O candidato da Rede Sustentabilidade, Márlon Reis, afirmou que a maior crise da história do Tocantins é resultado da “péssima gestão daqueles que comandaram o Estado desde sua criação”. “Foram eles que levaram o Tocantins para o abismo em que se encontra hoje. Geriram mal as contas públicas, fizeram política com o dinheiro do povo. Não tiveram espírito público para enfrentar os problemas e resolvê-los. A corrupção corroeu a administração estadual. Isso tem que acabar”, afirmou Márlon.
Entrevistado da série do CT desta sexta-feira, 18, o candidato defendeu que as contas do Estado precisam passar “por uma profunda auditoria”. “Temos que fechar as torneiras do desperdício e identificar os desmandos. A qualquer indício de irregularidade, os responsáveis serão denunciados”, avisou.
Para ele, o Tocantins tem aumentado ano após ano sua receita, mas incorre num erro que é gastar mais do que arrecada. “Com uma gestão eficiente e o combate contundente à corrupção na máquina pública, o Tocantins sairá do caos administrativo e retomará o crescimento, assegurou.
Márlon defendeu ainda que o governo precisa adotar “a postura de colaborador, parceiro da iniciativa privada”. “O Estado tem que entender que não deve ser ele o maior gerador de emprego e renda. Essa postura levou o Tocantins para o abismo administrativo”, avaliou.
Confira a seguir a íntegra da entrevista com Márlon Reis:
[bs-quote quote=”Não sou político e o que me fez entrar na política e ser candidato ao governo do Tocantins foi porque me senti no dever de fazer a minha parte e mudar essa realidade na qual nosso Estado se encontra. Se virarmos as costas, os maus políticos continuarão se aproveitando do dinheiro que é do povo” style=”default” align=”left” author_name=”MÁRLON REIS” author_job=”É candidato a governador pela Rede Sustentabilidade” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/05/Marlon_Reis60.jpg”][/bs-quote]
CT — O governo do Tocantins deve R$ 1,3 bilhão para fornecedores, prestadores de serviços, consignados e Igeprev. Tem um passivo de mais de R$ 1 bilhão de direitos trabalhistas. Está desenquadrado em relação à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), com quase 55% de comprometimento da Receita Corrente Líquida com a folha. Todos os últimos governadores prometeram uma mudança radical na vida do Estado, mas, ao assumirem, apenas reclamaram da “herança maldita”. Como se vê, já é totalmente conhecido o caos financeiro e fiscal do Tocantins. Se assumir o Palácio Araguaia, o sr. considera que ainda terá direito de se dizer surpreendido pelos números? E o que fazer diante de tamanho caos administrativo, financeiro e fiscal?
Márlon Reis — O Tocantins enfrenta hoje a maior crise de sua história. É o resultado da péssima gestão daqueles que comandaram o Estado desde sua criação. Foram eles que levaram o Tocantins para o abismo em que se encontra hoje. Geriram mal as contas públicas, fizeram política com o dinheiro do povo. Não tiveram espírito público para enfrentar os problemas e resolvê-los. A corrupção corroeu a administração estadual. Isso tem que acabar.
Temos consciência dos desafios que vamos enfrentar e sabermos como resolver. O governo deve cerca de R$ 130 milhões de repasse do duodécimo para os poderes. Deve mais de R$ 350 milhões para o Igeprev. Não repassa às instituições financeiras os consignados em folha. Deve mais de R$ 60 milhões para a BRK, que coloca em risco o fornecimento do serviço de saneamento em várias cidades. Deve quase R$ 140 milhões para fornecedores da saúde. É uma conta imensa que está provocando uma crise grave no governo.
As contas do Estado precisam passar por uma profunda auditoria. Temos que fechar as torneiras do desperdício e identificar os desmandos. A qualquer indício de irregularidade, os responsáveis serão denunciados. Não podemos mais aceitar que o dinheiro do Estado escorra pelo ralo e ninguém seja punido.
Depois de feita a auditoria, negociaremos o pagamento das dívidas em atraso que não tiverem questionamento. O Estado pagará o que deve e cumprirá suas responsabilidades.
O Tocantins tem aumentado ano após ano sua receita, mas incorre num erro que é gastar mais do que arrecada. Na saúde, por exemplo, o Tocantins é um dos Estados que mais investem e não vemos o resultado disso no atendimento à população. O Estado gasta 18% do Orçamento com Saúde, o que representa algo em torno de R$ 1,1 bilhão, mas 90% desse recurso é usado para pagar pessoal. No final, sobram 2%, 3% para investir na melhoria da saúde para a população. Esse é um exemplo claro de má gestão. E assim acontece em todos os setores do governo. Com uma gestão eficiente e o combate contundente à corrupção na máquina pública, o Tocantins sairá do caos administrativo e retomará o crescimento.
