As primeiras movimentações mais intensas desta fase inicial da pré-campanha, ocorridas nesta semana, deram força ao grupo da senadora Kátia Abreu (PP) e também ao governador interino Wanderlei Barbosa (sem partido). No entanto, o Palácio, como sempre ocorre, terá que ser preciso nas escolhas até as convenções. Afinal, todos querem espaço, mas essa embarcação tem seu limite.
Como a coluna já afirmou, com a abertura da janela partidária em março, o desenho das eleições de 2022 ficará mais claro a partir dessa linha divisória. É quando os aliados esperam que o senador Eduardo Gomes (MDB) se posicione — será candidato, apoiará o ex-prefeito Ronaldo Dimas (Podemos) ou poderá até compor com Wanderlei? — e os deputados vão saltar de uma árvore para outra, deixando suas posições mais evidentes.
Contudo, os movimentos começam a se acelerar desde já, como vimos nesta semana. Três fatos apontam claramente para um posicionamento:
1.A filiação do ex-prefeito de Gurupi ao governista PDT;
2.O anúncio do deputado federal Carlos Gaguim de que vai para o Republicanos, ao mesmo tempo em que o ex-deputado federal César Halum avisa que permanecerá no partido; e
3.O anúncio dos Vicentinhos de que vão para o PP da senadora Kátia Abreu.
Esses “ingredientes” começam a engrossar o caldo, e todos eles levam a um fortalecimento da pré-candidatura à reeleição do governador Wanderlei.
Depois de sua filiação ao PDT na manhã de terça-feira, 8, Laurez foi ao Palácio, acompanhado de seu mais próximo aliado, Gutierres Torquato (PSB), e conversou por mais de uma hora, a portas fechadas, com o governador. Bom, para quem até agora era pré-candidato a tomar a cadeira principal do Estado, esse movimento é bem revelador.
O atual presidente do PDT, Jairo Mariano, secretário estadual da poderosa Infraestrutura da gestão Wanderlei, não vai deixar o partido, muito menos o cargo. Então, pode-se apreender disso que Mariano está seguro de que o ingresso de Laurez não representou nenhuma mudança de posicionamento político da sigla. Ou seja, tudo continuará como dantes no quartel de Abrantes: o PDT seguirá governista.
A Coluna do CT apurou que Mariano deve ficar com a vice-presidência. Laurez, que assumirá o comando do PDT no Estado, foi, sem dúvida, um dos mais competentes prefeitos da história do Tocantins. Seu grupo é muito forte na região sul, então, tem muito a contribuir eleitoralmente com o Palácio, e seu nome para vice-governador é uma ótima opção.
A decisão de Halum, secretário da Governadoria e braço político-eleitoral de Wanderlei, de permanecer nos quadros do Republicanos, hoje território sob domínio de Gaguim, é extremamente reveladora. O ex-deputado não ficaria numa legenda que poderia se pôr contra o Palácio nas eleições de outubro. Logo, Gaguim, que estava muito próximo de Gomes, já se acomodou na pré-campanha govenista.
Com o deputado federal Vicentinho Júnior e o ex-senador Vicentinho Alves, que deixaram o PL, nos quadros do PP, a senadora Kátia Abreu e seu filho Irajá (PSD) aumentam seu poder de fogo, já bastante robustecido com uma base, segundo dizem, de mais de 70 prefeitos. Ninguém dúvida do peso eleitoral dos Vicentinhos no Estado. Todo esse arsenal está agora voltado para o Palácio Araguaia, onde Wanderlei ganha de um lado, mas também fica acuado de outro.
Ainda há o empresário Edison Tabocão (PSD), que vem tentando mostrar ter vida própria e que não é mera extensão dos Abreus. Ele busca conversar com diversas correntes. Para palacianos, Tabocão quer a vaga de vice de Wanderlei. Viajou com o governador no final de semana e dizem que, só nesta semana, esteve, pelo menos, duas vezes no Palácio. Não tem voto, já que nunca foi testado nas urnas, mas conta com uma imensa credibilidade junto à sociedade.
Tudo até agora, portanto, muito favorável a Wanderlei, que conta com a máquina e com muita experiência política, e assim vai ganhando musculatura e se posicionando no tabuleiro como fortíssimo pré-candidato à reeleição. Neste momento poderá empurrar todo mundo para um canto e ir abrindo mais espaço para outros chegantes.
No entanto, terá a hora de recolher a âncora e o navio não iniciará a viagem com todo este peso. Wanderlei precisará fazer escolhas. Pode tentar acomodar toda essa carga para permitir a navegação, o que não será nada fácil; ou deixar alguma no porto, que será abrigada por outra embarcação.
São justamente essas escolhas, que, necessariamente, Wanderlei terá que fazer, que determinarão a força com a qual chegará a agosto para as grandes batalhas que vai travar em mar aberto até 2 de outubro.
E, claro, a oposição não está parada, apenas observando. Essa é uma variável importante e que não pode ser ignorada.
CT, Palmas, 10 de fevereiro de 2022.