Nos últimos dias houve uma movimentação do Palácio para convencer a nossa bancada federal a indicar a maior parte de suas emendas diretamente para o governo do estado. Acontece que desta vez o valor das emendas para o governo ficou abaixo da expectativa.
Por isso, nestes últimos dias, tenho visto uma manifestação nas redes sociais, em que algumas pessoas tentam colocar a opinião pública contra a bancada federal. Penso que o governo “dormiu no ponto”. Não se articulou da forma certa e no tempo certo, e assim não conseguiu convencer os parlamentares federais.
[bs-quote quote=”Como é possível convencer uma bancada federal a destinar recursos de emendas para o governo, sendo que acabaram de mudar um acordo sobre a aplicação de um recurso de emenda de bancada? ” style=”default” align=”right” author_name=”SANDRO BANDEIRA” author_job=”É graduado em Administração” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2019/10/SandroBandeira-180.jpg”][/bs-quote]
Existe muita gente boa e experiente no governo, mas, como sempre, é uma minoria que comanda. Embora eu tenha dito que faltou habilidade, eu não digo isto de forma pejorativa, mas entendo que é o reflexo de um governo neófito na política, eleito por uma série de “acidentes” e que agora tenta governar com pouca, e as vezes, nenhuma experiência política e administrativa.
Nossa bancada federal é experiente e já vivenciou muitas situações da vida política e administrativa do nosso estado. Os parlamentares tem suas bases eleitorais e seus compromissos com os municípios e regiões do estado, e por isso, só vão indicar suas emendas tendo a garantia de que os recursos sejam aplicados da forma certa e no tempo certo.
Vejam o caso polêmico da emenda para compra de maquinário para os municípios. Este recurso, cerca de 70 milhões de reais, foi destinado pela bancada federal na legislatura passada. O governo anterior não conseguiu licitar o recurso, o governo atual também está bastante atrasado para licitar e comprar os equipamentos, e gerou polêmica ao interferir na decisão da bancada que havia feito um acordo com os prefeitos e o governo do estado para que fossem adquiridos os equipamentos de forma personalizada, em que cada prefeito tinha escolhido o tipo de equipamento que era mais importante para o município. Diante da ineficiência de gestão da AGETO, alguns membros do governo mudaram o acordo e definiram apenas alguns tipos de equipamentos a serem comprados, o que não atende a necessidade real dos municípios, sendo que algumas cidades receberão um equipamento que já possui, deixando de receber aquele escolhido pelo prefeito no acordo com a bancada.
Como é possível convencer uma bancada federal a destinar recursos de emendas para o governo, sendo que acabaram de mudar um acordo sobre a aplicação de um recurso de emenda de bancada?
Falta habilidade política em algumas ações de governo. A comunicação com os prefeitos, e também com a bancada não tem sido eficiente, as obras tem sido tocadas a passos lentos sempre com o risco de se devolver recursos porque não pagam a contrapartida das obras e de outros programas.
Desta forma eu vejo que se não houve uma captação de recursos dentro do esperado, isto não foi culpa da bancada, mas sim culpa do governo que não se organizou na hora certa e não enviou interlocutores com habilidade suficiente para articular os projetos junto com a bancada federal. Não adianta expor o governador, fazendo-o ir à Brasília em cima da hora, para tentar convencer os parlamentares, sendo que parte de sua assessoria não deu conta do serviço no tempo certo.
É preciso ter mais zelo e respeito na tratativa com a bancada federal. Fica chato agora ver algumas pessoas querendo desqualificar o trabalho da bancada depois que algumas destas mesmas pessoas não deram conta de apresentar um caminho viável para a aplicação dos recursos das emendas.
Termino este texto deixando uma sugestão. Para o próximo ano, que o governo se organize melhor, que converse com a bancada com antecedência e que seja indicada uma emenda para infraestrutura urbana a ser aplicada nos municípios menores. Exemplo: que sejam destinados 200 milhões de reais a serem investidos, 50 milhões de infraestrutura urbana em Augustinópolis, 50 milhões em Colinas do Tocantins, 50 milhões em Dianópolis e 50 milhões em Miranorte. Deste modo, se fizessem isto todos os anos, ao final da legislatura, teríamos contribuído para resolver os problemas de 20 cidades polos do interior do nosso estado. Vejam que esta é apenas uma sugestão de várias outras que tanto eu, como também vários cidadãos poderiam apontar. Enquanto isto algumas pessoas estão “deitadas eternamente em berço esplêndido”, curtindo este momento de poder. Mas quatro anos passam rápido, é preciso sair dos gabinetes e ouvir mais os líderes, as instituições e o povo para dar uma resposta satisfatória à nossa sociedade.
Pensem nisto. O tocantinense quer e precisa de resultados positivos e concretos.
SANDRO BANDEIRA
É graduado em Administração pelo Ceulp/Ulbra
sandrobandeira@gmail.com
Contato (63) 99215-9807