Nesta segunda-feira, 22, a Secretaria Municipal de Saúde de Palmas (Semus), através da Unidade de Vigilância e Controle de Zoonoses (UVCZ) recolheu um macaco morto na área do Parque Cesamar. Na semana passada, outro animal havia sido encontrado nas proximidades. Com o surto de febre amarela que atinge o Brasil, a contaminação de primatas podem representar uma alerta, isso porque esses animais também são vulneráveis ao vírus. A Semus vai investigar a causa das mortes e também vai recolher mosquitos vetores da doença para verificar se estão infectados.
Segundo a pasta, a equipe técnica da Unidade de Vigilância e Controle de Zoonoses já está fazendo a necrópsia para coleta das vísceras do segundo primata encontrado e o material coletado também será encaminhado ao Laboratório Central do Estado (Lacen).
A Semus informa ainda que esta semana, técnicos da UVCZ realizarão levantamento entomológico no Parque Cesamar, com o intuito de capturar os mosquitos vetores da Febre Amarela (Sabethes, Haemagogus e Aedes aegypti). Os insetos serão encaminhados ao Lacen e, posteriormente ao Instituto Evandro Chagas, no Pará, para verificar se estão infectados pelo vírus amarílico.
Em novembro de 2017, macacos da espécie Sagui também foram encontrados mortos, no município de Pedro Afonso, no quintal da casa de um morador. Nesse caso não foi possível a realização da necropsia nos animais, devido ao alto grau de decomposição.
Histórico endêmico
A Secretaria de Estado da Saúde, em nota ao CT, nesta terça-feira, 23, informou que por ter histórico de registro da circulação viral da febre amarela silvestre em macacos, o Estado do Tocantins é considerado endêmico há décadas.
Conforme a pasta, nas áreas rurais, há maior número de vetores da doença e de primatas. Contudo, nas áreas urbanas, apesar do aglomerado de pessoas, são raros os eventos detectados de circulação viral.
Após 17 anos sem registro de morte por febre amarela silvestre em humano no Tocantins, uma pessoa não vacinada, vinda do Rio de Janeiro, acabou vindo a óbito ao ser infectada pelo vírus. O caso ocorreu em Xambioá, no ano passado.
Grande procura por vacinação
Os recentes casos de mortes pela doença nos Estados como Minas Gerais e São Paulo, além das mortes dos macacos no Estado, têm resultado em uma grande procura por vacina nos postos de saúde.
Em Palmas, a Central de Vacinas da Secretaria Municipal de Saúde (Cemuv/Semus) reitera que não há motivos para pânico e nem correria aos centros de saúde da comunidade, uma vez que o Tocantins sempre fez parte da área com recomendação de vacinação. Mesmo assim, para atender aquelas pessoas ainda não imunizadas, a Cemuv informa que todos os dias haverá oferta de vacinas.
“Como é uma vacina de rotina, cada centro tem seu dia estabelecido para administrar essas doses, uma vez que cada frasco equivale a dez doses que devem ser administradas no mesmo dia para não termos perda de vacina. Mas como a procura tem sido grande nos últimos dias, estamos orientando os vacinadores a abrir os frascos todos os dias enquanto a população estiver com essa demanda pela vacina”, explica a enfermeira da Cemuv, Juliana Araújo.
A vacina contra febre amarela pode ser tomada por pessoas entre nove meses e 59 anos. Acima de 59 anos é necessário avaliação médica. Na sexta-feira, 19, a aposentada Maria Antônia Izu procurou o Centro de Saúde da Comunidade da Arso 41 para se imunizar. “Eu vim vacinar hoje, mais como medida de precaução, pois vimos na televisão que tem muitos casos em São Paulo e eu vou viajar para lá também e eu já quero ir prevenida”, disse.
A estudante Marília Jaci Azevedo, 20 anos, perdeu o cartão de vacina e na dúvida procurou a unidade de saúde. “A procura da vacina contra febre amarela foi porque eu não tinha certeza se eu tinha tomado ou não, pois perdi meu cartão de vacina, e devido às últimas notícias eu achei melhor me informar na unidade e consegui me vacinar”, afirmou.
A professora Isabel Cristina Brasil é mãe do pequeno Isaac de um ano, que também foi imunizado contra febre amarela. “Eu vim aqui no centro de saúde para vacinar meu filho, pois é a época certa para ele ser imunizado. O Brasil está apavorado com essa questão da vacina de febre amarela, nós aqui do Tocantins somos privilegiados com a dose integral porque em outros estados elas estão sendo limitadas”, ressaltou.
Confira os centros de saúde que oferecem vacina contra febre amarela:
CSC Arno 33
CSC Arno 41
CSC Arno 42
CSC Arno 61
CSC Arno 71
CSC Arse 13
CSC Loiane Moreno
CSC Arne 53
CSC Arne 64
CSC Arso 41
CSC Arse 75
CSC Arse 82
CSC Arse 101
CSC Arso 111
CSC Valéria Martins (Arse 122)
CSC Arse 131
CSC Jardim Taquari
CSC Lago Sul
CSC Liberdade (Jardim Aureny III)
CSC Laurides Milhomem (Jardim Aureny III)
CSC Novo Horizonte (Jardim Aureny IV)
CSC Alto Bonito (Jardim Aureny IV)
CSC Eugênio Pinheiro (Jardim Aureny I)
CSC Jardim Aureny II
CSC Santa Bárbara
CSC José Hermes Damaso (Setor Sul)
CSC Bela Vista
CSC Morada do Sol
CSC Santa Fé
CSC Taquaruçu
CSC Buritirana.
Alerta
Caso a população encontre macacos mortos ou doentes, deve informar o mais rapidamente ao serviço de saúde do município ou do Estado onde vive.
Os macacos podem representar um alerta às autoridades quanto à incidência de febre amarela. Isso porque esses animais também são vulneráveis ao vírus, e a detecção de infecções em macacos ajuda na elaboração de ações de prevenção da doença em humanos.
O pesquisador e presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia (SBP), Danilo Simonini Teixeira, também alerta que os macacos não são responsáveis pela transmissão da doença, que ocorre pela picada de mosquitos.
“Esses animais estão sendo mortos por conta de medo da população humana em relação à transmissão do vírus. Se você mata os animais, vai haver um prejuízo, porque a vigilância não vai ser feita devido ao óbito daquele animal por uma pessoa”, ressaltou. (Com informações da Secom Palmas, da Secretaria de Saúde do Estado do Tocantins e do Portal Brasil)
Confira a íntegra da nota da Sesau:
“Por ter histórico de registro da circulação viral da febre amarela silvestre em macacos, o estado do Tocantins é considerado endêmico há décadas.
Nas áreas rurais, há maior densidade vetorial e de primatas. No entanto, a população humana é bastante reduzida. Nas áreas urbanas, apesar do aglomerado de pessoas, são raros os eventos detectados de circulação viral.
No Tocantins, houve uma confirmação de morte por febre amarela silvestre em humano, não vacinado (em Xambioá, 2017), vindo do Rio de Janeiro. Há 17 anos o Tocantins não registrava caso de morte por febre amarela em humano.”