Com aumento de 177,9% na área desmatada em 2023, em relação a 2022, o Tocantins foi um dos estados com maior crescimento significativo no desmatamento. Os dados são do Relatório Anual do Desmatamento no Brasil do MapBiomas (RAD) e levantados pelo Ministério Público do Tocantins (MPE). Segundo o RAD, o Estado perdeu 230.253 hectares de vegetação nativa, e saiu da 5ª para a 3ª posição entre os maiores desmatadores do país.
CERRADO EM PERIGO
O MPE afirma que o dado acendeu o alerta para o avanço do desmatamento no Cerrado, já que mais da metade de toda a área desmatada no Brasil em 2023 ocorreu neste bioma. O RAD também aponta que três em cada quatro hectares desmatados no Cerrado em 2023 (74%) foram no Matopiba, região que abrange, além do Tocantins, Maranhão, Piauí e Bahia. Juntos, os quatro estados ultrapassaram a área desmatada nos estados da Amazônia Legal e responderam por quase metade de toda a perda de vegetação nativa no país no ano passado.
EXPANSÃO AGRÍCOLA
Para o MapBiomas, o crescimento dos números do desmatamento no Cerrado é resultado da expansão agrícola na região e também do aprimoramento dos sistemas de monitoramento, com a integração do sistema de detecção de alertas SAD Cerrado (IPAM), no ano passado.
PRESSÃO AGRÍCOLA
Segundo o RAD, a pressão da agropecuária foi responsável por mais de 97% da supressão de vegetação nativa no Brasil nos últimos cinco anos. Outros vetores de pressão incluem eventos climáticos extremos, expansão urbana e garimpo. O Matopiba é um desses exemplos. A região atrai grandes investimentos e é considerada uma das grandes fronteiras agrícolas nacional.
ILEGALIDADE
O RAD também demonstrou que em 2023, mais de 93% da área desmatada no Brasil teve pelo menos um indício de ilegalidade. Do total de áreas desmatadas desde 2019, apenas 41,7% tiveram autorização ou ação de fiscalização, o que significa que 58,3% ainda não foram fiscalizados. Este índice representa uma melhora em relação ao último relatório publicado em 2023, que apontava autorização ou ação de fiscalização em 35% da área desmatada desde 2019.
ATUAÇÃO DO MPE
No Ministério Público do Tocantins (MPTO), a tecnologia de monitoramento e levantamento de dados também é um aliado na hora de prevenir e combater essa prática, a exemplo do Painel de Monitoramento de Desmatamentos no Tocantins, desenvolvido pelo Centro de Apoio Operacional de Habitação, Urbanismo e Meio Ambiente (Caoma), por meio do Laboratório de Geoprocessamento (Labgeo).