A Comissão de Relações Exteriores do Senado discutiu, nesta quinta-feira, 2, o agravamento da crise na Venezuela. Parlamentares de diversos partidos mostraram-se preocupados e defenderam uma solução pacífica para a situação.
“Manifestamos nossa profunda preocupação com os recentes acontecimentos na Venezuela. Lamentamos a morte de civis e também as dezenas de feridos. Reiteramos a nossa expectativa de uma transição democrática em um processo pacífico e de respeito aos direitos humanos. O nosso país continuará a exercer pressão diplomática nessa direção”, disse o presidente da comissão, Nelsinho Trad (PSD-MS).
Trad lembrou que esteve nessa quarta-feira, 1º, com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e que, em todas as conversas que já tiveram sobre o país vizinho, “nunca se saiu da questão da pressão diplomática, da ajuda humanitária”, que, segundo o senador, é algo que está na genética do Brasil. “Eu penso que o governo [brasileiro] agiu certo, está fazendo a sua parte, e é importante lembrar que o Brasil não age sozinho nessa questão. Estamos inseridos no Grupo de Lima, em que é discutida essa questão. Ninguém toma uma decisão sem discutir antes” destacou.
Já o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) classificou de ditadura o regime na Venezuela e disse que essa situação de crise deve ser esgotada pelas pressões diplomáticas sobre o país vizinho, inclusive acionando países que têm relações com ele, como o Brasil, a China e a Rússia. Randolfe destacou que são ótimas as relações entre Venezuela e Brasil.
Para o senador amapaense, os venezuelanos estão sob um “regime de exceção”. “O Brasil não pode ser porta-voz de nenhuma aventura bélica, de nenhuma aventura militar neste país vizinho, e os princípios que devem reger a solução do impasse dramático que vive o nosso vizinho devem ser o multilateralismo por parte do Brasil e a busca incessante pela paz na América Latina”, afirmou Randolfe.
Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) ressaltou que o problema na Venezuela que só vai se resolver com o restabelecimento da democracia no país, de maneira a permitir que as pessoas possam permanecer ou voltar para lá com segurança, com a garantia do direito de ir e vir. “Do lado brasileiro, a forma como o governo vem conduzindo essas tratativas, é uma forma muito tranquila, com o pé no chão, a todo momento fazendo questão de mostrar que não tem nenhum interesse em qualquer tipo de conflito bélico, armado, militar”, afirmou o senador.
Subcomissão
Na segunda-feira, 6, a Subcomissão da Comissão de Relações Exteriores criada para tratar dos assuntos da Venezuela se reunirá às 14 horas, com a participação do prefeito de Pacaraima, Juliano Torquato e o do presidente da Assembleia Legislativa de Roraima, Jalser Renier.
Parlamentares que estiveram nos últimos dias em Pacaraima disseram que a situação no município é dramática em todos os segmentos, tanto em termos de segurança quanto de saúde. (Karine Melo, da Agência Brasil)