A senadora Simone Tebet (MDB-MS) é uma das maiores revelações da política brasileira, com brilhante e decisiva participação na CPI da Covid. Assim, não foi surpresa o coerente relatório que ela fez, apesar de se tratar de mais um arremedo de reforma eleitoral. A volta das coligações, além de um retrocesso, seria uma tremenda injustiça com os vereadores, que, como ratos de laboratórios, foram feitos de cobaia nas eleições municipais do ano passado.
Agora, para usar um clichê da modinha, os deputados “que lutem” para se reeleger, o que não será nada fácil para eles em 2022. Como ocorreu com os vereadores, os candidatos que buscam vaga na Câmara vão correr de partidos que tenham os atuais mandatários.
Talvez eles só não passem pelo constrangimento a que foram submetidos os vereadores, vários deles convidados a se retirar das legendas, depois de até 20 anos de filiação. Sem coligações e com os candidatos menos competitivos querendo distância de mandatários, os parlamentares municipais se tornaram persona non grata nas próprias siglas partidárias.
Os deputados dificilmente passarão por isso porque geralmente são os “donos”, ou filhos, ou muito aliados dos “donos” de seus partidos. O problema para eles é outro, será formar o time que lance bolas em seus pés para que façam gols e voltem à Câmara às custas da “escadinha” que sempre usam para esse fim.
Restam-lhes dois públicos: os políticos que só querem colocar o nome em evidência de olho nas prefeituras em 2026 e os incautos, que não entendem nada de política, de eleições, etc. Quem tiver o mínimo de noção e realmente quiser disputar uma vaga competitivamente vai correr quilômetros de partidos que tenham mandatários.
No geral, o arremedo de reforma eleitoral foi mais do mesmo. Só perfumaria: um bom dispositivo para incentivar candidaturas de mulheres e pessoas negras; deputados federais, estaduais e distritais e vereadores que saírem das legendas pelas quais tenham sido eleitos não perderão o mandato se houver concordância da sigla (num país em que partido político não tem força, nem credibilidade, não há outro caminho), mudança da posse do presidente da República do dia 1º para o dia 5 de janeiro e de governador para o dia 6 de janeiro, a partir das eleições de 2026, entre outras maquiagens.
Não entram na essência, não houve discussão sobre os temas mais importantes e urgentes, voto distrito misto, por exemplo. Só retoque de batom para a próxima “apresentação”, com a certeza de que a partir de 2023 estarão discutindo outras mudanças paliativas para as eleições municipais de 2024, quando também se limitarão a maquiagens para que outras correções estéticas sejam promovidas em 2025 para as eleições de 2026.
Enfim, o Brasil continua do mesmo jeito, um lugar que não merece ser levado a sério. Por isso que o vexame na ONU e nas ruas de Nova York do beócio que está na Presidência da República nem deve mais escandalizar o mundo.
A pergunta que permanece é a de sempre: até quando?
CT, Palmas, 23 de setembro de 2021.