Alvo de mandado de prisão temporária no âmbito da Operação Jogo Limpo, o presidente da Câmara de Palmas, Folha Filho (PSD), deixou o Centro de Prisão Provisória de Palmas (CPPP) na quarta-feira, 8, e já na sessão da Casa de Leis desta quinta-feira, 9, aproveitou para se manifestar sobre o episódio. “Sairei mais fortalecido de tudo isso”, disse o vereador social democrata.
O discurso de Folha Filho foi feito da Tribuna da Câmara. O vereador alegou inocência e disse apoiar o trabalho da Polícia Civil. A operação é de autoria da Delegacia de Repressão a Crimes de Maior Potencial Contra a Administração Pública (Dracma). “A Justiça me deu a oportunidade de esclarecer as coisas e com certeza sairei mais fortalecido de tudo isso, muito mais forte do que entrei”, reforçou.
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Folha Filho ainda falou sobre sua trajetória até a vida pública e enfatizou que sempre foi uma pessoa humilde. “Eu fui torneiro mecânico, vendedor ambulante que trabalhou nas ruas, na praia. Escolhido pela população para representá-la neste Parlamento. Esse é o trabalho que desenvolvi na minha vida, eles não conhecem a minha história”, pontuou.
O presidente da Casa de Leis da Capital chegou a se emocionar ao citar sua mãe. “Ontem quando falei com a minha mãe, ela me disse assim: filho, eu sou suspeita para falar sobre você. Esses policiais não lhe conhecem, não sabem da sua história, eu acredito em você. Fique tranquilo que a mão de Deus é poderosa e a Justiça com certeza irá te inocentar”, relembrou.
Apoio dos pares
Alguns vereadores pediram a palavra para manifestar apoio ao presidente da Câmara. Tiago Andrino (PSB), que viu seu ex-chefe de gabinete Fernando Fagundes também ser alvo de prisão temporária da Dracma, disse que prejulgar é “indevido e inconstitucional”. “Cada pessoa ou instituição deve ter o direito de se defender e de não receber um pré-julgamento”, afirmou.
Já o vereador Gerson Alves (PSL) lembrou o papel do presidente da Câmara de Palmas junto à comunidade da região Norte. “Folha já tirou do próprio bolso para ajudar as pessoas das Arnos e digo isso porque já vi. Então eu acredito na boa índole e inocência de vossa excelência”, comentou.
Antes mesmo de começar sua fala no plenário, Folha Filho foi defendido pelo vereador Milton Neris (Progressistas), que apontou os excessos ocorridos durante a operação. “Vossa excelência é um homem público e está sujeito a quaisquer questionamentos. O que não posso concordar é com a forma como trataram o senhor e este parlamento. A Fundesportes, cujo secretário também é investigado, não foi exposta como a Câmara”, criticou Neris.
O vereador continuou sua fala questionando a necessidade do que ele chamou de espetáculo com os parlamentares investigados. “Não entendo por que o presidente desta Casa teve que usar roupa de presidiário e ser exposto para a imprensa da forma que aconteceu. A polícia deve apurar os fatos e cumprir todo o processo legal. Não defendo o que é errado eu defendo esta Casa e este parlamento não está sob investigação”, disparou.
Entenda
A Operação Jogo Limpo investiga um suposto esquema em que entidades sem fins lucrativos recebiam recursos por meio de convênios com a prefeitura para desempenhar políticas na área de esporte e lazer. Entretanto, estas organizações não-governamentais celebravam contratos com empresas fantasmas ou com um estabelecimento que emitia notas frias ou superfaturadas. A Polícia Civil calcula que os desvios podem chegar a R$ 7 milhões. O dinheiro teria abastecido campanhas eleitorais de 2014.
Na segunda fase da operação, a Polícia Civil foi às ruas para cumprir 26 mandados de prisão temporária. Além do presidente da Câmara de Palmas, Folha Filho (PSD), os vereadores Major Negreiros (PSB) e Rogério Freitas (MDB), além do ex-parlamentar da Capital Waldson da Agesp, foram alvos das diligências. Somente o pessebista ainda está detido, no quartel da Polícia Militar na Capital.