Dois irmãos acusados de envolvimento no estupro e morte da professora Isabel Barbosa Pereira foram inocentados pelo Tribunal do Júri, na sexta-feira, 20. O crime, que teve grande repercussão no Estado, ocorreu em Xambioá, em 2009.
Após quase 14 horas de julgamento, os jurados entenderam que Ronisley Mendes da Silva e Antônio Batista da Silva, cunhados da vítima, não participaram do crime.
Ao CT, o advogado criminalista Wendel Araújo de Oliveira disse que a acusação não conseguiu comprovar a culpa dos acusados. “Ficou comprovado que foi uma imensa de uma armação, por isso, os jurados os consideraram inocentes”, afirmou.
Para o advogado, a investigação foi feita de forma “fraudulenta” e “mal feita”. “Não tinha nenhuma prova, como não tem de nenhum acusado. O maior erro Judiciário do Estado do Tocantins em matéria penal”, argumentou. Ele fala ainda em processo “montado” e “história criada” para dar nome a culpados. “Mas o tempo está colocando as coisas em seu devido lugar e a justiça está sendo feita”, ponderou.
Julgamentos
O Ministério Público acusou dez pessoas no caso da professora Isabel. Sérgio Mendes da Silva (marido da vítima), Wagner Mendes da Silva (cunhado), Roseli Francisco Alves da Silva, Ronaldo Espíndola Silva e Anderson de Araújo Souza foram julgados e condenados. Mas segundo o advogado criminalista, o julgamento pode ser anulado.
O primeiro veredito aconteceu no dia 11 de junho de 2015. Anderson foi condenado a 28 anos de prisão por homicídio e estupro. Wagner e Roseli foram condenados a 15 anos pela morte e mais sete por estupro. Sérgio foi condenado a sete anos e seis meses de prisão por estupro e absolvido pelo crime de homicídio.
Apenas Wagner Mendes continua preso. Anderson Souza chegou a ser preso, mas fugiu da cadeia pública de Xambioá, em agosto de 2015, após serrar as grades da cela e pular o muro da unidade. Antônio também estava de volta a prisão desde janeiro deste ano, mas foi solto após o julgamento, na sexta.
Ainda faltam ser julgados o ex-prefeito de Xambioá Clênio da Rocha Brito, Vilmar Martins Leite e Jenner Santiago Pereira. “O destino deles será a absolvição também”, prevê Wendel de Oliveira.
Entenda
O crime ocorreu no dia 28 de junho de 2009. Isabel foi encontrada morta em um terreno baldio no centro de Xambioá, com sinais de violência. Ela, que na época tinha 34 anos, deixou três filhos.
Isabel era mulher do lavrador Sérgio Mendes, que teria supostamente sido beneficiado durante a campanha eleitoral de 2008, por uma doação ilícita de um pulverizador agrícola em troca de voto. O fato culminou na cassação do mandato do prefeito eleito em Xambioá, Richard Santiago Pereira (MDB) e , segundo o MPE, também ao assassinato da vítima.
A Procuradoria sustenta que Isabel foi assassinada depois de ameaçar que denunciaria o esquema para que Sérgio depusesse no Ministério Público Federal contra o então prefeito. O depoimento resultou na cassação do político. Conforme o MPE, Sérgio teria recebido R$ 40 mil e Isabel o teria pressionado a dividir o dinheiro com ela.