Adalto Ramalho e Eder Pereira são os dois homens presos nessa terça-feira, 14, em Cuiabá (MT), por agentes da 1ª Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (1ª DHPP) de Palmas, sob acusação de serem os executores do empresário Nilton Alcântara Neves, de 60 anos, na Capital, em janeiro do ano passado. Os nomes não foram divulgados pela PC, mas revelados pelo portal G1 e TV Anhanguera, que tiveram acesso ao relatório policial. O assassinato pode ter ligação com o tráfico internacional de drogas.
O homem que aparece no vídeo e que atira no empresário seria Eder Pereira e Adalto Ramalho seria o motorista da fuga, após o homicídio. Adalto é um ex-policial civil de Mato Grosso, demitido do cargo por envolvimento com tráfico internacional de drogas. Segundo a Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP), os dois, recambiados para Palmas ainda nessa terça, já foram ouvidos e conduzidos à Casa de Prisão Provisória de Palmas (CPPP).
CÂMERAS AJUDARAM
O empresário Nilton Alcântara Neves foi morto na noite do dia 25 de janeiro de 2022, na frente da mulher e dos filhos menores. Pelas imagens, os policiais constataram que Eder, o atirador, chegou ao posto numa marginal da TO-050, por volta das 18h30, vestindo uma camisa azul de manga longa, calça jeans e um boné preto. Imagens das câmeras de segurança próximas ao local do crime mostram que, logo após alvejar a vítima, Eder fugiu do local em direção à marginal da TO-050 (sentido sul), passando por dentro do bolsão do estacionamento na Alameda 7, da quadra Arse 75 (712 Sul).
Em meio à fuga, ele se desfez da camisa azul de manga longa que usava, passando a trajar apenas uma camiseta de cor preta que vestia por baixo. As câmeras também possibilitaram verificar que Eder desembarcou de um veículo Voyage, de cor prata, às margens da Rodovia Estadual TO-050, distante pelo menos 200 metros do posto de combustível. O veículo seria dirigido por Adalto. “A partir daí, fizemos um exaustivo trabalho no sentido de identificar as incontáveis possíveis rotas de fuga, analisando centenas de horas de vídeos registrados por câmeras da cidade, até que conseguimos identificar a placa do automóvel e sua respectiva proprietária, que é moradora de Cuiabá e mãe do autor dos disparos. Ela, na verdade, era dona do veículo só no papel. Quem usufruía do bem era o filho dela”, contou o delegado Eduardo Menezes, durante coletiva à imprensa na manhã desta quarta-feira, 15.
Com o autor do crime devidamente identificado, as equipes da 1ª DHPP também realizaram um trabalho de buscas junto à rede hoteleira de Palmas, a fim de averiguar se o autor havia se hospedado em algum estabelecimento. “Verificamos que o proprietário do veículo chegou a Palmas no dia 17 janeiro de 2022 permanecendo na cidade até o dia 26, dia seguinte ao homicídio. Ele ficou hospedado em três hotéis diferentes nesse período”, explicou o delegado, ressaltando que os policiais tiveram o cuidado de comparar as imagens das câmeras de segurança do posto com as imagens obtidas junto aos hotéis, não restando dúvidas de que se tratava da mesma pessoa.
LAVAGEM DE DINHEIRO
Segundo a SSP, relatórios de inteligência financeira do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) apontaram que Eder, o atirador, recebeu R$ 51 mil, oriundos de três contas bancárias, dias após o crime. O delegado Eduardo Menezes afirmou que uma dessas contas tinha uma titular com renda mensal de aproximadamente R$ 2,8 mil, mas que movimentou R$ 60 milhões em um ano. De acordo com ele, “ações típicas de grupos ligados à narcotraficância”.
Assim, o policial explicou que a análise dessas movimentações financeiras suspeitas e outras diligências investigativas feitas pela equipe da Divisão de Homicídios fizeram concluir que os responsáveis pela morte do empresário são membros de uma organização criminosa de tráfico internacional de drogas. “Identificamos os autores do crime e começamos a notar a ligação, principalmente por transferências bancárias entre essas pessoas que tiveram busca e apreensão em suas casas e escritórios, quantias muito altas. Uma assistente administrativo que ganha R$ 2 mil movimentando R$ 87 milhões, e transferindo dinheiro para os autores”, observou o delegado Israel Andrade, informando que já existe investigação em curso tanto da Polícia Federal no Mato Grosso e das Polícias Civil de Mato Grosso e de Pernambuco.
O delegado Eduardo Menezes contou que há “indícios claros de lavagem de dinheiro” e que isso está ligado ao tráfico internacional de drogas. “O que a gente precisa pontuar agora, com o aprofundamento dessas investigações, é se esse tráfico de drogas faz parte da motivação do crime”, disse.
O secretário da Segurança Pública do Tocantins, Wlademir Costa, destacou que novos desdobramentos podem surgir a partir do material apreendido. “É um caso que por sua natureza é complexo, que demanda tempo para investigar. A equipe da 1ª DHPP chegou aos autores do crime, realizou apreensões de documentos durante a operação, que serão devidamente analisados. Agora, a Polícia Civil vai em busca da motivação dos autores para cometer o crime, então, teremos novos desdobramentos”, avisou o secretário. (Com informações da Ascom da SSP)