O embate entre Palácio Araguaia e a Prefeitura de Palmas em relação a regulação de pacientes foi debatido nesta terça-feira, 16, na Assembleia Legislativa (Aleto). A ampla maioria dos deputados estaduais fizeram questão de reconhecer o trabalho do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) e da Secretaria da Saúde (Sesau), comandada por Afonso Piva, apesar de reconhecerem ainda haver o que melhorar. As críticas mais diretas foram reservadas apenas para a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro (PSDB), que abriu a crise.
DESRESPEITO NÃO AJUDA
Gutierres Torquato (PDT) foi um dos parlamentares que falou sobre o episódio, criticando o tom que o debate chegou. “A troca de acusações, o desrespeito, não somam nos esforços necessários para avançarmos na saúde. Temos que avançar muito, mas o que tenho percebido por parte do secretário Afonso [Piva] e do secretário executivo [Luciano [Lima] é boa vontade em fazer o melhor”, defendeu. O deputado pede foco na resolução do problema. “Não estamos aqui para procurar culpado nem em município, nem no Estado, mas para nos prontificar a construirmos uma saúde ainda mais referência para o Norte do Brasil”, emendou.
É PRECISO DA PARCERIA DOS MUNICÍPIOS
Marcus Marcelo (PL) fez um pronunciamento no mesmo sentido do colega. “A falta de leito nos preocupa. A gente sabe da superlotação e que o governo trabalha nas obras dos novos hospitais [HGA e HGG], mas é preciso que a gente busque solução. Não estou aqui para apontar dedo para culpado”, reforçou. Eduardo do Dertins seguiu o tom de reconhecimento do trabalho feito pelo Estado e cobra ajuda de outros entes na temática. “Sabemos da vontade e do trabalho que tem sido prestado pelo governador. Fazendo os investimentos, construção de novos leitos, hospitais. Agora, é bem verdade também que isto é um trabalho que deve ser feito com muitas mãos. Para que nós possamos tentar chegar ao ponto de sanar todos os problemas, se é que é possível, é preciso da parceria dos municípios”, avaliou.
CINTHIA RIBEIRO NÃO TEM MORAL PARA CULPAR GOVERNADOR
Ex-vereador de Palmas, o deputado Moisemar Marinho (PSB) foi um dos que recorreu a um discurso mais duro contra Cinthia Ribeiro. O socialista questionou a falta de hospital na Capital diante de um Orçamento de mais de R$ 2 bilhões e criticou a chefe do Executivo da Capital. “É fácil ficar apontando para cara de outro gestor e procurando culpado, o difícil é resolver o problema que a gente sabe que é muito grave. Óbvio que precisa melhorar a saúde do Tocantins, sem sombra de dúvidas, mas Wanderlei Barbosa tem feito um trabalho muito sério e melhorou muito. A gestora municipal não tem moral para apontar o dedo na cara do governador e falar que ele é culpado por mortes por falta de atendimento médico”, disparou o parlamentar.
ESTADO PRECISA MUDAR REGULAÇÃO
Na mesma toada dos pares, Fabion Gomes (PL) também reconheceu o investimento do Estado na área da saúde, mas foi o primeiro a defender que o sistema de regulação do precisa de mudança. O exemplo para a argumentação não foi Palmas, mas Augustinópolis, que estaria recebendo pacientes que deveriam estar sendo direcionados diretamente para Araguaína. “Está dando muito problema. Vou conversar com o secretário da Saúde para ver se muda este tipo de regulação. Casos específicos tem que ir direto para Araguaína, porque os recursos são maiores. Estamos perdendo vidas regulando em Augustinópolis”, pontuou.
INCOMPETÊNCIA E INGERÊNCIA DO PAÇO
Principal opositora de Cinthia Ribeiro quando estava na Casa de Leis da Capital, a deputada Janad Valcari (PL) seguiu o exemplo de Moisemar Marinho e também adotou um tom mais duro contra Cinthia Ribeiro. “Para a prefeita, é muito fácil. O problema da saúde do município não estar funcionando é do Estado; a culpa do transporte não funcionar é da empresa que sabotou […]. Tudo tem um culpado. Assim é fácil administrar. Tudo que está errado a bonita procura um culpado. É complicado a situação. Ingerência e incompetência são o nome”, afirmou.
SITUAÇÃO PROVOCADA POR QUEM NÃO FEZ SUA PARTE
Vilmar de Oliveira (SD) também criticou Cinthia Ribeiro. “Esta situação foi causada, provocada, por uma pessoa que no meu entender não fez sua parte. Não vi o município fazer investimento com relação de fazer um hospital em Palmas. Promessas fizeram muito”, observou. O deputado também defendeu a atuação do governo na área. “O secretário não tem medido esforços para atender o nosso povo. Transferir responsabilidade, dizer que a culpa é de A ou B, é muito ruim. A saúde é municipalizada, tem que fazer sua parte, tem que assumir sua responsabilidade, e não transferir para o governo”, reforçou.
VEM PROGREDINDO MUITO SOB WANDERLEI
Representante de Gurupi, o deputado Eduardo Fortes (PSD) elogiou a visão do governador Wanderlei para saúde. Ele avaliou que nos governos passados, a situação do setor era “precária”, mas garantiu que o Estado vem “progredindo muito” nessa área sob o comando de Wanderlei. “Em Gurupi, nos governos anteriores, ficava-se na fila por quase 30 dias para uma cirurgia ortopédica, agora a cirurgia é feita em uma semana”, comparou Fortes.
PROVOCAR DEBATE ENTRE SECRETÁRIOS
O deputado estadual Júnior Geo (Pros) apresentou requerimento e defendeu a convocação do titular da Sesau, Afonso Piva, e um convite ao secretário da Saúde de Palmas, Thiago de Paula Marconi, para aprofundar o debate sobre o tema, inclusive recomendando que a Câmara faça a mesma movimentação. “A nossa função aqui é buscar uma solução. Até quando vamos ficar neste empurra-empurra? Precisamos promover a convocação. Nada melhor que os dois secretários estarem aqui em uma sessão”, argumentou.