Os secretários de Saúde do Tocantins, Afonso Piva, e da Capital, Thiago De Paula Marconi, tiveram um embate nesta sexta-feira, 12, ao participarem da 1ª edição do Jornal Anhanguera, da rede Globo. Na pauta, a morte de Aurilene Lima da Silva, de 41 anos, em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), esperando por uma vaga no Hospital Geral de Palmas (HGP). O município alega não ter conseguido a regulação dela para a unidade estadual a tempo, gerando revolta da prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB).
UPA DEVERIA TER SALA DE ESTABILIZAÇÃO
O principal ponto de debate esteve na relação entre a demora do Estado em receber pacientes da Capital e a falta de apoio do próprio município para que ajude no fluxo de atendimentos. Afonso Piva defendeu que a UPA do caso de Aurilene Lima é de porte 8, e que “teria que ter uma sala de estabilização e deveria atender este paciente até liberar a vaga do HGP. “É o porte da UPA, eles recebem recursos para isto”, defendeu o secretário estadual.
PACIENTES QUE VÃO PARA HGP SEM NECESSIDADE TIRA VAGA DE QUEM PRECISA
Em relação à ocupação da rede estadual, Afonso Piva defendeu a importância do sistema de regulação, que, segundo destacou, apresenta dados importantes como o “número de pessoas que não deveriam ir para o HGP”. “Quando vem um paciente sem necessidade para o porte do Hospital Geral de Palmas, eu tiro oportunidade para pacientes igual esta senhora”, pontuou. Para ilustrar, o gestor cita que na quinta-feira, 11, dos 18 pacientes de ortopedia na unidade – principal gargalo -, metade precisou apenas de uma tala. “Que poderia resolver na UPA”, reforçou.
SALA VERMELHA LOTADA
Em relação a Aurilene Silva, Afonso Piva informou que, na ocasião, a ala de emergência, que deveria recebê-la, já estava operando acima da capacidade, mas reforça que a UPA deveria ter uma sala de estabilização para mantê-la até que as vagas fossem liberadas. “Neste caso da paciente, a minha quantidade na sala de vermelha é para 6 pacientes, tinham 8 naquele momento. Automaticamente, com o porte da UPA, ela deveria estar estabilizada lá”, repetiu.
REGULAÇÃO DEVE OCORRER EM 24 HORAS
Já Thiago de Paula Marconi bateu na tecla que o paciente deveria ser regulado para a unidade estadual em até 24 horas, conforme estabelece uma regulação do Ministério da Saúde. Entretanto, o gestor lista que a Capital chega a registrar esperas de até seis dias. O secretário também afirmou que a rede municipal não tem capacidade para atendimentos de alta complexidade. “A gente consegue fazer um paliativo, nosso tratamento é ambulatorial, mas um serviço mais complexo não conseguimos fazer na UPA”, admitiu.
PALMAS VAI CREDENCIAR HOSPITAIS PARA ORTOPEDIA
Em seguida, o secretário aproveitou para destacar que o Paço tem se movimentado para ajudar neste fluxo de atendimentos, com planos de fazer atendimentos na área ortopédica, principal gargalo e que já é tema de ação judicial. “A gente vem trabalhando, temos uma ordem da prefeita [Cinthia Ribeiro, PSDB] para que faça um credenciamento de ortopedia. São a maioria dos nossos casos, 70%. Vamos fazer a regulação direto do município para hospitais credenciados. A gente está abrindo vagas para 10 hospitais e clínicas”, revelou Thiago Marconi, citando um prazo de 10 dias para a resolução.
PREFEITA NÃO ESTÁ FAZENDO MUITA QUESTÃO
Afonso Piva voltou a ter a palavra e partiu para a ofensiva. “Thiago está se esforçando, talvez a prefeita não está”, chegou a afirmar. O tom do secretário estadual veio depois de criticar o fato da movimentação do Paço acontecer agora, enquanto o Estado contratualizou 48 leitos na rede privada, ampliou outros 30 no HGP e reforma a sala vermelha para mais do que dobrar a capacidade. “Fico com dó dele, porque parece que a prefeita não está fazendo muita questão”, emendou.
CULPA NÃO É DE PALMAS
Thiago de Paulo Marconi foi o último a falar, aproveitando para isentar a responsabilidade do município no caso e garantir ações para solucionar o imbróglio. “Quero deixar claro, a prefeita quer estabelecer que a culpa não é de Palmas. Juridicamente sabemos que o respaldo seria o HGP. Juridicamente a gente vê que está resolvido, mas a gente não quer saber disto. A ordem é para que resolvamos. Estamos trabalhando 24 horas. De imediato, são os atendimentos de ortopedia”, reforçou.