As formas de violência contra a mulher se atualizam e se manifestam já sem nenhum filtro: estupro, abuso sexual, feminicídio, lesbocídio, violência física, familiar, obstétrica, patrimonial, institucional e ainda a violência moral caracterizada por qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. Esse conjunto de atos que atentam contra a saúde, integridade física e vida das mulheres configura uma seríssima violação dos direitos humanos.
[bs-quote quote=”Em que pese todo esse passado de luta, os direitos das mulheres continuam a ser negados em grande parte do mundo” style=”default” align=”right” author_name=”GERMANA PIRES” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2020/03/GERMANA_PIRES_180.jpeg”][/bs-quote]
O dia 8 de março, que tem suas referências históricas na grande passeata das mulheres em 26 de fevereiro de 1909, em Nova York, em que o Partido Socialista dos EUA reuniu em protesto mais de 3 mil pessoas no centro da cidade, é a data para se lembrar que a luta é diária contra todas as formas de violência contra a mulher. Em 1910, durante a II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas na Dinamarca, uma resolução para a criação de uma data anual para a celebração dos direitos da mulher foi aprovada por mais de cem representantes de 17 países.
Em que pese todo esse passado de luta, os direitos das mulheres continuam a ser negados em grande parte do mundo. No Brasil de 3 a 4 mulheres por dia perdem suas vidas para a contabilidade perversa da violência de gênero, só no último ano foram 1.310 vítimas de feminicídio, o que representou um aumento de 7,2% em relação ao ano anterior. Esse cenário reforça a visão de que sempre que os direitos individuais são postos em risco, as mulheres são as primeiras a sentir na pele o estágio rarefeito da democracia e pagam o preço com os seus corpos.
Em países em desenvolvimento, a exemplo do Brasil, a condição de dependência financeira de uma parcela considerável das mulheres as coloca em uma situação de vulnerabilidade e dependência em relação ao companheiro em que via de regra, a mulher sofre violência doméstica pela dependência financeira e emocional que contribuí para que não denuncie e permaneça no ciclo de violências que se repete, repercutindo na saúde física e mental dela.
É necessário que se estabeleça e reforce políticas públicas de identificação das diversas formas de violência contra as mulheres, e que se trabalhe de forma intersetorial para mudar a cultura que divide mulheres e homens e os diferencia, tornando-os seres alvos de tratamentos que privilegia um em detrimento do outro. A educação, a saúde, a segurança pública, a arte, a cultura e os espaços de subjetivação podem tomar para si a responsabilidade de mudar essa realidade.
Neste 8 de março de 2020, sairemos as ruas para combater horizontes fascistas de retirada de direitos constitucionais/fundamentais: previdenciários, direito à saúde, à segurança, à educação, ao trabalho digno, direito a tomar a decisão sobre o seu corpo, direito a viver!
GERMANA PIRES
Arquiteta, professora da Universidade Federal do Tocantins -UFT, coordenadora da União Brasileira de Mulheres – Tocantins, pré-candidata a Prefeita de Palmas pelo PCdoB
gerpires@gmail.com