Um policial militar acabou morto na noite desta quinta-feira, 26, após ação da Polícia Civil (PC) para responder queixa de volume automotivo acima do limite permitido pela Legislação. Segundo o Sindicato dos Delegados (Sindepol), o sargento José Maria Rodrigues Amorim acabou alvejado por três tiros por ter apontado a arma para a equipe da PC sem se identificar como sendo membro da PM. Apra pede apuração de episódio e prisão preventiva dos envolvidos.
Em nota, o Sindepol revela que a ação foi comandada pelo delegado Cassiano Ribeiro Oyama, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que estava acompanhada de outros dois agentes. O sindicato narra que o sargento da PM estava ingerindo bebida alcoólica em bar de Taquaralto quando a equipe chegou em resposta a uma queixa.
Ainda conforme o Sindepol, ao ser abordado, José Rodrigues teria mostrado uma arma de fogo sem se identificar que era policial. O delegado e os agentes teriam ordenado o sargento a largar a arma, mas em resposta, a pistola teria sido apontada aos policiais civis, que acabaram por repelir a ação com três tiros, cada um disparado por um membro da equipe.
“Asseguramos de que o delegado Cassiano Oyama cumpriu todos os protocolos necessários para a abordagem e que lamentamos profundamente a morte do sargento, mas reafirmamos que ele, assim como todos os cidadãos devem cumprir as leis e seguir os protocolos de segurança, neste caso José Amorim deveria ter abaixado o som do carro, se identificado e cumprido as ordens dos policiais civis”, argumenta Sindepol na nota.
O sindicato relata ainda que o delegado e os agentes prestaram socorro a José Rodrigues e se apresentaram a delegacia para a entrega das armas de fogo e realização dos procedimentos cabíveis. “Todos os policiais civis envolvidos já estão à disposição da Corregedoria da Polícia Civil que instaurou investigação e irá apurar o ocorrido”, conclui.
“PC arbitrária e despreparada”
A Associação dos Praças Militares do Estado do Tocantins (APRA) reagiu e também por nota repudiou o que chamou de “atuação arbitrária e despreparada” da equipe da PC. A Apra relata que José Rodrigues estava no momento de folga durante a ação.
De acordo com a Apra, o terceiro disparo teria ocorrido quando o policial “já se encontrava abatido no chão”, e somente após isto a PM foi acionada. “Sargento Rodrigues não efetuou um único disparo contra os policiais civis, mas foi brutalmente alvejado pelos agentes sem direito a defesa”, reforça a associação.
A Apra destaca já haver histórico de confusão de Cassiano Oyama com a corporação. “O delegado envolvido no atentado contra o sargento Rodrigues foi o mesmo que há um ano, de maneira desrespeitosa e desmedida, invadiu o quartel da PM em Paraíso para executar um mandado de prisão contra policiais. Invadiu a segunda casa dos militares sem qualquer comunicação prévia com o Comandante Geral, com o comandante do Batalhão ou com os militares pertencentes a unidade”, relembra.
Ao criticar duramente a ação, a Apra afirma que a Polícia Civil não tem competência para atender a queixa. “De maneira arbitrária e desumana, o delegado e sua equipe usurparam uma função que não lhes cabia, atentaram contra a vida de um grande profissional da segurança pública, pai de família, e cidadão tocantinense. Cabendo destacar aqui que em ocorrências de transtorno a ordem pública, incluídos os casos provocados por infração sonora, os órgãos competentes a serem acionados seriam a Polícia Militar ou a Guarda Metropolitana”, reforça.
Diante do episódio, a Apra cobra apuração rigorosa do caso por parte dos órgãos competentes, exigindo que Ordem dos Advogados, Ministério Público e Direitos Humanos apresentem a “mesma habilidade” apresentada no caso em que a PM alvejou superficialmente o delegado Marivan da Silva Souza em procedimento padrão.
“A APRA-TO espera que os órgãos competentes tomem providências para que seja solicitada a prisão preventiva dos policiais civis envolvidos no atentado à vida do Sargento Rodrigues, sendo tal medida indispensável para se tenha uma investigação isenta, com o objetivo de que seja feita justiça e os culpados sejam responsabilizados e devidamente punidos”, conclui a associação.
Leia abaixo a íntegra das notas:
“Nota do Sindepol/TO em apoio ao Delegado Cassiano Ribeiro Oyama
O Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Tocantins, (Sindepol/TO) vem a público manifestar apoio ao Delegado de Polícia Civil Cassiano Ribeiro Oyama, que no exercício da sua função na noite desta quinta-feira, 26, abordou José Maria Rodrigues Amorim, Sargento da Polícia Militar do Tocantins, que estava em um bar na região de sul de Palmas, ingerindo bebida alcoólica e com o volume do som do carro acima do permitido por lei.
A equipe comandada pelo Dr. Cassiano, Titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa – DHPP de Palmas, abordou José Amorim, o qual não se identificou como sendo Sargento da Polícia Miliar e mostrou uma arma de fogo aos policiais civis. Imediatamente os policiais, todos caracterizados, verbalizaram dizendo serem da Polícia e ordenando que José Amorim soltasse a arma.
José Amorim não obedeceu à ordem e apontou sua pistola em direção a equipe da Polícia Civil. O delegado e os agentes repeliram a injusta agressão efetuando três disparos, um de cada policial.
Asseguramos de que o Delegado Cassiano Oyama cumpriu todos os protocolos necessários para a abordagem e que lamentamos profundamente a morte do Sargento, mas reafirmamos que ele, assim como todos os cidadãos devem cumprir as leis e seguir os protocolos de segurança, neste caso José Amorim deveria ter abaixado o som do carro, se identificado e cumprido as ordens dos policiais civis.
Esclarecemos ainda que o Delegado Cassiano Oyama juntamente com os agentes prestaram socorro à vítima, e se apresentaram a delegacia para a entrega das armas de fogo e realização dos procedimentos cabíveis.
Todos os policiais civis envolvidos já estão à disposição da Corregedoria da Polícia Civil que instaurou investigação e irá apurar o ocorrido.
Mozart Felix
Presidente do Sindepol/TO”
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