Os principais interlocutores do governador Mauro Carlesse (PSL) garantiram que a decisão dele sobre as eleições de 2022 está tomada e não tem mais volta. Segundo eles, Carlesse não renunciará em abril e permanecerá no comando do Estado até 31 de dezembro do ano que vem. Claro, insisti se isso não seria manobra para desviar a mira das baterias dos principais concorrentes ao Senado — cargo que o governador disputaria. A resposta foi que não se trata de nenhum artifício político, mas uma decisão pensando no equilíbrio das contas do Estado e no fato de que o chefe do Executivo estadual quer se dedicar mais às suas empresas.
De acordo com essas fontes, fora da disputa, Carlesse continuará segurando com firmeza as rédeas dos gastos públicos, o que, na avaliação delas, o tornará, inclusive, um forte cabo eleitoral para o seu candidato, seja ele quem for. Desde que assumiu em definitivo o mandato, em janeiro de 2019, o governador adotou medidas duras para o enxugamento das contas da administração — caso de custeio e folha.
Esses interlocutores admitiram que, além de Wanderlei, outros nomes poderiam ter o apoio do governador na sucessão. Citaram também o presidente da Assembleia, Antônio Andrade, que deve ir para o PSL e tem plano de disputar vaga na Câmara Federal; o senador Eduardo Gomes (MDB) e avisaram que, inclusive, o candidato poderia vir até mesmo de fora da política.
Uma coisa é fato: será bom mesmo para as contas públicas se Carlesse estiver fora da disputa. Os maiores rombos no Tesouro estadual foram provocados por mandatos tampões que ocorreram no Tocantins em 2009-2010 e 2014. Quem assume, quer se reeleger e aí vai para o vale-tudo. Um fato interessante é que, se não disputar mesmo, como garantem esses interlocutores, Carlesse será o primeiro governador a concluir um mandato desde as eleições de 2006. Ou seja, em 2022 fará 16 anos que nenhum chefe do Executivo finaliza os quatro anos de governo.
Porém, essas mesmas fontes asseguram que o candidato do grupo não será exclusiva de Carlesse, mas de todo o seu grupo político.
A princípio, a leitura que se faz é que, com Carlesse fora da disputa, as pré-candidaturas de Wanderlei e do ex-prefeito de Araguaína Ronaldo Dimas (Podemos) podem ser atingidas, ainda nada impeça que concorram. O vice-governador, mesmo como candidato do Palácio, não terá a caneta na mão, o que muda completamente sua força no tabuleiro. Dimas sofreria impacto com a decisão do governador, caso o candidato dele seja Gomes, forte aliado do ex-prefeito araguainense para a disputa do ano que vem.
De toda forma, se o fato de Carlesse não ter direito à reeleição para governador foi bom para o Tocantins, ele fora da disputa será ainda melhor para as contas estaduais.
CT, Palmas, 29 de julho de 2021.