Os Núcleos Especializados de Questões Étnicas e Combate ao Racismo (Nucora) e o da Defensoria Pública Agrária (DPagra) estiveram na região do Jalapão visitando as comunidades quilombolas e moradores da zona rural para averiguar as condições de vida das pessoas que moram nas localidades. Entre os dias 21, 22 e 23 deste mês, os defensores estiveram na cidade e na zona rural de Mateiros e São Félix, onde se reuniram com líderes, autoridades e quilombolas das comunidades Rio Novo, Boa Esperança e Prata. Qualidade do transporte público e das estradas foram as principais reclamações.
EXCLUSÃO SOCIAL
Coordenador do DPagra, o defensor Fabrício Silva Brito, alegou ter constatado que a maioria das comunidades vivem em situação de exclusão social, em especial pela dificuldade de acesso a políticas públicas básicas. “É assustador pensar que estamos no século XXI e muitas famílias vivem sem acesso à energia elétrica. A falta de transporte público e de estradas de qualidade também é um fator de exclusão social. Há famílias quilombolas que só conseguem chegar em suas casas montadas em cavalos. Ouvimos o relato emocionado de um adolescente dizendo que fica mais tempo na estrada do que na escola. Chorando o adolescente disse que os ônibus são de péssima qualidade, pois sequer possuem janelas. Os alunos chegam sujos nas aulas. Ficou claro o sofrimento emocional por que passam crianças e adolescentes, o que certamente reflete negativamente no processo de aprendizagem”, contou.
MAIS PONTES PRECISAM SER CONSTRUÍDAS
Outra questão, conforme apontado pelo coordenador do Nucora, defensor Arthur Luiz Pádua Marques, é a necessidade de construção de pontes que vão dar acesso à ponte que foi construída depois da ação civil pública proposta pela Defensoria, no Rio Soninho, que liga a comunidade de Boa Esperança a São Félix. “Para chegar em Mateiros tem várias pontes a serem feitas, nós já temos procedimento sobre isso, colhemos informações e fixamos o prazo de 60 dias para essas pontes serem construídas e entregues à população. Fora isso, também tem outras pontes que ligam o Jalapão à Bahia, na estrada que vai pra Vila Panambi, pontes danificadas, que também fizemos esse levantamento e vamos propor medidas administrativas, extrajudiciais. E caso não seja solucionado esses problemas identificados aqui, nós vamos propor ações coletivas”, explicou.
USO DE AGROTÓXICOS
Ainda na região, outra situação constatada pela Defensoria são os desmatamentos e uso de agrotóxicos, prejudicando as famílias que moram e utilizam as águas dos rios para sobrevivência. A situação foi, inclusive, a convite do órgão, acompanhada pelo Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins). Arthur Pádua relatou que há uma fila de pacientes esperando por exames e consultas com especialistas. “A população aqui tá sem transporte, o transporte da saúde está prejudicado, muita gente reclamando que a prefeitura não consegue levar esses pacientes. E nós vamos agora fazer um contato com a Secretaria da Saúde para ver esse passivo de pacientes aqui do Jalapão que está aguardando exames e procedimentos cirúrgicos”, afirma.