O tom do discurso de Paulo Mourão (PT) esquentou no primeiro encontro da federação “Brasil Esperança” no Tocantins nesta quarta-feira, 29, que contou com a presença da presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann. Apesar de trazer dados e preocupações, como o crescimento da fome, inflação, reajuste da energia elétrica e o rombo do Instituto de Gestão Previdenciária (Igeprev), o pré-candidato a governador também reservou o pronunciamento para recados e indiretas.
Tapa buraco da estrada, mas não o da fome
Em meio à agenda de recuperação de rodovias da atual gestão do Palácio Araguaia, Paulo Mourão criticou o fato deste mesmo tema permanecer nos planos dos governos, enquanto outros são menosprezados. “A grande missão dos governadores do Tocantins é tapar buracos, até fazem propagandas… Às vezes tapa o buraco da estrada, mas não o da fome, do desemprego, do abandono, da exclusão”, disparou o petista, que foi bastante aplaudido pela militância.
Maioria apoia Bolsonaro, mas não dá a cara a tapa
Outra crítica do pré-candidato a governador é em relação a adversários, que apesar de defensores de Jair Bolsonaro, tentam se desvincular da imagem do mesmo. “A maioria dos políticos do Tocantins o apoiam, mas não botam a cara para dizer que estão com Bolsonaro. Precisamos convidar a sociedade para entender o desencanto e abandono que está o nosso povo”, afirmou. No mesmo tom, Paulo Mourão questiona os que defendem Lula da Silva, mas resistem em apoiar seu projeto ao Palácio Araguaia. “Se está unido com o Lula, porque não está unido com o candidato que o Lula confia?”, emendou.
Lelis exalta Lula, mas ignora Mourão
Em discurso, o presidente do Partido Verde (PV) no Tocantins, Marcelo Lelis, exaltou Lula da Silva, mas evitou fazer qualquer menção ao projeto de Paulo Mourão ao Palácio Araguaia. Apesar de considerá-lo um “brilhante tocantinense, preparadíssimo”, o referenciou como “sempre deputado”. Ainda no pronunciamento, o pevista fez uma menção a escolha da cor da camisa para o evento, no caso, o vermelho vinculado aos petistas. “Resolvi vir com a camisa vermelha. E tô muito feliz. Esta camisa vermelha representa a luta contra esta política de armamento do povo brasileiro, a luta contra a devastação ambiental, contra o preconceito aos quilombolas, indígenas, aos LGBTs, às mulheres, à favor da imprensa livre”, disse o dirigente.
Plateia percebeu
Logo após o discurso de Marcelo Lelis, o ex-prefeito de Ponte Alta do Tocantins e presidente do diretório petista do município, Artur Alcides, provocou o pevista. “E eu vim de verde para que o senhor abrace a pré-candidatura do Mourão”, gritou da plateia.
Resposta de Mourão
A resposta de Paulo Mourão também veio logo depois. Apesar de não citar Marcelo Lelis, o petista pegou trecho do discurso do colega como gancho. “Nós não precisamos só usar camisas vermelhas, mas ter o sentimento e o compromisso vermelho com este povo que está sofrendo. […] Para mudar este Estado, esta vontade tem que vir do fundo do coração. Posso estar vestido de vermelho, de verde, azul, branco, posso até estar pelado, mas se eu estiver vestido da coragem, do compromisso, do sentimento de proteger o povo, nós vamos vencer”, afirmou.