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CT — Os Poderes hoje recebem o duodécimo sobre o orçado e não o arrecadado. Têm os maiores salários, projetos milionários, empurram seus aposentados para a conta do Igeprev, aliviando seus orçamentos. O sr. pretende fazer uma conversa com os Poderes sobre a contribuição deles para solucionar a crise do Estado?
Márlon Reis — A crise no Tocantins será solucionada com a participação e a contribuição de todos. Haverá sim essa reunião com os poderes estaduais para discutirmos uma proposta para a retomada do desenvolvimento. E isso só se constrói com muito diálogo e o entendimento de que cada um tem que fazer a sua parte para melhora a situação que o Estado se encontra hoje.
CT — Uma das reclamações mais frequentes é sobre o excesso de nomeações de cabos eleitorais para atender deputados e conquistar apoio de todo o Estado. Como o sr. avalia essa preocupação e como pretende lidar com esta questão?
Márlon Reis — Isso tem que acabar. Não dá mais para fazer política com dinheiro público. A crise pela qual o Tocantins passa hoje é muito por causa de práticas como a nomeação de servidores para atender pedidos políticos, servidores esses que na maioria das vezes nem exercem suas funções no Estado. São meros cabos eleitorais.
Temos ouvido muita reclamação nesse sentido. Pessoas sem qualificação nenhuma ocupando cargo de comando por indicação política. Eles negociam apoio político para campanha eleitoral com cargos no governo. É prática comum no Estado ao longo desses 30 anos. Não tenho compromisso político com ninguém, nem o farei. Por isso sou capaz de dizer que no meu governo não haverá esse tipo de prática. Trabalhará no Estado quem tiver capacidade e qualificação para ocupar a função.
[bs-quote quote=”O Estado gasta 18% do Orçamento com Saúde, o que representa algo em torno de R$ 1,1 bilhão, mas 90% desse recurso é usado para pagar pessoal. No final, sobram 2%, 3% para investir na melhoria da saúde para a população. Esse é um exemplo claro de má gestão” style=”default” align=”right” author_name=”MÁRLON REIS” author_job=”É candidato a governador pela Rede Sustentabilidade” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/05/Marlon_Reis60.jpg”][/bs-quote]
CT — Se eleito, o sr. terá um mandato de seis meses, apenas. A despeito de concorrer ou não em outubro, e considerando também as eleições ordinárias, o que dá para fazer em tão pouco tempo?
Márlon Reis — Nesses seis meses será possível fazer uma mudança de filosofia no governo. Primeiro é sanear as contas públicas e preparar o terreno para os próximos quatro anos. Teremos que fazer os enfrentamentos necessários para reposicionar o governo. Identificar e tapar os ralos da corrupção. Fechar as torneiras do desperdício de dinheiro público e renegociar as dívidas, criando uma condição para que o Estado tome o rumo do desenvolvimento social e do crescimento econômico.
O governo precisa adotar a postura de colaborador, parceiro da iniciativa privada. O Estado tem que entender que não deve ser ele o maior gerador de emprego e renda. Essa postura levou o Tocantins para o abismo administrativo. É preciso que o governo seja um incentivador e um fomentador de projetos que promovam o crescimento econômico e tome para si a responsabilidade constitucional básica, que é garantir atendimento de qualidade na saúde, uma educação eficiente, a implantação de um rígido sistema de segurança, a promoção social e a realização de projetos de infraestrutura estratégica. Defendo o Estado necessário, que cumpra bem suas responsabilidades e seja um incentivador da economia por meio da iniciativa privada.
CT — Cinco dos seis ex-governadores do Tocantins enfrentam graves problemas com o Judiciário. O Estado viu ex-governador sendo preso, conduzido coercivamente, suspeitas de desvios de milhões. Ou seja, o eleitor tem todo o direito de estar desconfiado. Como resgatar a confiança do eleitor na figura da maior autoridade do Estado nesse contexto?
