A Associação dos Produtores Rurais do Sudoeste do Tocantins (Aproest) enviou material à imprensa nesta sexta-feira, 13, para destacar a atuação as ações que tem promovido para combater os incêndios, em alta neste período de estiagem. A entidade afirma que tem mobilizado os associados a adotarem práticas mais sustentáveis e contribuírem ativamente para a proteção dos recursos naturais da região.
NÃO TEM RELAÇÃO
Presidente da Aproest, Wagno Milhomem garante que o agronegócio não é o culpado pelo cenário. “As queimadas não têm relação com o agronegócio. Pelo contrário, nós, produtores, trabalhamos para preservar o solo e a terra. Após a colheita, mantemos a palhada sobre o solo, sem utilizar fogo, pois isso ajuda a conservar a umidade. Para evitar que o fogo alcance nossas áreas, criamos aceiros, que são barreiras de proteção. Além disso, adotamos o plantio direto, uma técnica que altera minimamente o solo, preservando a estrutura do solo, os microorganismos do solo e ainda mantendo a umidade. Dessa forma, podemos plantar novas culturas sem a necessidade de revolver a terra, garantindo maior produtividade e preservando a matéria orgânica do solo”, esclareceu.
RESPONSABILIDADE PRINCIPAL É DO PODER PÚBLICO
Wagno Milhomem também ressalta que, embora as brigadas de incêndio recebam apoio dos produtores, a responsabilidade principal é do poder público, que dispõe de recursos e orçamento para isso. No entanto, as medidas preventivas no campo são realizadas pelos produtores. “Hoje em dia, queimar a palha representa um grande prejuízo: perdemos matéria orgânica, umidade do solo e produtividade. Existe muita desinformação sobre esse assunto nas áreas urbanas”, acrescentou.
PROFUNDAS REFLEXÕES
O consultor ambiental Almir Rabelo complementa que o produtor rural tem medo do fogo e já tem plena consciência do estrago. “Quando analisamos o que está acontecendo, somos levados a profundas reflexões, especialmente sobre a emissão de carbono, especificamente o CO2 liberado pelas queimadas. Essas queimadas emitem monóxido de carbono pela fumaça e também liberam CO2 em partes que queimam sem emitir fumaça, o que gera grande preocupação”, alerta. Ele também enfatiza que é preciso estar ciente da importância do plantio direto com palha, prática essencial para preservar a umidade e proteger o solo, evitando que a palha seja queimada. “À medida que se decompõe, recicla nutrientes, trazendo benefícios cruciais”, destaca.
QUEIMADAS
Segundo boletim divulgado pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), em 2024, o Tocantins já registrou 11.281 focos de queimadas, com 2.854 ocorrências concentradas apenas na primeira semana de setembro. Os municípios de Lagoa da Confusão (17%), Pium (9%) e Formoso do Araguaia (9%) estão entre os mais afetados, liderando o ranking de ocorrências, com registros variando de 53 a 489 focos em diferentes regiões.