Representante dos internos dos cursos de Medicina das Universidades Federal do Tocantins (UFT), municipal de Gurupi (Unirg) e do Instituto Presidente Antônio Carlos (ITPAC), Victor Lenon conversou com a Coluna do CT para criticar a decisão do Comitê do Internato Médico Interinstitucional (Cimi) em liberar a atuação destes acadêmicos nas unidades de saúde de Palmas devido a pandemia de Covid-19.
Negativas sem explicação
Victor Lenon afirma que o Cimi tem “criado entraves” para que o internato continuasse, que é a última fase da graduação dos acadêmicos de Medicina. Os internos estão desautorizados a atuar desde o dia 16 de março. “Temos tentado dialogar com este comitê, mas está difícil. Só dão negativas para nós e não explicam direito o porquê. Não explicam baseado em dados científicos, epidemiológicos”, comenta o representante.
EPIs é responsabilidade das universidades
Em uma reunião deste comitê, Victor Lenon afirma que as instituições chegaram argumentar que o motivo da desautorização deve-se pelo fato dos acadêmicos não terem equipamentos de proteção individual (EPIs), o que foi criticado. “Pela lei, a universidade deveria prover estes EPIs a seus alunos”, garantiu.
Total capacidade de atuar na pandemia
O representante defende que os internos podem ser um reforço no sistema de saúde. “Somos praticamente médicos. Sob supervisão de alguém formado, temos total capacidade de atuar no combate à pandemia, sendo uma força de trabalho adicional para evitar a sobrecarga do sistema. São 61 alunos neste último ano e estamos parados”, comenta Victor Lenon, acrescentado que somando acadêmicos de outros períodos, a UFT, ITPAC e Unirg tem 191 internos, com 120 sendo favoráveis a liberação das atividades.
Atrasa a formação de novo médicos
Conforme Victor Lenon, a suspensão do internato não apenas priva a rede de saúde de um reforço como também atrasa a formação de novos médicos no mercado de trabalho, citando que o governo federal já editou Medidas Provisórias autorizando a antecipação da formatura para alunos que cumprirem 75% da carga horária do internato.
É covardia privar alunos
Sobre os riscos, Victor Lenon defende que todo acadêmico de Medicina têm ciência da insalubridade da profissão e destaca que os risco à saúde dentro de um hospital não é limitado a Covid-19. “Entramos no curso ciente que nós estávamos submetidos a todo tipo de risco”, disse o representante, que subiu o tom. “É até covarde privar estes alunos do combate a uma pandemia, que é uma situação de crise absoluta. Estão cerceando o direito de aprender com este cenário único”, defende.
Estado não aderiu a programa do governo federal
Uma outra reclamação é a falta do programa “Brasil Conta Comigo” no Tocantins. O governo federal autorizou a remuneração de internos do curso de Medicina que optarem por atuar no combate à Covid-19 em um salário mínimo. “Não sei por qual razão o governo do Estado barrou a instalação”, conta.
Segurança
Em breve manifestação, o comitê reforçou que a decisão foi tomada em conjunto com todos os membros e tem como objetivo “garantir a segurança dos alunos”. O governo estadual também foi acionada para falar sobre a decisão de não aderir ao programa “Brasil Conta Comigo”.
Leia a íntegra da nota da Universidade Federal do Tocantins, membro do Cimi:
“O Comitê é formado por diversas instituições de ensino de graduação em medicina, Escola Tocantinense do SUS, Instituto Presidente Antônio Carlos, Hospital Geral de Palmas, Hospital e Maternidade Dona Regina, Hospital Infantil Público de Palmas. A medida foi tomada em conjunto com os membros do comitê com o intuito de garantir a segurança dos alunos”