Márlon Reis — É uma grande vergonha para todos nós tocantinenses ver o Estado ocupando as manchetes dos jornais de todo o Brasil por escândalos de corrupção. É ex-governador, secretários e empreiteiros sendo presos pela Polícia Federal. Governadores e prefeitos sendo conduzidos coercitivamente para prestar depoimento por envolvimento com desvio de dinheiro público. Um governador foi cassado por duas vezes por irregularidades na campanha eleitoral.
A população está cansada de tudo isso e eu também estou. Há 20 anos o combate à corrupção tem pautado meu trabalho, sendo como magistrado ou como agente de movimentos sociais pelo país. A Lei da Ficha Limpa, da qual sou um dos autores, foi uma grande vitória para a sociedade no combate à corrupção. Mobilizamos diretamente mais de 1,6 milhão de pessoas e fizemos o Congresso votar uma lei que não era do interesse dos parlamentares, justamente porque baniu do processo eleitoral políticos condenados por crimes de corrupção.
Não sou político e o que me fez entrar na política e ser candidato ao governo do Tocantins foi porque me senti no dever de fazer a minha parte e mudar essa realidade na qual nosso Estado se encontra. E a gente só consegue mudar participando, enfrentando o problema. Se virarmos as costas, os maus políticos continuarão se aproveitando do dinheiro que é do povo. A mudança só acontece se cada um fizer a sua parte.
CT — Um dos problemas mais graves e urgentes do Estado é com a saúde. Morte de bebês cardiopatas, filas em hospitais, falta de remédio para pacientes de câncer, prédios de hospitais sucateados [caso do Dona Regina, que engenheiros dizem não ter condições para continuar como uma unidade hospitalar]. Diante da crise financeira e fiscal, comprometimento elevado da receita com pessoal, como dar dignidade ao cidadão que busca atendimento na área de saúde?
Márlon Reis — A situação da saúde é preocupante. O Tocantins é um dos estados que mais investe em saúde no Brasil. No ano passado investiu 18% de seu orçamento, o equivalente a R$ 1,112 bilhão. E desse recurso, cerca de 90% foi gasto com pagamento de pessoal. Soma-se a isso o custeio, sobraram apenas cerca de 2% para investimento. Enquanto isso, o Tocantins possui 18 hospitais estaduais, sendo que apenas 4 ou 5 funcionam razoavelmente bem. O restante sofre com falta de estrutura e pessoal, insumos e superlotação. Porque há uma concentração muito grande de profissionais nas grandes cidades e os hospitais do interior estão desassistidos.
Defendo que é preciso interiorizar a saúde pública no Tocantins, dando maior estrutura de equipamentos e pessoal qualificado aos hospitais no interior, para desafogarmos os hospitais dos grandes centros, concentrando nesses o atendimento de alta complexidade.
Não dá para fazer com que pessoas doentes ou feridas tenham que viajar centenas de quilômetros para serem atendidas, sendo que existe hospital na sua cidade que poderia fazer esse atendimento. O governo precisa fazer os repasses para os municípios também executarem sua parte que é a atenção básica.
Tudo isso funcionando, o atendimento da saúde melhora. Volto a dizer que também é preciso tapar os ralos da corrupção na saúde. Grandes escândalos de corrupção foram denunciados e estão sendo investigados na saúde do Estado. Temos consciência do grave problema pelo qual passa a saúde no Estado, mas sabemos bem como resolvê-lo.
CT — Como o Estado tem papel fundamental para a economia regional se movimentar, o que os fornecedores, que tem para receber R$ 344.850.827,99, podem esperar de sua gestão?
Márlon Reis — O Estado tem que honrar todas as suas responsabilidades. Mas, como disse, as contas do governo passarão por uma minuciosa auditoria. Qualquer indício de irregularidade será analisado e encaminhado aos órgãos de fiscalização, porque entendo que essa é responsabilidade do Estado e de seu governante, que é acabar com os desmandos e os escândalos de corrupção.
[bs-quote quote=”Corruptos se apropriaram do dinheiro dos servidores, desviando milhões em investimentos fraudulentos. É preciso mais transparência nas contas do Igeprev e uma participação efetiva dos servidores nas decisões dos investimentos” style=”default” align=”left” author_name=”MÁRLON REIS” author_job=”É candidato a governador pela Rede Sustentabilidade” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/05/Marlon_Reis60.jpg”][/bs-quote]
O Tocantins precisa ocupar o papel de colaborador da iniciativa privada. A economia tem que ganhar força para não depender tanto do governo. Acredito que no Estado necessário, em que o Executivo cria toda a estrutura para que a iniciativa privada avance, gerando emprego, renda e sustentando a economia do Tocantins. O governo precisa cumprir seu papel de oferecer serviços e atendimento de qualidade na área de saúde, educação, segurança pública, ação social, sem querer ser o principal suporte econômico do Tocantins. Isso levou o Estado para a crise em que está e por isso defendo essa mudança conceitual na administração pública.
