PNI ressaltou que “todas as pessoas são responsáveis” para que a vacinação seja um sucesso e que todos os membros do governo e da sociedade devem seguir a mesma direção, de maneira “uniforme” e com o mesmo teor.
Questionada sobre os motivos de deixar seu posto, a exoneração foi publicada nessa quarta-feira, 7, Fantinato atrelou a saída à “politização” sobre os imunizantes.
“A politização chegou em um limite que eu decidi caminhar com as minhas questões pessoais. Essa politização do assunto trouxe para mim uma condição de investigada sem ter sido ouvida, sem que eu tivesse oportunidade nem de falar”, acrescentou.
Após cerca de três horas de depoimento, porém, os senadores da Comissão aprovaram que Fantinato fosse retirada da lista de investigados da CPI e que a quebra de seus sigilos telemáticos e bancário fosse suspensa. A ex-servidora agradeceu o gesto e mostrou alívio com a decisão.
Fantinato ainda afirmou, por mais de uma vez, que o coronel Elcio Franco era o segundo na ordem de comando do Ministério da Saúde durante a gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello, que é general da ativa.
Conforme seu depoimento, veio de Franco, por exemplo, a decisão de retirar os presidiários da lista de prioridades da vacinação da Covid-19, algo que os profissionais do PNI não indicavam.
Fantinato afirmou que a população carcerária brasileira vive em condições insalubres e em espaços superlotados, o que favorece a disseminação da doença.
Disse ainda que se recusou a seguir a determinação da Secretaria-Executiva da pasta para retirar os detentos da prioridade, mas que Franco deu a palavra final sobre o tema e eles foram retirados da lista de prioridades do PNI.
A ex-chefe do PNI destacou que foi necessário fazer uma definição dos grupos prioritários porque “imaginamos que não conseguiríamos vacinar, num primeiro momento, toda a população brasileira”.
“Definiram-se objetivos para a vacinação, que eram, primeiramente, a manutenção da força de trabalho do setor saúde porque a gente precisava que esses profissionais estivessem vacinados para poder atender a população brasileira. Na sequência, aqueles que mais morriam por comorbidade e mortalidade e, na sequência, a manutenção do funcionamento dos serviços essenciais”, explicou.