A coluna tratou nessa quinta-feira, 5, do fiasco do Brasil no Pisa 2018, o exame internacional de educação realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em meio a esse debate nacional, fundamental para o futuro do País, no Congresso a preocupação é outra: garantir bilhões de reais para derramar nas eleições municipais do ano que vem. Afinal, o que são as demandas nacionais perto dos interesses pessoais de Suas Excelências?
[bs-quote quote=”Insisto que não precisa de tanto dinheiro para campanha eleitoral. É só cortar os gastos absurdos com marketing e produção de TV. Acabar com cenas externas, não permitir mais grandes produções hollywoodianas para ludibriar o eleitor” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor da Coluna do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2019/09/CT-trabalhado-180.jpeg”][/bs-quote]
É um absurdo imaginar que vão elevar os gastos com o fundo eleitoral dos R$ 1,7 bilhão de 2018 para incríveis R$ 3,8 bilhões. Não está aprovado. Ainda. Mas é a intenção. Conforme a Folha de S.Paulo, serão cortados recursos de 15 ministérios. Entre eles, R$ 500 milhões em saúde (dos quais R$ 70 milhões iriam para o Farmácia Popular, que oferece remédios gratuitos à população), R$ 380 milhões em infraestrutura e desenvolvimento (que inclui obras de saneamento e corte de R$ 70 milhões do Minha Casa Minha Vida) e R$ 280 milhões em educação.
É impensável tirarmos tanto dinheiro de um país que sofre mazelas terceiro-mundistas para jogar em campanhas eleitorais, não em nome da democracia — não me venham com essa conversinha —, mas para beneficiar os próprios congressistas e seus apaniguados, uma vez que são eles quem dominam as estruturas partidárias e definem quem recebe e quanto.
Pior que nas entrelinhas vêm com a seguinte justificativa: se não nos derem essa dinheirama, depois não reclamem se nos lambuzarmos na corrupção para financiar campanhas. Isso não está dito nem escrito, mas é a mensagem subliminar.
Como defendo a bandeira quixotesca do fim das malditas emendas parlamentares, também insisto que não precisa de tanto dinheiro para campanha eleitoral. É só cortar os gastos absurdos com marketing e produção de TV. Acabar com cenas externas, não permitir mais grandes produções hollywoodianas para ludibriar o eleitor. Programa deve ser o candidato falando de suas propostas para a população. Mais nada. Com isso, poderia até reduzir o tempo de programa e, assim, economizar mais recursos do povo brasileiro com tal propaganda eleitoral “gratuita”, que de gratuita não tem nada.
O resto é bater perna, entregar santinho e fazer reuniões. Não precisa mais do que isso numa campanha eleitoral, sobretudo municipal.
Agora, se querem produções cinematográficas para programas de TV e comprar líderes, como sempre fazem, a preços absurdos, aí precisam mesmo que o contribuinte brasileira cubra o vácuo deixado pela ausência do caixa 2 da Odebrecht e companhia.
Contudo, ao pobre contribuinte brasileiro não é dado o luxo de tirar dinheiro da saúde, educação e infraestrutura para político festar em campanha eleitoral. Exigir esse sacrifício do cidadão é prova cabal da total falta de responsabilidade, de espírito público e comprometimento com o País, características dessa geração de políticos hoje no poder.
Ao povo brasileiro cabe protestar com todo vigor e, se isso não for suficiente para impedir esse abuso de poder, é preciso boicotar severamente qualquer candidato apoiado por deputado e senador que votar em favor dessa irresponsabilidade e verdadeira molecagem que estão querendo fazer com o Brasil.
CT, Palmas, 6 de dezembro de 2019.