CT — As perdas do Igeprev com investimentos de risco em governos anteriores podem chegar a R$ 1 bilhão. Além disso, o Estado deve R$ 351.786.355,25 retidos dos servidores e do patronal e não repassados. Há um risco de ter que, no curto prazo, aumentar a contribuição do servidor para o instituto, ou logo o Igeprev se tornará deficitário e o Estado terá que complementar a folha. Como o sr. pretende lidar com essas questões, caso eleito?
Márlon Reis — Todos os investimentos feitos pelo Igeprev precisam ser revistos com profunda responsabilidade. O Igeprev era para ser uma instituição forte, mas hoje já enfrenta a desconfiança de, em breve, não ter condições de cumprir seu papel que é garantir a aposentadoria aos servidores estaduais. Corruptos se apropriaram do dinheiro dos servidores, desviando milhões em investimentos fraudulentos. É preciso mais transparência nas contas do Igeprev e uma participação efetiva dos servidores nas decisões dos investimentos.
CT — Há um déficit enorme de Policiais Militares na Corporação. O governo Marcelo Miranda preparou um concurso para mil policiais, mas os sindicatos defendem pelo menos 2 mil novas vagas. No entanto, novamente, volta o tema da crise financeira e fiscal. Na outra ponta, a violência é muito grande nos principais municípios, com números elevados de assassinatos em cidades como Araguaína e Gurupi. Droga por todos os municípios. Na Polícia Civil não é diferente: faltam policiais, delegados e as delegacias e viaturas são precárias. Como aliviar o clamor do cidadão por mais segurança, em meio à falta de recursos?
Márlon Reis — O concurso público da Polícia Militar precisa ser retomado imediatamente, para diminuirmos esse déficit de policiais nas ruas. Mas, com o aumento do efetivo, faz-se necessário maior investimento em infraestrutura. Faremos esse investimento acabando com o desperdício e a corrupção na gestão pública, extinguindo contratos feitos por indicação política, reduzindo as despesas e aumentando a capacidade de investimento do Tocantins. Como disse, o Estado vem aumentando sua arrecadação a cada ano, mas esse recurso é mal administrado. Com uma gestão mais eficiente, sobrará recurso para investir em áreas de primeira necessidade, como é o caso da Segurança Pública.
Defendemos também um projeto eficaz de integração das polícias militar e civil e maior investimento no setor de inteligência, para que possamos nos antecipar ao crime e trabalhar na prevenção, fechar nossas fronteiras para o ingresso de drogas e armas e agir com rigor no combate ao crime.
Vamos fortalecer as ações do Proerd, implantando esse valioso programa em todas as escolas do Estado. Esse é um programa que traz um enorme ganho para a sociedade e que precisa ser ampliado, pois trabalha diretamente com a juventude, afastando-a das drogas e da criminalidade.
Eu tenho uma grande vantagem que é ter ao meu lado como candidato a vice-governador o Coronel Edvan, que foi comandante da Polícia Militar e é um dos oficiais mais respeitados do Tocantins. Ele conhece a fundo a Segurança Pública do Estado e sabe muito bem como resolver os problemas nessa área. Os policiais do Tocantins estão entre os melhores do Brasil. Temos que valorizá-los e dar condições para que eles desempenhem bem seu trabalho.
CT — Por que o sr. deve ser eleito e não seus adversários? Qual a sua diferença em relação a eles?
Márlon Reis — A diferença entre mim e os meus adversários é simples. Eu não sou político e escolhi entrar na política por entender meu papel cívico. Pelo dever que tenho como cidadão de contribuir para mudar a terrível situação em que o Estado se encontra.
O Tocantins padece de uma grave crise ética e moral. E é nessa hora que o nosso Estado precisa da participação de gente de bem que não quer mais conviver com a corrupção, com os desmandos com o dinheiro público, com os políticos de carreira. A sociedade não aguenta mais pagar imposto e ver esse dinheiro escorrendo pelo ralo da corrupção.
Acredito no Tocantins e que podemos ser um dos Estados mais desenvolvidos do país, corrigindo os erros do passado e implantando uma gestão eficiente, com espírito público, que realmente tenha compromisso com o povo.