O sócio-majoritário da gestora da Tercon, de mesmo nome do fundo, Luiz Fernando Vasconcellos, prestou depoimento nesta terça-feira, 18, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as aplicações temerárias do Instituto de Previdência Social de Palmas (PreviPalmas). O engenheiro relatou que chegou a sugerir a devolução de recursos do PreviPalmas para garantir o enquadramento do instituto, mas a decisão foi barrada pela CM Capital Markets, a administradora na época.
Luiz Fernando disse à CPI que nunca teve contato com membros do PreviPalmas para convencê-los de fazer o investimento, pelo contrário, o interesse teria partido exclusivamente do instituto. “Nunca fizemos nenhum esforço comercial perante Palmas”, disse o sócio-majoritário da Tercon, que esclareceu que foi a Reag Investimentos que informou sobre a intenção do órgão palmense.
“Reag nos informou que existia um interesse por parte do PreviPalmas de fazer o investimento conosco. Mandamos uma recomendação de investimentos de R$ 30 milhões”, conta Luiz Fernando, que confirmou que o envio destas sugestão coube ao antigo gerente da Tercon, Luiz Leme. O presidente da comissão, Milton Néris (PP), citou o nome do diretor de investimentos da época, Fábio Costa Martins, mas o engenheiro não soube precisar se as tratativas – por meio de email – foram com ele.
O sócio-majoritário da Tercon confirma que o PreviPalmas “nem se interessou em outro fundo”, mas não explicou o motivo da certeza. “Nem nos perguntamos”, acrescentou. Conforme Luiz Fernando, o envio da recomendação ocorreu em meados de 2017. Os investimentos de fato ocorreram entre o final daquele ano e o início de 2018. Sobre o alerta de interesse ter sido dado pela Reag, o engenheiro esclareceu que isto ocorreu porque o grupo tinha conhecimento que a Tercon se interessava em investir em fundos dela.
Tercon buscou a devolução
Ao ser questionado sobre a relação com os atuais gestores e administradores do fundo que passou a ser chamado Wings, Luiz Fernando revelou que a Tercon tentou enquadrar o instituto palmense com a devolução de parte do investimento feito. “Nós fomos destituídos pela nossa insistência em devolver os recursos do PreviPalmas. E depois que fomos afastados da gestão, não tive conhecimento”, afirmou aos vereadores.
O sócio-majoritário da Tercon revela que o contato com o PreviPalmas ocorreu apenas após troca da gestão e o encontro foi justamente para tratar dos investimentos temerários feitos na presidência de Maxcilane Fleury. Luiz Fernando conta que a exigência inicial do instituto era que todo o dinheiro aplicado fosse devolvido, mas ponderou que “não teria obrigação de acompanhar regulamentos internos” da entidade, mas se comprometeu com o enquadramento.
Para garantir o enquadramento por meio da devolução de parte dos recursos do PreviPalmas, Luiz Fernando esclareceu que destinou os valores para ativos líquidos que permitiram o saque imediato e notificou extrajudicialmente a CM Capital Markets para que efetuasse a devolução ao PreviPalmas. Entretanto, segundo o sócio majoritário da Tercon, a administradora teria se recusado a devolver qualquer quantia.
O engenheiro alega que mantinha total consonância com a empresa em todos os procedimentos até aquele momento: recebimento das duas aplicações de R$ 10 milhões e recusa à terceira investida de mesmo valor. A dissonância veio somente quanto ao enquadramento, que segundo alega, foi uma decisão exclusiva da CM Capital Markets.
Em relação ao aceite do investimento do PreviPalmas apesar do instituto não ser considerado investidor qualificado, Luiz Fernando argumentou que esta “obrigação de fazer esta conferência de documento é do administrador”, jogando a responsabilidade novamente para a CM Capital Markets.
Ouvido pela CPI na segunda-feira, 17, o presidente da CM Capital Markets, Arthur Farme d´Amoed, não soube explicar porque os outros R$ 20 milhões não foram devolvidos pelo mesmo motivo de descumprimento das normas pelo PreviPalmas. O advogado sequer conseguiu apontar de quem era a responsabilidade por esta conferência.