O Conselho Regional de Medicina (CRM) abriu uma sindicância para apurar a morte de mãe e filho na quarta-feira, 30, no Hospital e Maternidade Dona Regina (HMDR). Familiares questionam o atendimento pela unidade de saúde. O presidente do CRM, Eduardo Pinto Gomes, falou sobre o procedimento aberto. “Quando ocorre um óbito assim, ainda que a gente esteja em um cenário de dificuldades [no HMDR], não se pode apontar de imediato as causas. Isso tem que ser apurado, todos os fatores, a condição do paciente, do médico e as questões do momento. Mesmo em um momento de crise, não dá para prejulgar. Então, o conselho vai levar à frente esta investigação e mais para frente vai ter algum posicionamento”, revelou.
EXTINÇÃO DO TETO DE HORAS CORRIGE UM ERRO
Eduardo Gomes também fez uma avaliação das mais recentes medidas do governo estadual para combater a falta de profissionais nas unidades de saúde do Tocantins, com o HMDR entre os casos mais graves, como já tinha apontado o CRM. A extinção do teto de horas para a contratação de médicos especialistas foi vista com a “correção de um erro”. “É um erro que foi cometido lá atrás e que gerava injustiças entre a classe, porque a gente sabia que este número de horas possíveis não contemplava toda a demanda do Estado, nem todo o número de especialistas. A gente via situação de desvantagem com seus pares”, argumentou.
LIMITAÇÃO DAS HORAS PODE TER FAVORECIDO E POTENCIALIZADO ATUAL CENÁRIO
O presidente do CRM ainda defendeu que esta medida deveria ter sido tomada antes, o que poderia até diminuir as atuais dificuldades da rede hospitalar. “A gente vê como uma correção e entende que essa medida [a limitação de horas] lá atrás talvez tenha favorecido e potencializado o que nós estamos vivendo hoje: evasão de colegas, esse desânimo em vestir a camisa do Estado. É a correção de um erro que foi cometido e esperamos que o Estado tenha, de agora para frente, mais atenção a toda essa questão”, acrescentou.
TABELA DE IPO PARA DONA REGINA É DECISÃO ACERTADA, PENA QUE NÃO VEIO ANTES
A nova tabela de Indenização por Procedimentos Obstétricos (IPO) exclusiva para o HMDR também foi vista com bons olhos. “É uma decisão muito acertada. Dona Regina é uma instituição que tem suas peculiaridades, drena uma população de pacientes de maior complexidade, gestantes com problemas de saúde associados, fetos prematuros ou com problemas também de saúde ao nascer, e isto demanda profissionais altamente qualificados. A gente tem que entender que, na medida que a complexidade sobe, exige-se mais formação e este serviço demanda mais aporte, mais recurso e mais valorização”, argumenta
CLAMOR POR CONCURSO É REFORÇADO
Por fim, Eduardo Gomes voltou a cobrar medidas mais assertivas para solucionar de vez o problema da saúde pública. Novo concurso é um ponto crucial na avaliação do médico. “Quero pontuar também que essas medidas servem como emergenciais, mas o governo precisa refletir mais para médio e longo prazo. Para isso, reforço a necessidade de fazer concurso. Nós estamos há 14 anos sem termos concurso para classe médica e a gente precisa concursar para fidelizar aqui no Estado o profissional de alta qualidade”, argumenta.