O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) recebeu no início da tarde desta quinta-feira, 26, a resolução do diretório nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) que determina a retirada da sigla da coligação “A Verdadeira Mudança”, de Carlos Amastha (PSB), em favor da candidatura da senadora Kátia Abreu (PDT), do grupo “Reconstruindo o Tocantins”. A legenda pode ser a quarta a ficar oficialmente fora do pleito suplementar.
Um dos responsáveis pelo recurso ao diretório nacional e quem protocolou a resolução na Justiça Eleitoral, Milne Freitas reafirmou que, judicialmente, não há a possibilidade do Partido dos Trabalhadores ingressar oficialmente na coligação de Kátia Abreu, e por isto, caso o processo prospere, ficará de fora do pleito extraordinário do dia 3 de junho, tirando um bom tempo de propaganda para Carlos Amastha.
“Agora o TRE vai citar as partes, inclusive a senadora Kátia Abreu deve ser citada para que possa se posicionar. A Justiça Eleitoral vai definir. Nós esperamos – até por conversas com o diretório nacional – que surta efeito imediato, que o PT saia da campanha da coligação do Carlos Amastha e que possa ser autorizado a estar junto com a senadora Kátia Abreu”, disse Milne Freitas.
O petista avalia que o acatamento da resolução vai permitir “maior tranquilidade, e um debate fraterno”, mas pondera que, se isto não ocorrer, entende que a militância poderá escolher o lado que quer apoiar “livremente”, e sem retaliação. “Nós não acreditamos [em punição], uma vez que a determinação é da direção nacional. Estamos com documento respaldado pela maior instância do partido que nos dá o direito de fazer a escolha”, argumenta.
Milne Freitas voltou a defender apoio à Kátia Abreu devido sua postura no processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e sua luta pela liberdade do também ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso no âmbito da Operação Lava Jato, mas também vê maior benefício ao partido caso a senadora seja eleita. “O mandato de vice-governador, por apenas três meses, ainda na dependência de eleger o candidato, ainda é muito pouco em relação a quatro anos e meio no Senado Federal”, argumenta.
Coordenadora da corrente petista Partido de Base e de Luta (PBLU) e membro da executiva estadual, Alyne Soares acompanhou Milne Freitas e ao CT negou haver uma “quebra” na sigla devido a este desentendimento na eleição suplementar.” São algumas coisas que acontecem dentro em algumas situações, porém, continuamos firmes dentro dos nossos propósitos e da ideologia do que o Partido dos Trabalhadores representa para a sociedade brasileira”, argumentou.
Além de Alyne Soares e Milne Freitas, acompanharam o protocolo os petistas Jonas Pereira, Luís Carlos Batista da Rocha e Julio Lima Ramos.
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Entenda
Inicialmente, o PT do Tocantins tinha o deputado estadual Paulo Mourão como pré-candidato ao governo, mas o projeto esbarrou no interesse do diretório nacional em levar a sigla para o palanque de Kátia Abreu. Isto porque, caso eleita, o primeiro suplente da pedetista, Donizeti Nogueira (PT), assumiria a cadeira no Senado Federal até 2022, aumentando a bancada petista no Congresso Nacional.
Kátia Abreu e o PT do Tocantins chegaram a iniciar o diálogo, mas a parlamentar não aceitou a indicação do advogado Célio Moura ou da secretária-geral petista, Márcia Barbosa, para vice-governador na chapa. A pedetista também não quis se licenciar do cargo de senadora por seis meses e rejeitou dar a garantia de que Mourão seria um dos nomes do grupo para o Senado Federal em outubro.
Sem acordo com a senadora Kátia Abreu, o PT do Tocantins foi para o palanque do ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha, que aceitou o advogado Célio Moura como candidato a vice-governador em sua chapa. O palanque da convenção pessebista chegou a receber protesto em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso em Curitiba.
A executiva nacional petista resolveu intervir e anulou os atos da convenção do PT do Tocantins e determinou que a legenda apoie a candidatura de Kátia Abreu. O recurso foi apresentado pelo primeiro suplente da senadora pedetista, Donizeti Nogueira (PT), e Milne Freitas (PT).
Entretanto, Carlos Amastha a ignorou a decisão da executiva nacional do PT e registrou o advogado de Araguaína Célio Moura como seu candidato a vice-governador. A postura deve resultar em uma batalha judicial.